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Marcos Uchôa comenta abalo por cobertura do 11 de setembro após 20 anos

O jornalista Marcos Uchôa durante a cobertura do 11 de setembro - Reprodução / TV Globo
O jornalista Marcos Uchôa durante a cobertura do 11 de setembro Imagem: Reprodução / TV Globo

Daniel Palomares e Marina Marini

Do UOL, em São Paulo

11/09/2021 10h57

Mesmo 20 anos após o atentado de 11 de setembro, Marcos Uchôa ainda lembra da carga emocional que a cobertura da tragédia teve.

Diferente de Edney Silvestre, que estava em Nova York, Uchôa acompanhou os desdobramentos do ocorrido de outro continente. O atentado aconteceu um dia depois de o repórter voltar a Londres, onde vivia e atuava como correspondente internacional da TV Globo.

Os repórteres em Nova Iorque faziam as matérias locais e a reação do governo americano. Coube a nós em Londres olhar para o mundo como um todo. Foi curioso que um dos primeiros países onde se viu imagens de pessoas com velas nas ruas, em solidariedade às vítimas, foi o Irã, que já era inimigo dos Estados Unidos. E à medida que se falava em Al Qaeda, Osama Bin Laden, Talibã e Afeganistão, eu passei a fazer reportagens sobre o que acontecia lá e no vizinho Paquistão. Estar em Londres ajudou muito, porque como herança do Império Britânico, era fácil encontrar afegãos e paquistaneses, especialistas em tudo o que se passava por lá. contou Uchôa em conversa com o UOL

Apesar do choque e da comoção mundial com o ocorrido, para Uchôa, o "aspecto profissional nessa hora tem que se sobrepor."

"Existe um trabalho a fazer no dia e também a constatação de que, por um bom tempo, dali em diante, todos os olhares estarão voltados para reportagens sobre os desdobramentos do que aconteceu. Mas é claro que o horror das vítimas, pensar nas famílias, em tudo que cerca uma tragédia dessa proporção, te deixa muito abalado", disse.

Impacto

A sensação ao ver as imagens dos aviões se chocando contra as torres deixaram um ar de "guerra" para Marcos Uchôa, que lembrou até mesmo da atuação dos pilotos kamikazes.

Desde a segunda guerra mundial, com a história dos pilotos japoneses chamados de kamikazes, que jogavam seus aviões em navios americanos, algo assim não acontecia. E aquilo era uma guerra com alvos militares! Claro que ver os atentados de 11 de setembro ao vivo também passou essa impressão, que parecia uma guerra. A queda das torres foi ainda mais horrível. afirmou

Já depois dos ataques, o repórter confessa que não imaginava que aquele 11 de setembro de 2001 geraria guerras "tão longas e tão desastrosas."

Que atentados como aqueles entrariam para a história era algo óbvio de se imaginar, afinal se algum terrorista quisesse fazer algo equivalente, que opções ele teria? Em Londres ou Paris, cidades que também são famosas no mundo, não existe nada parecido. Creio que os terroristas não podiam imaginar derrubar as duas torres, algo que fez com que tudo tivesse um ar de apocalipse. Que o impacto seria sentido no mundo era algo inevitável. Mas que produziriam guerras tão longas e tão desastrosas, como a do Afeganistão e a do Iraque, isso não se podia prever naquele dia. finalizou

Hoje, todas as vítimas do 11 de setembro terão seus nomes homenageados pelo presidente norte-americano, Joe Biden, em uma cerimônia solene no Marco Zero, onde estavam erguidas as torres do World Trade Center. Os ex-presidentes Barack Obama e Bill Clinton também participam do evento.