Aí vem o Chaves... no teatro

Há 35 anos no Brasil, série mexicana ganha sua maior homenagem em formato inédito: um musical na vila

Paulo Pacheco Do UOL, em São Paulo Stephan Solon/Divulgação
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Sucesso "sem querer querendo"

Ícone mexicano, Chaves ganha hoje seu projeto mais ambicioso realizado no Brasil: um musical em homenagem ao criador da série, Roberto Gómez Bolaños (1929-2014). Chaves - Um Tributo Musical estreia no teatro Opus, em São Paulo, com a missão de agradar pelo menos quatro gerações "atentas olhando para a TV", como diz a abertura do programa no SBT.

O musical, orçado em R$ 8,7 milhões e com uma equipe premiada nos bastidores, chega aos palcos um dia antes do aniversário de Chaves no Brasil. Em 24 de agosto de 1984, a série estreou dentro do programa TV Powww!, do SBT, apresentado por Paulo Barboza.

Chaves desembarcou no Brasil com o "irmão" Chapolin no meio de novelas mexicanas compradas por Silvio Santos. O dono do SBT quase encostou as séries porque diretores da emissora acharam sem graça, mas o responsável pelo núcleo de dublagem, José Salathiel Lage, conseguiu convencer o patrão a exibir os humorísticos.

Deu certo, e Chaves permanece no ar até hoje. Desde o ano passado, os personagens também passaram a dar as caras no Multishow, canal pago do grupo Globo.

O UOL entrevistou a equipe do musical, entre atores e diretores, e o filho de Roberto Gómez Bolaños, que virá ao Brasil para assistir ao espetáculo. "Meu pai estaria feliz", afirma Roberto Gómez Fernández.

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"Queremos trazer a Broadway para Acapulco"

Idealizadora de Chaves - Um Tributo Musical, Adriana Del Claro se considera "maluca" por levar a série mexicana aos palcos brasileiros pela primeira vez. A produtora geral do espetáculo não apenas conseguiu concretizar seu sonho como obteve o aval do SBT e do Grupo Chespirito, que administra o legado de Roberto Gómez Bolaños no México.

"Eu encabecei a maluquice de encarar esse desafio, mas foi um trabalho em conjunto, de equipe, de um time que acreditou. A gente fala de 120 profissionais indiretos e 50 diretos na produção, que envolve figurino, maquiagem, perucas, toda a parte criativa, produção técnica, som e luz. A gente quer trazer essa Broadway para Acapulco", conta Adriana ao UOL.

A produtora planejou transformar Chaves em peça teatral após o sucesso do musical de Carrossel, produzido por ela e que fez sucesso mesmo com elenco diferente ao da novela. Adriana quer ver os fãs de todas as idades emocionados com a homenagem a Bolaños.

"Focamos no fã e na fidelidade a essa arte, porque é uma riqueza todo esse trabalho que o Bolaños fez como criador. Espero que os fãs gostem. Sabemos que tudo que sai do coração tem um valor especial. Somos fãs também, estamos cada vez mais apaixonados por esse universo", afirma.

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Mateus Ribeiro (Chaves)

Entrei no musical "sem querer querendo". Não ia fazer teste porque estava em cartaz com Peter Pan, mas a Adriana Del Claro abriu outra data. No mesmo dia, soube que passei. Foi bem rápido, mas fiquei muito feliz por ser um personagem icônico. Maratonei desde os primeiros episódios. Adoro um em que o Chaves repete mil vezes que é um cavaleiro que mata "dagrões"

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Fabiano Augusto (Chespirito)

Lembro exatamente a primeira vez que assisti a Chaves. Eu tinha dez anos e achava triste, porque morava ao lado de um cortiço onde meus amigos viviam. O funeral do Roberto Gómez Bolaños foi uma coisa que nunca vi na vida. Quem no Brasil geraria tanta comoção? Fui para o ensaio emocionado. Sempre peço permissão a ele: "Deixe-me te respeitar. Cuidarei bem de você"

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Andrezza Massei (Dona Clotilde)

Quando pintou o convite, fiquei um pouco estarrecida por ser uma personagem da nossa infância. Chaves virou cult, não é mais sinônimo de uma coisa cafona. Vamos brincar com a questão da Bruxa, mas o foco é na sapequice. Ela é taradinha pelo Seu Madruga. É nisso que está a graça. Se eu fosse bruxa, faria as pessoas sentirem mais amor pelos outros, o que está em falta

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Sem agressões, mas com surpresas

Quem for assistir a Chaves - Um Tributo Musical verá algumas diferenças e muitas novidades em relação ao programa de TV. Nenhuma criança irá apanhar no espetáculo. Seu Madruga não beliscará Quico nem baterá na cabeça de Chaves. Para Fernanda Maia, responsável pelo texto e pela direção musical, a série dos anos 70 precisou se adaptar ao momento atual.

