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Gaby Amarantos rebate cobrança por posicionamentos: 'Silêncio já diz muito'

Gaby Amarantos reclamou de quem exige posicionamentos de mulheres negras - Reprodução/Instagram @gabyamarantos
Gaby Amarantos reclamou de quem exige posicionamentos de mulheres negras Imagem: Reprodução/Instagram @gabyamarantos

Do UOL, em São Paulo

23/04/2021 17h43Atualizada em 23/04/2021 18h49

Gaby Amarantos afirmou, em entrevista à atriz e apresentadora Carolina Ferraz, que considera violento o hábito de cobrar posicionamentos de mulheres negras sobre casos de racismo e machismo.

Uma das coisas mais violentas que você pode fazer para uma pessoa, principalmente para uma mulher negra que já tem tantas vulnerabilidades e questões para lidar, é cobrar posicionamento sobre um caso de racismo, feminicídio, ou qualquer questão. É tão difícil se manifestar, que as vezes o silêncio já diz muito.
Declarou a cantora paraense.

O papo faz parte da estreia do novo programa de entrevista de Carolina Ferraz no YouTube, o "She is The Boss" (do inglês, ela é o chefe), que estreou hoje às 18h. A ideia é inspirar mulheres a criar e administrar seus próprios negócios e projetos pessoais.

Gaby Amarantos foi entrevista na estreia do novo programa da Carolina Ferraz - Reprodução - Reprodução
Gaby Amarantos foi entrevista na estreia do novo programa da Carolina Ferraz
Imagem: Reprodução

Durante a conversa, a apresentadora reforçou que levantar bandeiras políticas nem sempre significa carregar no discurso algum conteúdo concreto.

As pessoas precisam entender que viver é um ato político. Você escolher um figurino é um ato político. Você estar aqui conversando comigo sobre isso, sobre ser dona da sua vida e da sua carreira, é um ato político. As pessoas não deveriam esperar que você ficasse levantando bandeira, porque tem gente que levanta bandeira, e é vazia, é apenas um gesto e não significa nada concreto.

Para ela, o fato de Gaby Amarantos ser uma mulher negra, da periferia, do Norte, que conseguiu montar uma carreira, já é por si só um ato político.

Eu acho que você estar aqui, sendo você, como você disse, uma mulher que veio da periferia, uma mulher negra, e você se estabelecer como uma artista de importância nacional e internacional, trabalhar com todas as pessoas com que você trabalhar, ter todos os prêmios que você já teve, ser absolutamente dona da sua carreira, você compõe, você canta. O que mais essa pessoa precisa fazer para se expressar politicamente? Eu não sei.

Gaby Amarantos, dona de sucessos como "Ex Mai Love" e "Tchau", também lembrou da vez em que um produtor se recusou a trabalhar com ela por achar "muito difícil trabalhar com mulheres".

Lembro de uma vez que fui até Recife ter uma reunião com um empresário e ele falou 'estou vendo que você é determinada, mas o problema é que vocês levam muito tempo para fazer maquiagem e a gente investe dinheiro e vocês engravidam, aí o dinheiro todo vai embora. Para mim é muito difícil trabalhar com mulheres'. Eu falei 'eu que vou ter que fazer a parada, não vai rolar'. Aí eu fiz meu primeiro DVD.

A cantora paraense também deixou um recado para todos os artistas do Norte do Brasil que pretende fazer sucesso e furar a bolha local ao reforçar a importância de defender o legado e a cultura da Amazônia.

Não é sobre a Gaby Amarantos, mas é sobre falar de todo o movimento musical da Amazônia, da Região Norte, desse lugar que precisa dessa representatividade, precisa que a gente olhe com carinho pra tudo o que esse lugar representa gastronomicamente, economicamente, politicamente, artisticamente. Não se deixem abater pelos nãos, porque eles sempre vão existir.