Influencers negros acusam MC Misa de racismo e ameaça de morte; cantor nega
Os influenciadores digitais Ed Rocha Júnior, de 25 anos, e Tiane Felix, de 24, registraram uma denúncia de injúria racial e ameaça de morte na Polícia Civil de Santa Catarina após serem alvo de ataques racistas nas redes sociais.
Negras, as vítimas moram em Balneário Camboriú, a 80 km de Florianópolis, e fizeram as acusações contra Misael Rangel Silva de Souza, de 25 anos, o "MC Misa". O funkeiro nega ter ofendido os influenciadores e diz que as mensagens apresentadas por eles como prova e expostas nas redes sociais são falsas.
Segundo os influenciadores, que são amigos, as mensagens racistas são enviadas desde 2019 por perfis que usam o nome de MC Misa, mas sem indicativos de que são oficiais.
Em 2021, porém, os denunciantes afirmam que isso mudou e o suspeito passou a ofendê-los usando o próprio perfil no Instagram.
Em um dos prints publicado pelos influenciadores, a conta atribuída ao MC ofende Ed Júnior mencionando sua cor da pele e condição econômica.
"Cara, você é preto e pobre! Mora em Balneário Camboriú! Você acha que é fácil a gente ver pessoas como vocês na rua andando e respirando o mesmo ar que eu respiro?", escreveu o perfil.
Os influenciadores dizem acreditar que o trabalho que mantém nas redes sociais em seus perfis causa incômodo no cantor.
"Estamos em uma cidade elitista. O pessoal vive muito de status e vamos um pouco contra isso porque somos diferentes dos padrões por sermos pretos e sempre falamos sobre isso, denunciando as situações de racismos em nossos perfis. Isso incomoda", comentou Tiane ao UOL.
"Somos negros que estamos em ascensão com nosso trabalho. Estamos presentes em locais que nunca um negro esteve em nossa região. Isso acaba intimidando", completou Ed Júnior.
MC Misa ainda é acusado pelos influenciadores de ameaçá-los de morte, enviando uma foto com uma arma de fogo em mãos.
"Ele mandou no sábado falando que queria me encontrar e passou até endereço. Não fui, obviamente, e deixei de lado porque não era uma ameaça, mas na segunda-feira enviou novamente e disse que estava em Balneário Camboriú para cumprir o que prometeu em 2019. A situação me deixa com medo e receosa", narra Tiane.
Já Ed Júnior afirma que recebeu do suspeito um áudio com som de macaco e uma montagem dele ao lado de um gorila.
Além disso, o influenciador conta que virou alvo de "fake news" após o MC Misa publicar que Ed teria tentado extorqui-lo.
"Foi realizada uma simulação como se eu estivesse falando em valores. O meu jurídico está tomando medidas sobre isso e não conheço essa pessoa, assim como ninguém da minha equipe. Tudo ali é fraudulento", garante.
MC nega acusações
Ao UOL, MC Misa negou os ataques racistas e reforçou que Ed Júnior teria tentado praticar extorsão.
"Ele [Ed] mandou mensagens pedindo R$ 800 mil e depois disse que era fake. Beleza, então vou dizer que as minhas também são fakes. Ele deve assumir seus atos e eu assumo os meus", afirmou ele.
Autodeclarado negro, o MC afirma que a família "tem dinheiro", sendo dona de mais de 10 empresas em Santa Catarina, além de morar na Avenida Atlântica - a principal de Balneário Camboriú - e ter um canal no YouTube com mais de 16 milhões de inscritos.
"O foco é ficar famoso de qualquer forma porque eles sabem que tenho um canal com 16 milhões, sou MC há mais de dez anos, tenho uma produtora. Então, quer ganhar uma fama".
Em relação a Tiane, o cantor também negou que tenha enviado mensagens racistas.
"Nunca vi a Tiane e não tenho nada contra. Ela que tomou as dores do Ed, o que provavelmente fez meus seguidores mandarem mensagens. Com certeza tenho alguns racistas entre meus seguidores, mas por não acreditarem nas mensagens que publicaram".
"Eu não sou doente, não sou racista. Não preciso disso até porque tem negros na minha família", concluiu.
Investigação
Em nota, a Polícia Civil de Santa Cataria confirmou a instauração do inquérito e informou que deve ouvir os influenciadores na sexta-feira (18).
Por meio da assessoria de comunicação, o delegado Artur Nitz, que apura o caso, informou que comentará o caso somente após o depoimento dos envolvidos.
Em relação às denúncias de 2019, o inquérito foi concluído e enviado ao MP (Ministério Público) de Santa Catarina.
O MP diz que reiterou novas diligências à Polícia Civil para que identifique os perfis que ofenderam as vítimas em 2019 para dar andamento ao inquérito no órgão.
A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no estado emitiu nota de repúdio, cobrando investigação sobre o caso.
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