"Eu apanhei bastante, e eles acreditavam que estavam nos educando assim. Claro, há os abusos, mas não sou daquelas pessoas que falam: 'A gente apanhava e ninguém morreu por causa disso'. Não estamos criando sobreviventes, mas pessoas que não precisam apelar para a violência para se entender. Era uma outra época. Aos nossos olhos de 2019, isso não cabe mais, não dá. Temos que achar a essência da série para ser fiel a ela", explica a roteirista.

Intérprete de Seu Madruga, André Pottes apoia a mudança: "Acho bom. Algumas coisas têm que ser revistas. Eu, como uma pessoa que assistia à série, falo: 'Ué?', mas ao mesmo tempo, como alguém que está vivendo 2019, entendo também, é uma necessidade. É um detalhezinho que não perde a essência do personagem".

Entre as surpresas, o musical terá um episódio inédito escrito por Fernanda Maia e a inclusão de três personagens queridos pelo público em uma cena da escolinha do Professor Girafales: Nhonho (Ettore Verissimo), Pópis (Maria Clara Manesco) e Godinez (Lucas Drummond).

Na trilha sonora, canções clássicas como Aí Vem o Chaves, Se Você É Jovem Ainda e Que Bonita Vizinhança, que terá sua tradução corrigida (na TV, Que Bonita Vecindad virou Que Bonita Sua Roupa). Um poema de Roberto Gómez Bolaños para a mulher, Florinda Meza, foi musicado pela primeira vez e será cantado por Fabiano Augusto.

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Patrick Amstalden (Professor Girafales)

Tenho 1,93m. Sempre fui o maior bebê do berçário. Como o "mestre Linguiça", recebi muitos apelidos, como Alfalfa, dos Batutinhas, e outro que é censurado aqui. Professor Girafales é um grande paizão para a vila. Ele se acha o super sábio, rei da palavra, mas também organizar aquela turma não é fácil. Fiquei muito feliz com o convite porque assisti muito a Chaves na infância

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Maria Clara Manesco (Dona Florinda e Pópis)

Fiz teste para Dona Clotilde, mas me chamaram para ser Florinda. O mais difícil é o corporal, porque ela é muito tensa. Já sofri um pouquinho com as fisioterapeutas depois dos ensaios. Ver Chaves para fazer o musical é o estudo mais gostoso da Terra. Embora seja mal-humorada, ela é sonhadora, porque só aparece de bobes se preparando para uma festa que nunca vai acontecer

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Diego Velloso (Quico)

Sempre brincava de ser Quico e me pareço com o intérprete original, Carlos Villagrán. Há uns 12 anos, comecei a desenvolver a técnica dele de encher a bochecha só com o ar, utilizando a musculatura interna da boca. Quando soube dos testes para Chaves, eu estava em O Fantasma da Ópera e meus amigos já me "elencaram". Minha brincadeira de criança virou trabalho de gente grande

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Musical "resgata" Chiquinha

O musical brasileiro de Chaves conseguiu o que parecia impossível: trazer Chiquinha de volta para a vizinhança. A personagem é alvo de uma disputa judicial que se arrasta durante mais de 20 anos entre a família de Roberto Gómez Bolaños e a atriz Maria Antonieta de las Nieves, atual detentora dos direitos autorais.

Por causa da briga, projetos como o desenho animado e a linha de brinquedos não têm a filha de Seu Madruga. Entretanto, a idealizadora de Chaves - Um Tributo Musical, Adriana Del Claro, produziu um "dossiê Chiquinha" e convenceu ambas as partes de que a personagem era fundamental para o tributo brasileiro.

