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Fabiula Nascimento diz não falar com seu pai: 'Anos trabalhando o perdão'

Fabíula Nascimento falou sobre a violência doméstica que sofreu na infância - Reginaldo Teixeira/TV Globo
Fabíula Nascimento falou sobre a violência doméstica que sofreu na infância Imagem: Reginaldo Teixeira/TV Globo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

14/09/2021 09h03Atualizada em 14/09/2021 09h23

Fabiula Nascimento revelou que tem um caso de violência doméstica em sua família, e que escolheu não falar sobre o assunto até agora para evitar um linchamento virtual, situação que se tornou comum de uns tempos para cá. Além disso, a atriz também falou sobre sua relação com o pai, com quem afirmou não conviver.

"Em relação à paternidade, eu não falo mesmo. Por que não foi legal. Gente, eu nunca falei sobre isso. Mas é uma coisa que eu sempre tive vontade de falar. Eu acho, hoje em dia, por ele estar vivo e pela violência já ter prescrito, com o mundo de internet que a gente vive e essa coisa ruim que ela também traz do ódio gratuito, eu não desejo nunca que ele sofra nenhum tipo de violência escrita ou que alguém olhe e fale: 'Ai, sabe esse cara'. Isso não interessa mais", declarou ela no podcast "Calcinha Larga", de Tati Bernardi, Camila Fremder e Helen Ramos.

Em seguida, Fabiula disse ter passado por terapia para conseguir lidar com as situações que ocorreram no passado.

São anos trabalhando o perdão e desejando as melhores coisas para esse homem, para que ele siga e esteja bem. Sempre foi o meu trabalho espiritual na vida. Não faço uma terapia convencional, sou da terapia holística, há pelo menos uns 8 anos. Venho trabalhando isso. Hoje, tenho ele num lugar do meu coração super cuidadinho, sabe? Abracei aquela criança, porque ele também já foi criança, né? Ele também passou dificuldades. E a gente segue. Mas eu não convivo e não tenho nenhuma intenção em conviver.

A atriz, que está grávida de gêmeos — de sua relação com o ator Emílio Dantas, com quem é casada — disse que não se sente pronta para tocar mais fundo nesse assunto, apesar dos pedidos que recebe de pessoas próximas para falar mais abertamente sobre o que sofreu.

"Você não pode dar aquilo que você não tem, cara. Vários irmãos, entendeu? Cada um tem uma vida e uma história. A gente vem aqui para viver e aprender essas paradas. Eu, como filha e como pessoa legal, vivo neste lugar hoje. Quando alguém diz que eu devia contar a minha história de violência doméstica, penso que hoje não vai fazer sentido eu falar", explicou.

Ela prosseguiu: "Posso falar dessa experiência, mas não preciso dar nome a este homem. Tem um tempo também. De repente, daqui a 30 anos eu queira falar sobre isso, queira fazer uma peça de teatro que conte alguma coisa relacionada. Mas eu sempre sinto que essa história ficou para lá. Meu passado não me pertence, eu vivo hoje".

Fabiula também fez questão de exaltar sua mãe, que mora em Curitiba. "Minha mãe é uma pessoa que teve pouquíssimas oportunidades na vida. Ela sofreu muito, no relacionamento, na vida e em casa. Não foi uma vida fácil. Mas é uma mulher que mantém uma alegria assim tão potente".

O melhor ensinamento que ela me deu foi ter felicidade por estar viva e não ser a mulher que ela foi. Submissa, engolia a violência. Eu olhava aqui e pensava que não queria ser aquela mulher. Isso foi o maior ensinamento que a minha mãe me deu. Ela me preparou para uma vida em que eu nunca passasse por isso. Para que eu imediatamente identificar pessoas violentas e não deixar que elas cruzassem o meu caminho. Então ela me deu a vida. É o meu amor. Ela é uma pessoa extremamente amorosa e isso não endureceu, sabe?

Como denunciar violência contra a mulher

Mulheres que passaram ou estejam passando por situação de violência, seja física, psicológica ou sexual, podem ligar para o número 180, a Central de Atendimento à Mulher. Funciona em todo o país e no exterior, 24 horas por dia. A ligação é gratuita. O serviço recebe denúncias, dá orientação de especialistas e faz encaminhamento para serviços de proteção e auxílio psicológico. O contato também pode ser feito pelo Whatsapp no número (61) 99656-5008.

Também é possível realizar denúncias de violência contra a mulher pelo aplicativo Direitos Humanos Brasil e na página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH), do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH).