Eu nasci na geração que colocou o bullying em pauta. Eu nasci na geração que deu nome ao bullying. Eu sabia que o que tinha acontecido comigo era bullying. Ciberbullying, na verdade, porque aconteceu nas redes sociais. Eu não sabia o tamanho daquilo. Eu não sabia a dimensão que aquilo podia tomar. Se eu não tivesse os meus pais, eu estaria muito ferrada.
Aos 12 anos, você está formando caráter, entendendo quem você é, e receber uma enxurrada de críticas por uma coisa da qual você não tem controle é muito cruel. Meus pais filtraram tudo. Foi nessa época, um pouco antes de uma das grandes matérias saírem, que soube exatamente o que estava acontecendo, porque os meus pais me contaram o porquê de terem me afastado das redes sociais. Se eles chegassem para mim e falassem: 'A gente está te afastando porque estão falando mal do seu dente', não iria resolver nada. O que eles me disseram foi: 'A gente vai te afastar porque não é o momento saudável para você estar nas redes sociais. Um dia você vai entender'.
Eu não concordava, porque queria estar ali, mas sempre respeitei muito os meus pais. 'Ok, eu não concordo, mas se eles estão fazendo tem um sentido'. Fui entender depois, e aí falei: 'Caraca, as pessoas eram cruéis de graça', mas eram muito de graça! 'Nossa, coloquem um aparelho na Klara Castanho!', 'Klara Castanho precisa de um aparelho, ela não tem espelho em casa?'. Eu não teria aguentado.