"Criamos uma defesa muito bem feita com a nossa parte criativa para mostrar que uma personagem tão icônica como a Chiquinha tinha que ter. Como a gente iria explicar para os fãs, para a imprensa, cadê a Chiquinha? Defendemos com muito carinho e muito respeito a todas as diferenças que sabemos que eles têm. Entenderam e toparam. Conversamos com ela, explicamos todos os detalhes e fechamos contrato", explica a produtora geral do musical.

O regresso de Chiquinha à vila foi comemorado por Carol Costa, que será a primeira atriz a interpretar a filha de Seu Madruga em um projeto endossado pelo Grupo Chespirito.

"Complete a frase: Chaves e... Chiquinha. Dona Florinda e... Professor Girafales. É o natural. Eles funcionam como uma dupla, tanto ela quanto o Quico. Eles são muito amigos. No desenho não tinha Chiquinha e fez falta, porque temos muito fresco na nossa memória", afirma a atriz.

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Carol Costa (Chiquinha)

Estudei a Chiquinha, a Maria Antonieta de las Nieves e as duas dubladoras. Durmo assistindo ao Chaves para entrar a voz de Sandra Mara e Cecília Lemes. Entrei em crise, mas é o de menos. É uma memória de lembrar até do cheiro do almoço da avó. Chiquinha é danada. Em uma cena, fiquei com pena do Chaves, mas o diretor falou: "Só que ela não ficaria"

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André Pottes (Seu Madruga)

Quando soube que seria Seu Madruga, fiquei mudo no telefone. Vivi e vivo Chaves até hoje. Eu vou na casa dos meus amigos e um deles fala: "Põe no SBT que está passando Chaves!". Fazemos piadas até na balada! Eu me cobro pelo que o público vai ver e no que eu espero, porque quero honrar a minha memória e a ludicidade que fez parte da minha construção como adulto

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Ettore Verissimo (Sr. Barriga e Nhonho)

Cada vez que assistia aos episódios para o musical, chorava: "Ai, meu deus, vou fazer isso!". Sr. Barriga, apesar de ser o magnata daquela comunidade e mesmo com todo estresse, é uma pessoa boa e amorosa. É ele que leva Chaves para Acapulco quando todo mundo foi embora. Não conseguiu despejar Seu Madruga. Fiz trabalho vocal para fazer Nhonho como na dublagem

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Palhaço negro é o Brasil em Chaves

Já reparou que não há negros em Chaves? No México, onde a maioria da população tem ascendência hispânica e indígena, a ausência é justificável. No entanto, a direção de Chaves - Um Tributo Musical incluiu um novo personagem para representar o Brasil: Benjamin de Oliveira, primeiro palhaço negro do país.

Sucesso no Rio de Janeiro, então capital federal, na transição do século 19 para o 20, Benjamin será o líder do "palhacéu", céu de palhaços para onde Roberto Gómez Bolaños vai após sua morte. O palhaço será interpretado por Milton Filho, que se sente honrado em representar o país com maior número de fãs de Chaves.

"Vivemos em um Brasil em que 54% da população é negra. Fernanda Maia [roteirista e diretora musical], incrivelmente e inteligentemente, quis fazer essa homenagem, até para ter essa representatividade e essa brasilidade. Ela fala: 'Você é um pouco de Brasil dentro desse espetáculo'. Acho isso muito bonito", conta o ator.

"Ter um personagem negro em um tributo a Chaves, com esse 'golpe' dramatúrgico da Fernanda, foi brilhante, porque universaliza a palhaçada em geral, no sentido de que todos esses programas se conversam. Se tem o Bolaños no México, tem Jô Soares, Chico Anysio, Carlos Alberto de Nóbrega e Renato Aragão no Brasil, e ao mesmo tempo tem o Mr. Bean no Reuino Unido", compara Zé Henrique de Paula, diretor geral do musical.

