Roberto Gómez Fernández administra o legado do pai, Roberto Gómez Bolaños, com a Fundação Chespirito. Ele virá ao Brasil na próxima semana para assistir ao musical e se emocionar. Afinal, o espetáculo começa a partir da morte do criador de Chaves. "Mexerá com muitos de nossos sentimentos", afirma o filho do comediante mexicano ao UOL.
Em entrevista exclusiva, o produtor e diretor fala dos fãs brasileiros, os mais numerosos na América Latina e mais barulhentos nas redes sociais, esclarece os "episódios perdidos" e antecipa os futuros lançamentos de Chaves.
UOL: Chaves é exibido no Brasil há 35 anos, mas nunca ganhou uma homenagem desse porte no país. Para você, esse show realizado pelo maior mercado de musicais da América Latina é o projeto brasileiro mais importante envolvendo o programa?
Roberto Gómez Fernández: Sem dúvida, esta será a maior homenagem que já foi feita no Brasil. Meu pai estaria feliz. Nunca pôde se apresentar ao vivo no Brasil, e o musical será uma pequena prova do que poderia ter acontecido. Os fãs brasileiros são os mais efusivos de toda a América Latina.
O musical brasileiro homenageia seu pai, Chespirito, começando com ele chegando ao céu de palhaços após sua morte, em 2014. Como você e sua família lidam com a falta dele?
Obviamente, sua ausência nos machuca, mas suas lembranças alegram o nosso coração. Ele está presente todos os dias, de maneiras diferentes. Além disso, o carinho das pessoas nos aproxima dele. O espetáculo será um momento emotivo, especial, que mexerá com muitos de nossos sentimentos. Estamos preparados para vivê-lo com prazer.
Em 2011, você veio assistir a um show do Chaves Animado em São Paulo. No Brasil, este projeto não obteve o êxito esperado. Qual a diferença do musical feito por brasileiros para o show de Chaves Animado? Acredita que fará mais sucesso do que o de 2011?
O espetáculo está nas mãos de grandes profissionais, com enorme talento. O tempo e o carinho que têm dedicado ao projeto fazem com que se tenha uma produção de enorme qualidade. Determinar o sucesso que terá algo na indústria do entretenimento é muito difícil. O que posso dizer é que há os elementos para conquistar o máximo.
Você e o Grupo Chespirito pretendem levar o musical brasileiro para o México e outros países latinos?
Pode ser. Teríamos que assegurar que a qualidade de nível mundial se mantém. Isso tem a ver com todo o processo. Por exemplo, uma das peças-chave tem sido o elenco. É simplesmente genial.
O Brasil foi um dos últimos países latinos a receber Chaves, chegou aqui uma década depois de estrear no México, mas conquistou um público gigante. Numericamente, é o país com mais fãs de Chaves e Chapolin. Qual a importância dos fãs brasileiros para manter a memória de Chaves e de seu pai, Chespirito?
Sim, o Brasil representa a maior comunidade de fãs na América Latina. Para nós, é muito importante estar em contato com eles. Além disso, são muito ativos nas redes sociais, o que nos faz perceber mais de perto o fenômeno de Chespirito e seus personagens no Brasil. Devemos levar em conta que é o único país latino-americano em que o programa é dublado, o que não me surpreende pelo extraordinário trabalho de dublagem que foi feito.
Por falar em fãs, você é muito cobrado por eles por causa de episódios perdidos. São 39 de Chaves e 41 de Chapolin, muitos descobertos pelos fãs. Alguns deles são exibidos apenas no Brasil, como a segunda parte do Festival da Boa Vizinhança (1976). Você e o Grupo Chespirito pretendem resgatar estas histórias perdidas? Como é o trabalho de preservação?
Há todo um debate em diferentes países sobre "episódios perdidos", e nem todos coincidem. Por um lado, por questões técnicas, alguns realmente foram irrecuperáveis. Porém, há outros que, na verdade, são mitos. O que encontramos pelo caminho são fãs realmente experts no assunto a ponto de conhecerem mais do que nós mesmos! É incrível. A preservação dos episódios está a cargo da Televisa, que produziu originalmente a série.
Quais são os próximos projetos envolvendo Chaves e Chapolin?
Estamos em processo de preparação da oitava temporada de Chaves Animado, agora com uma mudança no estilo geral. Será uma novidade. Chapolin Animado virá ao Brasil muito em breve. O filme de Chapolin é um projeto muito ambicioso, até que tenhamos certeza de poder competir a nível mundial.