Saudades da televisão

Longe das novelas há 5 anos, Pepita Rodriguez lança livro infantil e fala sobre família e veganismo

Ana Cora Lima Do UOL, no Rio

Força e alegria

Pepita Rodriguez nasceu em Adra, pequena cidade da Andaluzia, no sul da Espanha, e chegou ao Brasil com apenas seis anos. Morando no Brasil há 61 anos, ela ainda intermeia suas falas com olé, tradicional saudação espanhola para expressar força e alegria.

Musa dos anos 70, a atriz ainda se manteve na década seguinte, mas, cansada da rotina pesada e da exposição na televisão, passou a priorizar o teatro e, aos poucos, foi deixando a cena.

"Fui meio que esquecida. Não culpo ninguém porque as pessoas só lembram dos artistas que estão no ar. Sinto muito saudades de fazer novelas, de estar na televisão. Já pedi muito para voltar. Não sei se eles encheram o saco, mas continuo esperando um personagem", diz.

Aventuras de Pepitinha

"Não sei ficar parada, sem produzir e por isso fico pintando, estudando textos para peças e escrevendo livros."

A atriz lança agora o infantil "As Aventuras de Pepitinha". É seu quarto livro publicado _"Tempo de Colher", "Segundo Tempo" e o de receitas "Pepita Rodriguez - A Arte de Cozinhar entre Amigos".

A obra que acaba de sair é um compilado de histórias contadas por seu pai. "Só conseguia dormir com meu pai me contando histórias, tenho milhões  delas", afirma.

Reprodução/Instagram

Fãs anônimos e famosos

"Até hoje as pessoas me reconhecem e me cobram uma volta à televisão. Outro dia, estava na feira  e uma senhora segurou meu braço e falou ríspida: 'Você não tem o direito de deixar a gente!' Tive que explicar que aquele não era um desejo meu."

Pepita se surpreendeu quando William Bonner se revelou seu fã. "Fui a uma festa e o Bonner estava lá. Todo sem graça, ele me perguntou: 'Você não lembra de mim?'. Respondi que claro, o via todos os dias na TV. Mas ele me revelou que quando tinha 14 anos ficava de plantão na porta da minha casa. Eu morava em São Paulo e realmente uns meninos apareciam lá. Fiquei tão lisonjeada"

Inicio de carreira

Divulgação/Canal Viva

Modelo e atriz

Batizada Josefa, Pepita se mudou com a família primeiro para Santos e depois para Penápolis, interior de São Paulo, onde sua vocação artística despertou, ela dançava e cantava em espaços públicos e na emissora de rádio da cidade.

"Aos 12 anos, queria vir morar no Cidade Maravilhosa para ser artista. Graças a Deus, meu pai teve que se mudar pro Rio. Penápolis tinha se tornado pequena para mim", conta Pepita, que começou mesmo como modelo.

"Precisavam de modelo para desfilar em um evento de gala e lá fui eu. Sempre fui muito entrona, levada e sabia que aquele trabalho seria um trampolim para começar na carreira de atriz. Entrei dançando flamenco. Assinei contrato por dois anos com a revista 'Manchete' e tudo começou."

Divulgação/Montagem/UOL

Nasce uma estrela

Pepita chegou a fazer cursos de teatro, mas seu talento era mais intuitivo. "Nasci para ser atriz! Estava no sangue!", afirma. Em 1969, aos 18 anos, ela foi chamada para a sua primeira novela "Um Gosto Amargo de Festa", na TV Tupi. Cinco anos depois, estreou na Globo, em "Anjo Mau".

"Na sequência, veio 'Espelho Mágico' e o maior estouro 'Dancin Days'. Só dava eu, fazia propaganda de tudo, estampava todas as revistas. Uma loucura", diz. Pepita, que emprestou imagem até para uma boneca.

Em 2014, Pepita participou da novela em "Boogie Oogie" e o trabalho não rendeu o que ela esperava. "Estava me recuperando de um acidente doméstico que me fez ficar 10 dias internada. Na época, tomava muitos remédios e não conseguia decorar os textos, ficava muito nervosa durante as gravações", lembra.

Reprodução/Facebook

Mãe e avó

Pepita se casou três vezes e tem três filhos. Gibinha, do seu casamento com o jornalista Gilberto di Pierro, Dado e Nando, da união com Carlos Eduardo Dolabella, além de Fábio, seu enteado.

"Sou uma mãe que lambe as crias. Mal criei? Mal criei. Mimei? Mimei demais. Principalmente os três últimos, depois da morte do Dolla, que foi um pai muito amoroso e intenso."

Como avó, ela se declara "babona". "Tenho verdadeira paixão por todos: Alexandra e Maria, do Gibinha. Ana Flor, João Valentim e Eduardo, do Dado. E o Miguel, do Nando."

"Eles têm ciúmes de mim. Giba fala que eu sou mais o Dado, o Dado retruca que eu sou mais o Nando, porque ele é o caçula e o Nando espalha que eu paparico os outros", contou aos risos. "Eu amo todos iguais."

Carlos Eduardo Dolabella

Três casamentos

Pepita casou três vezes. Primeiro com o jornalista Gilberto di Pierro, depois com o ator Carlos Eduardo Dolabella e, há 24 anos, está com o empresário espanhol Javier Gabarain.

Com o colega de profissão, ela formou o casal 20 da televisão na década de 80. "Eu não tinha ciúmes porque ele era muito correto e estava apaixonado por mim. Ele não dava nem tempo de eu sentir ciúmes dele! Vivia no meu pé!"

Eles se separaram em 1990. Dollabela morreu em 2003, aos 65 anos, depois de uma longa internação.

Na cozinha

Se não fosse atriz, Pepita certamente seria chef de cozinha tamanha a sua paixão. "Sempre gostei e aprendi com a minha mãe. Gosto de fazer pratos, de receber amigos e continuo com a mesma vontade de descobrir tudo sobre sabores e temperos."

"Quando vou a um restaurante e gosto, vou até a cozinha para saber sobre o prato. Faço isso em qualquer lugar do mundo".

"Eu faço tudo! Adoro comida italiana, já fiz muitas carnes, mas hoje eu estou mais ligada ao veganismo", diz.

Quase vegana

Filho do meio de Pepita, Dado se converteu ao veganismo e se tornou um ativista. "Quer dizer estou quase virando vegana", corrigiu Pepita. "O Dado fica chateado porque ele diz que não existe quase vegana. Ainda não consigo tirar a carne totalmente, ovo e queijos. Meu filho faz um trabalho muito legal sobre esse tipo de alimentação e tem conseguido muitos adeptos, mas a família não é vegana, não."

Reprodução/Instagram

Os problemas de Dado

Aos 38 anos, Dado também é ator e estreou em "Malhação", em 2001, e ainda participou da minissérie "A Casa das Sete Mulheres" e a novela "Senhora de Destino". A carreira foi ofuscada, no entanto, pela série de confusões em que se meteu.

Antes de receber o UOL em sua cobertura triplex, no Leblon, área nobre do Rio, Pepita pediu para que não fosse questionada sobre o filho.

"Não quero falar sobre o Dado. As pessoas ficam revivendo, revivendo e isso só atrapalha a vida dele. Se alguém tem que falar alguma coisa, sobre a vida e os problemas dele, é ele mesmo."

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