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Pedro Cardoso se revolta com governo e fala em 'nazifascismo tropical'

O ator Pedro Cardoso - Reprodução / Instagram
O ator Pedro Cardoso Imagem: Reprodução / Instagram

Do UOL, em São Paulo

06/07/2021 09h43

Pedro Cardoso fez um longo texto criticando o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) hoje.

Em publicação no Instagram, o ator falou em "messias militar", "nazifascismo tropical" e "autoritarismo do bolsonarianismo" para expressar sua ansiedade com o momento atual do Brasil.

Desde que a desonestidade da medíocre classe média baixa em busca de ascensão econômica, organizada em igrejas e quartéis, clubes e shows 'sertanejos', agremiações politiqueiras etc, deu o ar de sua graça, personificando-se no messias militar, eu acordo todos os dias ansioso pelas notícias e pela oportunidade de dizer alguma coisa em oposição à incivilidade desse nazifascismo tropical. Escreveu

Contando que a política nunca havia sido um assunto diário em sua vida, ele ainda questionou o que cada um pode fazer para agir nesse contexto.

Faz-me bem exibir a minha revolta. Dou-me a conhecer a mim mesmo mostrando-me aos outros. Essa função narcísica das redes antissociais é, a meu ver, a razão de seu sucesso comercial. Mal não há mas haverá se a fala aqui não superar a histeria. Saudável, creio, é que das palavras passemos a ação devotada ao bem comum. Mas, também penso: falar é agir. Colegas aqui, falantes e ouvintes como eu, qual será a ação que nos projetará de nós para os outros? Cada um saberá a sua. A minha, creio, é fazer teatro. Continuou o ator

Nos comentários, Pedro recebeu apoio de nomes como Paulo Betti, Zélia Duncan, Maitê Proença e Manueka d'Ávila.

Confira o texto de Pedro Cardoso na íntegra:

Bom dia. Foto minha para ilustrar o tema: a ansiedade, as redes antissociais e a ilusão vividas por mim. Venho compartilhar pois percebo nos convívios aqui que muitos devem sentir o mesmo que eu. Desde que a desonestidade da medíocre classe média baixa em busca de ascensão econômica, organizada em igrejas e quartéis, clubes e shows 'sertanejos', agremiações politiqueiras etc, deu o ar de sua graça, personificando-se no messias militar, eu acordo todos os dias ansioso pelas notícias e pela oportunidade de dizer alguma coisa em oposição à incivilidade desse nazifascismo tropical. As pessoas com quem aqui convivo têm sido meus aliados, amigos de trincheira, ombros para o consolo desta solidão. Nunca antes a política havia sido assunto diário para mim. Passou a ser quando compreendi, num lento ir compreendendo, que a política, espaço para o entendimento sobre o que nos é comum, desapareceria sob o autoritarismo do bolsonarianismo; como está acontecendo. Vivo, desde então, permanentemente ansioso. Escrever aqui é, antes de uma generosidade, um egoísmo saudável. Faz-me bem exibir a minha revolta. Dou-me a conhecer a mim mesmo mostrando-me aos outros. Essa função narcísica das redes antissociais é, a meu ver, a razão de seu sucesso comercial. Mal não há mas haverá se a fala aqui não superar a histeria. Saudável, creio, é que das palavras passemos a ação devotada ao bem comum. Mas, também penso: falar é agir. Colegas aqui, falantes e ouvintes como eu, qual será a ação que nos projetará de nós para os outros? Cada um saberá a sua. A minha, creio, é fazer teatro. Mas tentar chegar numa equação econômica que me ponha a serviço da maior parcela possível da população brasileira. Nesse dia de ação, acho que já não estarei mais tão ansioso por falar todos os dias sobre política. Mas só haverá teatro se a política nos garantir a liberdade. Até a liberdade, pela democracia, estar assegurada, prevejo que a ansiedade em exibir minha angústia vai me manter nas redes antissociais. E a muitos de nós. O fascismo nos empurrou para uma original clandestinidade: As redes, onde mais nos expomos, são onde também nos escondemos. Já estamos todos presos; presos a céu aberto no mundo deles.