Topo

'Me sinto em um looping em que não tenho muito sossego', diz Maju

Maju Coutinho  - Reprodução/TV Globo
Maju Coutinho Imagem: Reprodução/TV Globo

Do UOL, em São Paulo

11/04/2021 08h15

Assumir a posição de âncora do Jornal Hoje, da TV Globo, e pouco tempo depois encarar uma pandemia deixou a jornalista Maria Julia Coutinho com a sensação de estar em um "looping".

"Eu me sinto às vezes em um looping em que não tenho muito sossego", disse a jornalista e entrevista ao jornal O Globo, comentando sobre as criticas a algumas falas durante a cobertura da crise sanitária. No telejornal, ela defendeu a necessidade de isolamento social no pico da pandemia, foi criticada e se desculpou pela "expressão infeliz".

A jornalista relata a dificuldade que é dar notícias em um momento de incertezas como o de uma pandemia.

"É uma linha tênue. Não posso ser fria a ponto de ignorar o que está acontecendo nem ser dramática demais. Às vezes acerto, às vezes não, mas sinto essa corda bamba na comunicação de um negócio que é tão trágico que você também às vezes pode se anestesiar de tanto medo", afirma.

Nesse "looping" citado, ela também inclui os ataques racistas sofridos em 2015 e as fakes news das quais é frequentemente alvo.

"Gente, eu sou sustentável, mas há três anos que apareço com o mesmo biquíni!", brinca ela sobre as fotos dela na praia do Leblon, no Rio, sem máscara que circulam nas redes sociais como se tivessem sido tiradas em 2020, quando na verdade são de 2019, antes da crise do coronavírus.

Alvo de comentários racistas em 2015, ela acionou a justiça, o que resultou na condenação de dois acusados. "Para quem está acostumado a sofrer racismo desde pequena, apesar de ser uma coisa horrorosa não é algo que derrube, porque você já está meio com a casca dura de levar no lombo", diz. "Não significa que eu não sofra", afirma.

Na entrevista, ela conta que se reconheceu negra desde muito pequena, graças ao pais que sempre foram envolvidos no movimento negro. Ela relembra um episódio de um amigo-secreto — que ela chama de "inimigo-secreto" — onde recebeu um bilhete de um colega com a pergunta: "Por que você não passa um condicionador nesse cabelo?".

"Espero que as crianças que estão chegando agora encontrem um caminho diferente", completa ela.