Durante quase duas décadas, Edgard Piccoli foi um dos rostos mais conhecidos do jornalismo musical brasileiro, fosse como um dos VJs mais longevos da MTV, onde apresentou diversos programas entre 1992 e 2006 ou, mais tarde, no Multishow. Tranquilo e boa-praça, conversava com os mais diversos artistas e bandas sem dificuldades. Tudo mudou desde 2012, quando passou a ancorar o Morning Show, na Jovem Pan.
Aos 54 anos, o paulista de Campinas --que na adolescência usava uma parafernália com antena e palha de aço para sintonizar as frequências da capital-- encontrou no rádio, onde deu os primeiros passos como comunicador, o maior desafio de sua carreira.
"Essa exposição do Brasil dividido politicamente, de enfrentamentos movidos por uma não tolerância do pensamento divergente, acaba reduzindo o debate a essa guerra que vemos hoje. É um aprendizado duro. Estou inserido num contexto em que os haters odeiam nas mídias sociais e você é muitas vezes rotulado à revelia da sua verdade", diz Edgard, que não desiste, em meio à polarização, de encontrar o caminho do diálogo.
"É um trabalho até hercúleo, uma oportunidade diária, no programa que eu ancoro, tentar trazer de alguma forma o entendimento pacífico das diferenças. Nem sempre a gente consegue. Somos falhos, humanos, mas é um exercício diário".