Amigos palhaços

Quem Roberto Gómez Bolaños encontrará no "palhacéu" de Chaves - Um Tributo Musical

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Milton Filho (Benjamin)

Mexicanos me procuraram nas redes sociais perguntando: "¿Quien és Benjamin?" Para ver como Chaves está no imaginário de todos. Homenageio Benjamin de Oliveira, primeiro palhaço negro do Brasil. Ser chefe do céu de palhaços acaba sendo uma honra para mim. É um desafio muito grande fazer com que as pessoas entrem no mundo do Chaves a partir dos palhaços

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Larissa Landim (Patinete)

Estou na fila da imigração e entro no céu dos palhaços. Eles fazem uma entrevista para ver se eu realmente sou uma palhaça. É o mesmo que acontece com o Chespirito. Chaves é uma referência para todos da minha geração. Cresci assistindo antes de ir para a escola e vejo até hoje. É muito bom trabalhar com uma equipe criativa tão talentosa, que admiro tanto

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Nay Fernandes (Paçoquinha)

Meu marido não suporta mais (risos). Tudo em casa é palhaçada, piada, Chaves. Eu não paro. A gente entra no processo e fica nele. Eu coloco uma meia, tiro e boto no outro pé, e penso: "Meu deus! Estou afetada!". O público vai assistir esperando ver uma coisa, mas sairá tocado de diversas maneiras que eles não imaginam. Choramos horrores nos ensaios

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Dante Paccola (Dr. Zambeta)

Chaves formou o nosso humor. Assistia antes do jantar na casa da avó. Eu sabia que seria um trabalho muito difícil, e está sendo, mas ao mesmo tempo é muito divertido. A linguagem de Chaves é muito clownesca, muito "palhacística", de tapa, de ações inesperadas. Inserir na história do musical como palhaço é muito apropriado. Acho uma responsabilidade imensa

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Davi Novaes (Tufo)

Palhaço Tufo é um velho ranzinza que tenta organizar as coisas, mas atrapalha mais ainda. Quando soube que seria palhaço, não sabia dessa conexão com Chaves. Fiquei muito feliz de cumprir essa função e no SBT, onde faço A Praça É Nossa. Representar Chaves, essa coisa emblemática da infância de todo mundo... É emocionante saber que estarei lá

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Lucas Drummond (Godinez e Tatuzinho)

Faço, além do Tatuzinho, o Godinez na escolinha. Chaves conserva uma característica das crianças que, na minha opinião, está se perdendo por causa da tecnologia: a imaginação. Chaves é uma criança que não tem nada, mas tem tudo, porque tem imaginação. É lindo de resgatar e trazer para a infância de hoje em dia, e é uma das coisas que me motivou a ser ator

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Marcelo Vasquez (Formiga)

Recebi por telefone a notícia de que tinha sido aprovado nos testes. Não esperava passar. Eu já era fã e quis fazer a audição por causa disso. Tenho essa coisa de memória e gostaria de participar só pelo fato de que assistia todo dia. Para o meu personagem, que vai ser um palhacinho, eles me deram um bigode novo, que vai ser colorido, e uma costeleta colorida

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Thiago Carreira (Wladimir)

Os ensaios são bem corridos, porque temos o coro dos palhaços e sou um deles. Quando recebi a ligação para fazer o teste, já não acreditei. É o segundo musical que faço. Fiquei superfeliz, já contei para a família inteira: "Vou fazer Chaves!". Vejo como uma homenagem aos palhaços e ao Chaves, que é um palhaço que está na memória de tanta gente

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Reprodução/Instagram/chespirito_rgb

Filho de Chaves: "Meu pai estaria feliz"

Roberto Gómez Fernández administra o legado do pai, Roberto Gómez Bolaños, com a Fundação Chespirito. Ele virá ao Brasil na próxima semana para assistir ao musical e se emocionar. Afinal, o espetáculo começa a partir da morte do criador de Chaves. "Mexerá com muitos de nossos sentimentos", afirma o filho do comediante mexicano ao UOL.

Em entrevista exclusiva, o produtor e diretor fala dos fãs brasileiros, os mais numerosos na América Latina e mais barulhentos nas redes sociais, esclarece os "episódios perdidos" e antecipa os futuros lançamentos de Chaves.

UOL: Chaves é exibido no Brasil há 35 anos, mas nunca ganhou uma homenagem desse porte no país. Para você, esse show realizado pelo maior mercado de musicais da América Latina é o projeto brasileiro mais importante envolvendo o programa?

