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"A novela caminhou como previa e desejava", diz autor de "A Regra do Jogo"

O autor João Emanuel Carneiro - Tata Barreto/TV Globo
O autor João Emanuel Carneiro Imagem: Tata Barreto/TV Globo

Giselle de Almeida

Do UOL, no Rio

11/03/2016 07h00

"Uma novela de muitos aprendizados". É assim que que João Emanuel Carneiro define "A Regra do Jogo", que termina nesta sexta-feira (11), depois de ter apanhado para reconquistar a audiência perdida depois do fiasco de "Babilônia" e com a pressão de "Os Dez Mandamentos" no calcanhar até o fim de novembro. Depois disso, os números subiram, mas ainda assim a trama não saiu ilesa das críticas, em especial às tramas que não mantinham relação direta com a facção liderada por Gibson (José de Abreu).

"Eu sabia de todas as expectativas, mas a cada trabalho desenho um novo desafio, ou seja, uma história que me agrade, que me prenda. Quando escrevi esta sinopse, escrevi uma história na qual eu acreditava. Acho complicado você agradar outra pessoa se você não está feliz. A novela caminhou como eu previa e como eu desejava. Claro, falo do núcleo principal. As tramas paralelas sofrem mudanças. Mas isso é parte da dinâmica", minimiza ele, em entrevista ao UOL.

Amparada pelo carisma de personagens como Romero (Alexandre Nero), Atena (Giovanna Antonelli) e Ascânio (Tonico Pereira), a história da organização criminosa movimentou a trama, especialmente em sua reta final.

"O fundamental foi a minha persistência na história. Eu nunca abandonei a minha ideia original. Mas é claro que o elenco é peça-chave. Esse elenco é um dream team", afirma o autor, que relativiza as críticas às histórias paralelas da trama e cita o drama de Domingas (Maeve Jinkings) como exemplo de forte repercussão.

Romero (Alexandre Nero) em "A Regra do Jogo" - Pedro Curi/TV Globo - Pedro Curi/TV Globo
Romero (Alexandre Nero) em "A Regra do Jogo": "um santo torto que passou a gostar da ideia de ser bom", segundo o autor
Imagem: Pedro Curi/TV Globo

O principal mistério guardado para o último capítulo é o assassino do Pai - para manter o mistério, o escritor escreveu sequências falsas para despistar sobre o autor do crime.
 
"Eu e Amora (Mautner, diretora de núcleo da novela) pensamos em uma saída para tentar evitar que alguns desfechos fossem divulgados antes de serem exibidos. O que dá para contar é que há três suspeitos para a morte de Gibson", adianta.
 
O desfecho de Romero é segredo, mas Alexandre Nero chegou a declarar que o personagem, "um santo torto que passou a gostar da ideia de ser bom" nas palavras do autor, só poderia alcançar a prometida redenção morto.
 
"Ele caminha para essa redenção, que ainda está em curso. A verdade é que o personagem Romero Rômulo transitou entre o certo e o errado durante todo o tempo. Não foi capaz de ser um bandido mau, tampouco um homem que fizesse genuinamente o bem. Pendeu para lá e para cá. E o final é o triunfo de uma dessas forças", diz o autor.
 
Aos que afirmam que a trama em torno de violência afasta parte público das novelas, Carneiro responde que "teorias sobre TV são frágeis demais" e que, por isso, investe em histórias que o interessam e "não correndo atrás de teorias sobre o desejo dos espectadores". "'Avenida Brasil' também teve cenas impactantes. Uma criança foi abandonada em um lixão. Saber o que o público quer ver é um grande mistério. Ainda mais nestes nossos dias em que as coisas mudam numa velocidade alucinante. Se você acha que sabe o que o público vai querer ver na época em que a novela estrear, sinto dizer, você estará enganado".
 
Por ora, Carneiro garante que só consegue pensar nas férias. Mas já tem outro projeto em mente. "Já sei por onde vou seguir com a minha próxima sinopse. Normalmente, elas nascem das histórias ou dos personagens anteriores. Mas ainda é muito cedo para falar algo além disso", afirma.