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Luciano Huck critica governo: 'Não tem capacidade de execução'

Luciano Huck no "Papo de Segunda" - Vídeo/Reprodução
Luciano Huck no "Papo de Segunda" Imagem: Vídeo/Reprodução

Colaboração para o UOL

07/06/2021 23h22Atualizada em 08/06/2021 00h52

Sem citar nomes diretamente, Luciano Huck teceu críticas ao atual governo enquanto falava sobre seu documentário, "O Ano Que Não Terminou", lançado hoje.

"A gente tem um governo que não tem capacidade de execução, as coisas vão ficando pelo caminho", comentou o apresentador durante participação no "Papo de Segunda" de hoje. Huck foi o convidado da atração, com o objetivo de debater a obra já disponibilizada.

"Esse negacionismo todo que a gente tem vivido nos cega um pouco na questão de procurar as coisas. A gente ouve os absurdos que tem por aí e fica em estado de choque", comentou Huck em outro momento, durante a discussão de sua produção.

Perto do fim do programa, Luciano também voltou a falar sobre a atuação situação do país. "Hoje o Brasil não tem capacidade de liderar nenhuma agenda global. Mas se você parar pra pensar o que a gente fez no século passado. O Brasil tinha respeito na arquitetura, na arte, na música, na ciência. (...) A gente perdeu a capacidade de liderar qualquer agenda global."

O apresentador afirmou ainda que não citou nomes por não querer "fulanizar" o problema.

Documentário "O Ano Que Não Terminou"

Luciano Huck abriu o bate-papo falando sobre seu documentário lançado hoje na Globoplay - inclusive para não assinantes- , "2021: O Ano Que Não Começou". A produção traz temas como desigualdade, educação, política, racismo e antirracismo, capitalismo e família.

Questionado o quanto a pandemia influenciou no documentário, Huck revelou: "Eu já vinha num incomodo crescente tentando entender como a gente poderia endereçar soluções importantes.(...) As coisas que já vinham dando errado se aceleraram exponencialmente (com a pandemia). Decisões boas e ruins de governos que poderiam levar 10 anos, aconteceram. (...)", contou, complementando sobre a vontade de mudar que isso lhe causou. "Ao invés de ficar amarrado ao negacionismo, ficar angustiado, ao invés de sofrer, vamos jogar luz."

Huck comentou a respeito do conteúdo do documentário e esclareceu qual o seu ponto de partida. "Apoiar solidariedade. Apoiar quem tava na ponta, quem tava se movimentando. De outro lado comecei a buscar ideias: como a gente soluciona as coisas? Como a gente repensa o capitalismo, a educação, a tecnologia? Como se constrói uma renda básica?"

O apresentador voltou a falar da pandemia em seguida. "A pandemia trouxe temas pras primeiras páginas do jornal que antes não vinham - favela, desigualdade, racismo. (...) Em vez de ficar reclamando da vida, vamos pensar ideias, soluções, não minhas, mas de muita gente competente."

Ao ser perguntado a respeito da redistribuição de renda, citada no documentário, Luciano comentou o que defende. "Desconheço qualquer sistema que tenha tirado mais gente da pobreza que o capitalismo, porém ele gerou uma desigualdade abissal que a gente tá vivendo. Não tô falando de tirar do rico e dar pro pobre, essa discussão é muito limitada. Não é isso que a gente tá dizendo. Você tem que construir uma sociedade onde a educação, antes de tudo, seja igualitária."

Desplataformização

Huck também comentou sua opinião a respeito da desplataformização - o ato de banir das redes sociais pessoas que estão desrespeitando as regras das mesmas em seus discursos.

"Um das maiores conquistas que a gente tem na sociedade moderna é a democracia. É uma conquista muito importante. As redes sociais nasceram de uma coisa meio disruptiva. Elas nascem da não regulação, mas chegou um momento em que a não regulação começou a gerar ameaças a democracia", esclareceu Luciano.

O apresentador usou o caso do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para pontuar sua opinião sobre o assunto. "O Trump incentivou a violência, agrediu a democracia, fez várias coisas criminosas. Tudo isso que a gente sabe. Então sim, acho legitimo banir das redes sociais quem tá fazendo mal pra sociedade como se estivesse assaltando, roubando."

"Eu não tenho medo da gente ter um golpe militar, que você tenha tanques na praça dos 3 poderes. Meu perigo é esse golpe cupim. E aí você vai corroendo a democracia por dentro. Pessoas eleitas pelo voto desvirtuado pela temperatura das redes porque tudo vira informação deturpada. E aí você vai corroer a democracia", finalizou Huck.

Fotos "amaldiçoadas"

Ao final do programa, Luciano Huck comentou sua "fama" de ter fotos com diversas pessoas que se envolveram em situações delicadas e contou como lida com isso.

"Eu acho que você não se posicionar muitas vezes significa que você tá compactuando. (...) As fotos que me enchem a paciência são de gente que na época eu não sabia que tinha feito errada ou ainda não tinha feito. Não tenho problema com isso, sou um cara de rua. Quanto mais você se expõe, mais riscos você corre. Sempre me arrisquei, não tenho medo do debate, de trocar ideia. Mudo de opinião quando tenho que mudar", declarou o apresentador.

O "Papo de Segunda" vai ao ar toda segunda-feira, às 22h30min, no GNT.