Roberto Gómez Fernández: Sem dúvida, esta será a maior homenagem que já foi feita no Brasil. Meu pai estaria feliz. Nunca pôde se apresentar ao vivo no Brasil, e o musical será uma pequena prova do que poderia ter acontecido. Os fãs brasileiros são os mais efusivos de toda a América Latina.

O musical brasileiro homenageia seu pai, Chespirito, começando com ele chegando ao céu de palhaços após sua morte, em 2014. Como você e sua família lidam com a falta dele?

Obviamente, sua ausência nos machuca, mas suas lembranças alegram o nosso coração. Ele está presente todos os dias, de maneiras diferentes. Além disso, o carinho das pessoas nos aproxima dele. O espetáculo será um momento emotivo, especial, que mexerá com muitos de nossos sentimentos. Estamos preparados para vivê-lo com prazer.

Em 2011, você veio assistir a um show do Chaves Animado em São Paulo. No Brasil, este projeto não obteve o êxito esperado. Qual a diferença do musical feito por brasileiros para o show de Chaves Animado? Acredita que fará mais sucesso do que o de 2011?

O espetáculo está nas mãos de grandes profissionais, com enorme talento. O tempo e o carinho que têm dedicado ao projeto fazem com que se tenha uma produção de enorme qualidade. Determinar o sucesso que terá algo na indústria do entretenimento é muito difícil. O que posso dizer é que há os elementos para conquistar o máximo.

Você e o Grupo Chespirito pretendem levar o musical brasileiro para o México e outros países latinos?

Pode ser. Teríamos que assegurar que a qualidade de nível mundial se mantém. Isso tem a ver com todo o processo. Por exemplo, uma das peças-chave tem sido o elenco. É simplesmente genial.

O Brasil foi um dos últimos países latinos a receber Chaves, chegou aqui uma década depois de estrear no México, mas conquistou um público gigante. Numericamente, é o país com mais fãs de Chaves e Chapolin. Qual a importância dos fãs brasileiros para manter a memória de Chaves e de seu pai, Chespirito?

Sim, o Brasil representa a maior comunidade de fãs na América Latina. Para nós, é muito importante estar em contato com eles. Além disso, são muito ativos nas redes sociais, o que nos faz perceber mais de perto o fenômeno de Chespirito e seus personagens no Brasil. Devemos levar em conta que é o único país latino-americano em que o programa é dublado, o que não me surpreende pelo extraordinário trabalho de dublagem que foi feito.

Por falar em fãs, você é muito cobrado por eles por causa de episódios perdidos. São 39 de Chaves e 41 de Chapolin, muitos descobertos pelos fãs. Alguns deles são exibidos apenas no Brasil, como a segunda parte do Festival da Boa Vizinhança (1976). Você e o Grupo Chespirito pretendem resgatar estas histórias perdidas? Como é o trabalho de preservação?

Há todo um debate em diferentes países sobre "episódios perdidos", e nem todos coincidem. Por um lado, por questões técnicas, alguns realmente foram irrecuperáveis. Porém, há outros que, na verdade, são mitos. O que encontramos pelo caminho são fãs realmente experts no assunto a ponto de conhecerem mais do que nós mesmos! É incrível. A preservação dos episódios está a cargo da Televisa, que produziu originalmente a série.

Quais são os próximos projetos envolvendo Chaves e Chapolin?

Estamos em processo de preparação da oitava temporada de Chaves Animado, agora com uma mudança no estilo geral. Será uma novidade. Chapolin Animado virá ao Brasil muito em breve. O filme de Chapolin é um projeto muito ambicioso, até que tenhamos certeza de poder competir a nível mundial.

Esta superprodução teatral não é só o mais ousado produto derivado da criação de Bolaños como também reaviva a relação de memória afetiva existente entre a turma do Chaves e o público brasileiro, um dos mais fiéis em todo o mundo. Para isso, o espetáculo conta em sua equipe com nomes de excelência do teatro brasileiro, como Zé Henrique de Paula e Fernanda Maia, e com um trunfo: tem como protagonista o ator mais carismático surgido na nova geração dos musicais, Mateus Ribeiro, jovem potente, batalhador pelo espaço que está conquistando e que já tinha deixado o público boquiaberto com seu vibrante Peter Pan

Miguel Arcanjo Prado, crítico teatral e blogueiro do UOL após assistir ao espetáculo

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