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Alice Braga revela dificuldade para lidar com rejeições profissionais

A atriz Alice Braga estrelou filmes como "Cidade de Deus" e "Eu Sou a Lenda" - Reprodução/@alicebraga
A atriz Alice Braga estrelou filmes como 'Cidade de Deus' e 'Eu Sou a Lenda' Imagem: Reprodução/@alicebraga

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

14/06/2021 18h53

A atriz Alice Braga, de 38 anos, desabafou sobre a dificuldade que tem para lidar com rejeições profissionais e reprovações em testes, afirmando que é uma grande dificuldade da profissão.

É muito difícil você aceitar esse não sem pensar: 'O que eu fiz de errado? Qual é o meu problema?'. E, na verdade, acho tem um desafio até hoje. Claro que se eu faço um teste e não pego, eu fico: 'Poxa, eu queria tanto'. Mas, tem tantas camadas do porquê existe uma rejeição para um específico personagem, que é, talvez, realmente o seu físico, o seu look não é o personagem. Talvez o que o diretor está buscando seja um outro tom. Acho que tem tantas variantes. Não quer dizer que você não é bom o suficiente. E a gente vive isso. Alice Braga

"Ninguém consegue 100% passar por cima disso, porque é uma profissão que é impossível não ir para o pessoal, porque não é uma instituição, não é uma corporação. Você é a sua própria empresa. E acho que isso faz com que a gente estar de peito muito mais aberto, muito mais exposto", acrescentou a atriz, em conversa com Gabi Oliveira no podcast "Uma estrangeira".

Alice disse ainda que tenta lidar com esse sentimento: "Acho que é uma indústria muito cruel neste sentido, porque tem muita competição. Eu acho que o fato de eu crescer fazendo teste de comercial me preparou um pouco para entender essa rejeição, mas é muito difícil. Acho que eu ainda estou aprendendo a lidar com isso (risos)".

A artista disse que, apesar da percepção da anfitriã do podcast, amiga de infância de Alice, enfrenta problemas de autoestima desde a adolescência:

Eu sempre gostei de me comunicar, de falar com as pessoas, de dar risada. Então, talvez, a minha autocrítica ou insegurança deva ter escapado mais para o lado da comunicação, do falado, do ir para o extremo oposto. O que às vezes é positivo e às vezes é negativo, porque às vezes você guarda muita coisa que é sua e você não deveria estar guardando ou passando por cima para ser expansiva. Mas, eu acho que tem um lado meu que é muito conectado com isso, da coisa da comunicação, de sempre estar querendo dar risada e falar com as pessoas. Então, isso pode até ter soado como autoestima, mas acho que eu não tinha tanta autoestima assim, não. Alice Braga

A atriz contou que nunca teve dúvidas de que gostaria de trabalhar no mundo do cinema, mas que inicialmente pensava em atuar atrás das câmeras. Com o passar dos anos, veio o gosto pela atuação, principalmente após "Cidade de Deus".

"Com uns 15 anos, quando eu fiz o meu primeiro curta, foi quando falei: 'Puxa, é isso!". Mas foi depois de 'Cidade de Deus' que eu falei: 'É isso mesmo, é o meu sonho, eu quero me dedicar a isso!'", contou.

Além de ter sido fundamental para a carreira de atriz de Alice, o filme "Cidade de Deus" também foi o responsável pela carreira internacional e pela mudança da atriz para os Estados Unidos, onde mora até hoje.

A atriz disse ainda, na conversa, que sua relação complexa com a rejeição profissional acabou fazendo com que a sua ida definitiva para os EUA, que aconteceu quando ela tinha 23 anos, fosse lenta:

Foi muito nesse processo desses 'nãos', desses testes, desse amadurecimento de entender como funciona essa indústria, que eu comecei a vir para os Estados Unidos. Acho que eu até demorei um pouco para falar: 'Putz, vou alugar um apartamento em Nova York, vou passar uma temporada, também para entender um pouco esse 'não', como é que funciona a indústria, sabe, para não colocar toda a minha energia numa coisa e de repente: 'Putz, será que eu vou, será que eu não vou'. Alice Braga