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Nunca na história "A Fazenda" reuniu um elenco tão inexpressivo e sem graça

Mauricio Stycer

Crítico do UOL

09/12/2015 05h01

Faça um exercício rápido e procure se lembrar o que Luka, um dos três finalistas da oitava edição da “Fazenda”, fez de mais expressivo durante os 77 dias de confinamento. Tenho certeza que a resposta será “nada”. E ele não foi exceção. Pense em Amaral, Ovelha, Quelynah, Edu K, Li Martins, JP, Carla Prata, Marcelo Bimbi, Veridiana Freitas, Rayanne...

Nunca na história do seu reality show a Record reuniu um time tão grande de figuras inexpressivas, sem histórias para contar e sem talento para divertir o público. “A Fazenda 8” foi um desastre porque a maioria dos participantes foi a Itu e voltou sem fazer nada.
 
Houve Mara, é verdade. A cantora evangélica aprontou todas: fez intrigas, brigou, provocou punições de propósito, irritou todo mundo, mas jogou o programa para baixo, deixando um clima negativo, baixo astral, soturno.
 
Em um sinal da falta de carisma do resto do elenco, Mara se manteve mais em evidência que os participantes até depois de ser eliminada -- apareceu em meia dúzia de programas da Record, deu uns tapas em Douglas na festa final e faltou ao último episódio. "Foram os piores dias da minha vida", disse ao UOL (risos).
 
Outro bom candidato, o músico Thiago Servo, aprontou boas na “Fazenda”, mas igualmente mostrou instabilidade emocional e, aparentemente deprimido, pediu para sair no meio. Rebeca Gusmão também exibiu potencial, mas foi eliminada antes de conseguir apresentar todos os seus talentos.
 
Douglas, campeão, e Ana Paula, que ficou em segundo lugar, foram bons coadjuvantes na atração, mas não fizeram nada muito especial, digno de nota. Daqui a um mês ninguém mais lembrará da participação de ambos na “Fazenda”.
 
Por fim, a “Fazenda” marcou a estreia de Roberto Justus no comando, no lugar de Britto Jr. Dedicado, empolgado mesmo com a função, o apresentador, no entanto, não conseguiu ser muito diferente do seu antecessor. Muito preso ao texto que precisava ler, a sua animação muitas vezes soou forçada e injustificável.
 
Como em outras edições, a Record insistiu na falta de transparência como política oficial. Cortou o sinal das suas transmissões 24 horas como bem queria, evitou mais uma vez informar ao público o teor dos tais envelopes da arca e deixou de mostrar cenas polêmicas para o público. A briga de Mara com Douglas na festa final, que teve até tapa na cara, foi extremamente mal editada e explicada, deixando mais dúvidas do que certezas nos espectadores. Lamentável.
 
Outro erro que a direção teima em cometer é mandar um participante direto para a final bem antes do encerramento do programa. É a terceira vez que este expediente é adotado na "Fazenda" sem nenhum benefício para a dinâmica do jogo. O eleito da vez, Luka, teve míseros 0,54% dos votos na final.
 
Foi, enfim, uma edição decepcionante, com Ibope médio na faixa dos 10 pontos, ajudado em parte pelo sucesso de “Os Dez Mandamentos”. O modelo parece esgotado, mas o "BBB" está aí para mostrar que é possível reinventar estes realities de confinamento.