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Polêmicas, dramas, raridades... Relembre algumas das entrevistas inesquecíveis de Jô

Mauricio Stycer

16/12/2016 06h01

Foram cerca de 15 mil entrevistas, desde a primeira com Amyr Klink na estreia do "Jô Soares Onze e Meia", em agosto de 1988, no SBT, até a última de 24 conversas com Ziraldo, nesta sexta-feira, no "Programa do Jô", na Globo.

Nestes 28 anos, Jô Soares se notabilizou pelo jeito fácil de entrevistar gente de todos os tipos, famosos e anônimos, tímidos ou extrovertidos, artistas e políticos, empresários e jornalistas, entre outros.

É missão impossível, por este motivo, fazer uma lista das melhores entrevistas de Jô Soares. A que apresento aqui é uma tentativa de lembrar de momentos marcantes, por algumas características peculiares. Fique à vontade para me mandar a sua lista.

Momentos raros

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Na volta à Globo, em abril de 2000, o ator Francisco Milani surgiu em cena fantasiado de operador de áudio, para arrumar o microfone de Jô, enquanto ele elogiava a excelência técnica da emissora. A primeira entrevista foi uma rápida conversa com Roberto Marinho, gravada nos jardins da casa do empresário, com flamingos rosas ao fundo (veja trechos aqui). Dezesseis anos depois, Jô queria que a última entrevista fosse com Silvio Santos, mas o dono do SBT declinou o convite.

Ando meio desligado
Jô sempre se deu muito bem com os "malucos". Nesta categoria enquadro tanto artistas genais ou simplesmente avoados, quanto gente que não sabia muito bem como lidar com o entrevistador. Rogério Skylab, por exemplo, ficou famoso depois de dar as entrevistas mais extravagantes possíveis a Jô. Outro tipo meio desligado que rendeu momentos hilários foi o cantor Serguei. Veja:

Dramas reais
Uma das qualidades do apresentador sempre foi a de extrair humor de situações impensadas, às vezes dramáticas, muitas vezes politicamente incorretas. Uma das entrevistas mais famosas – e engraçadas – que fez foi com um rapaz gago, Claudio Dottori, em 2006, então candidato a deputado estadual. "Uma das características do programa foi conversar com pessoas anônimas. E que transformaram a vida deles", relembrou Jô nesta última quarta (14), ao trazer Dottori novamente ao programa.

Encontros inesquecíveis
Uma medida do prestígio de Jô Soares são os grupos que reuniu para entrevistas coletivas. A mais famosa de todas é que a juntou Nair Bello, Hebe Camargo e Lolita Rodrigues, em abril de 2000. Elas já riem antes mesmo que Jô comece a falar. "Vocês estão numa forma espetacular", elogia o apresentador. "É porque você ainda não viu a gente sem roupa", responde Nair.

Histórico: "o camarada dos camaradas"
Mais de uma vez, questionado sobre a melhor ou mais importante entrevista que fez, Jô saiu pela tangente, dizendo: "A conversa mais marcante, espero que seja sempre a próxima". Uma das poucas entrevistas que ele citou como "histórica" foi com o líder comunista Luiz Carlos Prestes (1898-1990), realizada em 1988, no SBT. Um pouco nervoso, até, Jô o apresentou como "o camarada dos camaradas". Veja um trecho abaixo:

Toda unanimidade é burra
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Não foram poucas as entrevistas que renderam polêmicas – seja por declarações desastradas dos entrevistados, seja por intervenções consideradas indelicadas de Jô. Estes desencontros sempre tiveram o efeito de prolongar a repercussão do programa, um sinal da sua relevância. Em 2015, no auge dos protestos contra o governo, Jô foi a Brasília entrevistar a então presidente Dilma. Raras vezes, houve tanta unanimidade – no caso, negativo – a respeito de uma entrevista. Ele classificou o encontro como "histórico".

Faustão maior do que Roberto Carlos?
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"A última temporada na Globo", como ele anunciou desde março, facilitou o desfile de figuras muito famosas e, em alguns casos, difíceis. Fausto Silva, por exemplo, jamais havia se sentado no estúdio de Jô na Globo. O papo de "ex-gordos" rendeu 10 pontos no Ibope, em São Paulo, a maior audiência do programa desde 2011. Em outra entrevista memorável, mas com audiência um ponto inferior, Jô chorou ao ouvir Roberto Carlos cantar "Amigo" para ele.
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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.