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Karen Jonz, após estreia na TV: 'Sou escrachada e me segurei muito'

Karen Jonz nos estúdios da Globo, ao lado de Sérgio Arenillas e de Rony Gomes - Divulgação
Karen Jonz nos estúdios da Globo, ao lado de Sérgio Arenillas e de Rony Gomes Imagem: Divulgação

Lucas Pasin

Do UOL, no Rio

27/07/2021 13h35Atualizada em 27/07/2021 14h12

Mamãe, eu vi você na TV, assisti a tudo.

Foi com um abraço apertado da filha, Sky, de 4 anos, que Karen Jonz atendeu o UOL para uma entrevista após um fim de semana agitado, com sua estreia na televisão como comentarista de skate nas Olimpíadas.

De volta a São Paulo, onde mora, a veterana no esporte viu seu nome brilhar nas redes sociais, onde conquistou 170 mil novos seguidores.

Não foi igual ao Douglas [atleta de vôlei da seleção masculina], mas bombou né?

Participar de uma cobertura na TV foi uma experiência inédita para a skatista, que se considerava apenas uma "comentarista de sofá".

"Só fazia comentários dentro da minha casa, com amigos, ou no Twitter. Porém, desde que o skate entrou para campeonatos, vejo narrações e sentia falta de alguém que tivesse mais contato com as esportistas, que vivesse o dia a dia, que soubesse o que as meninas passavam. Por isso, comemorei muito ao ser chamada pela Globo", conta.

Grupo de WhatsApp com Bufoni

A proximidade de Karen com as colegas olímpicas realmente é grande. Ela conta que mantém até um grupo no Whatsapp com as amigas e entrega o nome: "Skatistas maravilindas".

"Falei com a Letícia [Bufoni] antes da competição e assim que acabou. Contei a ela que chorei quando ela perdeu e ela me disse que precisou segurar o choro. A gente fica em contato direto. Já estou em contato com as meninas que vão competir na próxima semana, elas já embarcaram para o Japão. Aproveitamos o 'skatistas maravilindas' para trocar bastante", entrega.

Karen - Divulgação - Divulgação
A skatista e comentarista da Olimpíada Karen Jonz
Imagem: Divulgação

Plantão dobrado após sucesso na TV

Por conta do sucesso de seus comentários, Karen revela ter recebido um pedido da TV Globo para cumprir "plantões dobrados". A skatista fez hora extra para continuar agradando ao público.

"Me colocaram em outros duzentos programas lá, tudo porque bombou. Entrei num plantão de vários programas e acabei indo dormir mesmo de madrugada. Mas estou amando", diz.

A espontaneidade da comentarista —que rendeu até uma bronca do SporTV, por ter usado a expressão "xerecou" ao vivo— foi o que chamou a atenção do público. No entanto, Karen diz que precisou "se segurar" na TV. Ela revela se que estivesse em outro ambiente falaria ainda mais:

"Rolou até a bronca, né? Me senti bem à vontade e parecia que eu estava comentando com amigos em casa. Mas tinha noção de que estava num canal de TV, num evento que exige muito respeito, e ficava me lembrando disso. Ali não era um show de comédia, mas eu sou espontânea e quem me conhece sabe que eu estava me segurando muito. Sou muito mais escrachada. Tentei ter postura e passar informação".

Militante?

Outro fator determinante para o sucesso de Karen na cobertura da Olimpíada se deu por conta de seus comentários engajados e focados sempre na diversidade. Ela levantou questões raciais no skate, discussões de gênero e maternidade e falou até sobre as vestimentas das esportistas.

A skatista diz que nada foi planejado e que não se considera, como alguns disseram, uma "militante".

"Muita gente me chamou assim, mas falar dessas pautas é natural para mim. A questão de todos os corpos, a maternidade, a pauta LGBTQ+, raça, tudo foi surgindo durante a transmissão, nada estava roteirizado. Dava impressão de que eu militava com tudo, né? Mas não era a intenção."

Ao abordar sobre a diversidade, Karen comemora os elogios na web:

Estou surpresa porque tenho 99% de aprovação e quem não gosta de mim é bolsominion.

Prata de Rayssa Leal

Ainda bastante emocionada com a conquista feminina do Brasil nas Olimpíadas, com a medalha de prata da "fadinha" Rayssa Leal, Karen aponta:

"Lembrei de todas as gerações anteriores à Rayssa, que tiveram que construir algo para o skate chegar a este ponto. Quantos campeonatos não me deixaram competir simplesmente por eu ser mulher? Essa medalha me trouxe a sensação de que todos os meus esforços valeram a pena. Tudo que foi dor agora é recompensa!".