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Morre irmã do rapper Criolo em decorrência da covid: Boa mãe, filha e irmã

Cleane Gomes era irmã do rapper Criolo - Reprodução/Instagram
Cleane Gomes era irmã do rapper Criolo Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, em São Paulo

08/06/2021 09h22Atualizada em 09/06/2021 18h06

A professora, artista circense e irmã do rapper Criolo, Cleane Gomes, morreu em decorrência da covid-19 no último sábado (5), aos 39 anos. Ela lecionava no CapsArts (Centro de Arte e Promoção Social do Grajaú), segundo o Sindsep (Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo).

A mãe da artista e do cantor, a poetisa Maria Vilani, lamentou a morte da filha e disse que sempre sonhou em ser mãe de uma menina — além de Kleber (o Criolo), Clayton, Cleon e, depois, de Maria Aparecida.

Papai do céu presenteou-me com dois meninos maravilhosos, e depois de sete anos você chegou, depois de uma gravidez muito difícil, pois parecia que você não queria vir a esse mundo, mas aceitou a missão para fazer-me feliz. Você chegou por meio de parto normal, o mais suave possível, o parto que menos doeu. Você iluminou a minha vida de sofredora de favela, e por você seu pai moveu o mundo para sairmos da favela, quando você completou quatro meses de vida nesse Planeta saímos da favela.

Em um texto publicado no Instagram, Maria Vilani lembrou que, com a chegada da filha, todo a família se encontrou no caminho da música com os dois filhos na aula de violão.

Você foi embalada com muito carinho por mim, seu pai e seus irmãos, você era a nossa princesinha, e para a sua avó paterna você era um raio de sol. Minha filha, você foi boa mãe, boa filha, boa irmã, magnífica tia, uma excelente amiga e professora, uma grande artista circense e cênica, artista plástica, compositora e poeta das boas. Dona de um coração maior que o corpo. Aprendi muito com você.

Ontem, profissionais da educação protestaram em frente à Câmara Municipal exigindo a vacinação geral dos professores e lamentou a morte de colegas vítimas da doença — entre elas, Cleane Gomes.

Maria Vilani disse não se revoltar com a morte da filha aos 39 anos.

Não sinto revolta pela pandemia, nem pelo descaso do governo em relação às vacinas, porque sinto no meu coração e na minha alma que você partiu no seu momento de partir. Se não fosse a covid-19, seria qualquer outro motivo. Você realmente terminou a sua missão nesse plano, em 05 de junho de 2021. Seria egoísmo não aceitar a sua libertação. O que lamento nesse momento é mandar esse texto para o mundo, sem a sua revisão, você revisava tudo antes de eu postar nas redes sociais, o texto vai cheio de erros, mas cheio de amor, aceitação e resignação.

Em 2019, em depoimento a Universa, Maria Vilani destacou as qualidades de cada um dos quatro filhos e comemorou a educação dada a eles mesmo com a dificuldade de se viver na periferia de São Paulo.

Agradeço a Deus todos os dias por ter me dado os filhos que eu tenho. Eu fui para a escola com eles e eu tinha todas as dificuldades do mundo, mas eles me ensinavam as lições. O outro que trabalhou como office boy me ensinou a conhecer as ruas. E hoje o meu filho mais velho está me ensinando a escrever crônicas, que é um gênero que eu não domino de jeito nenhum. Já Klebinho me ensina um porção de outras coisas, quando eu vejo as reflexões dele acerca da conjuntura eu penso "meu Deus!". Se você conversar com a professora Cleane, que é minha outra filha, professora de língua portuguesa e inglesa, ela poderia ser uma historiadora de tão antenada que é.