Luma de Oliveira lembra crise de choro e cheiro forte no 11 de Setembro
Onde você estava em 11 de setembro de 2001? Luma de Oliveira desembarcou por volta das sete da manhã daquele dia em Nova York com Eike Batista, seu então marido, poucas horas antes do atentado terrorista às Torres Gêmeas, que hoje completa 20 anos. Detalhes daquela terça-feira ensolarada ficaram marcados na memória da modelo, à época com 36 anos.
Após um voo cansativo pela American Airlines — coincidentemente, a mesma companhia cujo avião se chocou à primeira torre —, em que não conseguiu pregar os olhos, Luma chegou ao apartamento que possuía na ilha de Manhattan.
O motivo da viagem era para acompanhar Eike, que estava a trabalho, e ela aproveitaria para comprar peças de sua fantasia de Carnaval. Ao chegar ao apartamento, a modelo tomou um achocolatado e comeu uma torrada de café da manhã, antes de ir para a cama.
Em menos de dez minutos o telefone toca. Do outro lado da linha, um amigo que também estava na cidade avisa sobre a tragédia. No 43º andar do edifício, Luma abre as cortinas e o cenário é apocalíptico: ela não consegue avistar o World Trade Center.
Depois entrou o outro avião [que colidiu à segunda torre]. Veio o pânico. Um rolo de fumaça muito grande se deslocou em direção a onde eu estava. Era uma fumaça descomunal. Continuei com a janela fechada e liguei para casa.
A empresária pediu que não deixassem os filhos pequenos, Thor e Olin, irem à escola naquele dia nem que assistissem à televisão. Era o instinto de mãe, afirma. Da mesma janela em que viu a cortina de fumaça, Luma assistia a uma cena digna da série "The Walking Dead", se não fosse real.
"Era um cenário que parecia de guerra? As pessoas caminhando com malas pelas pontes feitas para carros. Mas eu não via pânico. Elas iam arrastando as malas devagar", se recorda.
Ela e Eike permaneceram no apartamento e desceram apenas para comprar mais água e comida no supermercado. Relata que os dois conseguiram manter o equilíbrio: "Quando a gente sabe de uma tragédia dessas, o desespero só atrapalha".
"Cheiro de pessoas carbonizadas"
No dia seguinte ao atentado, predominava na cidade um cheiro forte. Quase três mil pessoas morreram na tragédia das Torres Gêmeas.
O vento mudou de direção e eu comecei a sentir cheiro de carne queimada. São três coisas que me chocaram muito: o rolo de fumaça enorme, muitos aviões de caça no céu e o cheiro de carne queimada. Era um cheiro forte. Fiquei com esse cheiro na memória? Todo mundo sentiu o cheiro, mas ninguém falava nada. É tão triste, tão pesado, que ninguém falava nada. Não era pelo cheiro, mas pelo que simbolizava. Eram pessoas que tinham morrido carbonizadas.
Crise de choro
Luma de Oliveira voltaria ao Brasil pela mesma companhia que voou aos Estados Unidos, mas preferiu mudar para outra nacional. Conseguiu adiantar a data de retorno para quinta-feira, mas o voo foi cancelado. Os aeroportos dos EUA foram fechados após os atentados.
Somente no dia seguinte, na sexta, Luma conseguiu embarcar. A caminho do aeroporto, ela se lembra que chorou copiosamente.
Tive uma crise de choro. Pensava que não estava segura. Perguntaram se eu queria ficar e falei, vamos embora. Vai dar certo. Dentro do avião, olho para a comissária se despedindo de alguém em terra. Ela deu um abraço na pessoa. Os dois com os olhos cheios d'água. Passei o voo inteiro acordada, rezando, e só fiquei tranquila quando estava sobrevoando a Floresta Amazônica.
Já no Brasil, ela foi recebida pelos filhos. A foto estampou revistas de celebridades, como a capa da "Contigo". Se ficou algum trauma de avião? Luma afirma que não. Dois meses depois da experiência assustadora em 11 de Setembro de 2001, ela voltou a Nova York pela primeira vez.
Ela não pensa em visitar o memorial construído no lugar onde ficavam as Torres gêmeas. "Não tenho vontade. Quem vai lá precisa estar com muita paz, rezar muito. Não é um lugar para tirar fotos. É uma tragédia que nunca mais esquecerei", declara.
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