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Morre, aos 72 anos, Orival Pessini, criador de Fofão, Patropi e Sócrates

2015 - Orival Pessini interpreta Clô em sua última participação na "Praça É Nossa" - Lourival Ribeiro/SBT/Divulgação - Lourival Ribeiro/SBT/Divulgação
Orival Pessini interpreta Clô em sua última participação na "Praça"
Imagem: Lourival Ribeiro/SBT/Divulgação

Matias Salse e Paulo Pacheco

Do UOL, em São Paulo

14/10/2016 07h12

Morreu, na madrugada desta sexta-feira (14), Orival Pessini, criador do Fofão, Patropi e Sócrates. O ator e humorista de 72 anos lutava contra um câncer no baço e estava internado havia duas semanas no Hospital São Luiz, em São Paulo. Ele também teve um câncer na garganta, do qual já estava recuperado. A notícia foi confirmada ao UOL pelo empresário de Orival e sócio da marca Fofão.

O velório está previsto para ocorrer entre 16h e 18h desta sexta no Cemitério Gethsêmani, na Vila Sonia, em São Paulo.

Orival Pessini iniciou sua carreira no teatro. Sua estreia na televisão aconteceu no programa infantil "Quem Conta Um Conto”, na TV Tupi, em 1963. Na década de 70 interpretou os macacos Sócrates e Charles, do "Planeta dos Homens" (Globo). Estreou, em 1988, no humorístico "Praça Brasil", da Band, com o personagem Patropi - que levaria mais tarde para os programas "Escolinha do Professor Raimundo" (Globo), "A Praça é Nossa" (SBT) e "Escolinha do Barulho (Record)".

O personagem Patropi, interpretado pelo ator Orival Pessini, e sua versão mirim durante as gravações do programa "Escolinha do Barulho" - Cleo Velleda /Folhapress - Cleo Velleda /Folhapress
O personagem Patropi, interpretado pelo ator Orival Pessini, e sua versão mirim durante as gravações do programa "Escolinha do Barulho"
Imagem: Cleo Velleda /Folhapress
Orival criou o Fofão no programa "Balão Mágico" (Globo). O boneco fez tanto sucesso que, com o fim do programa, ganhou seu próprio programa: "TV Fofão" (Bandeirantes), no qual apresentava quadros humorísticos e desenhos animados.

A cantora Simony, que iniciou sua carreira artística ainda na infância ao lado de Pessini, no "Balão Mágico", se despediu do ator. "Hoje é um dia tão triste, mas tão triste porque eu acabo de perder meu amigo, meu boneco que fez tanto minha alegria e a de muitas crianças. Orival Pessini eu te amo. Vai com Deus, meu amigão. Meu eterno Fofão", escreveu ela em seu perfil do Instagram. 

Jair Oliveira, que também participou do "Balão", disse em declaração ao UOL que o ator e humorista sempre estará na lembrança do público: "Orival Pessini mora no melhor lugar de nossas almas, pois conquistou espaço cativo em nossa infância e em nossos sorrisos. E quando alguém chega a estes lugares, alcança também a lembrança eterna. Certamente jamais nos esqueceremos de seus incríveis personagens, de seu talento grandioso e de sua imaginação cativante. Seja através do símio barbudo e divertido do 'Planeta dos Homens', do simpático 'hippie' boa-praça de cabelos cacheados, do 'apatralhado' extraterrestre bochechudo que encantava crianças e adultos, ou de tantas outras inesquecíveis criações, Pessini garantiu brilho intenso no sorriso de cada admirador.  Em meu sorriso, ele brilha exageradamente em todos os dentes!  Brilhe mesmo; brilhe sempre, meu bom e querido amigo."

Pedro Pessini, filho do ator e humorista, disse que o pai não gostava de aparentar fragilidade. "O meu pai era excepcional, nunca deixava a peteca cair, e, nos momentos mais difíceis, ele se fazia de durão para não passar essa fragilidade dele. Não tenho palavras para descrever o amor que eu sinto e a falta que ele vai me fazer", afirmou em entrevista ao "SPTV"

Em sua página oficial no Facebook, Pessini foi homenageado com um texto. "Pessini, como o chamávamos, fez várias gerações de brasileiros sorrirem com seus personagens. Ele realizou o impossível e criou uma maneira única, criativa e bela de se expressar como artista: era o homem de mil faces", dizia a publicação (leia mais abaixo).  

Inspiração em E.T.

O personagem Fofão, um dos mais marcantes da carreira do humorista Orival Pessini, teve inspiração no E.T. do filme de Steven Spielberg dos anos 80. 
 
"O Fofão não é bonito. Ele é uma mistura de cachorro, urso, porco e palhaço. Não é à toa que me baseei no E.T do Spielberg. Quando assisti ao filme na época fiquei com lágrimas nos olhos. Eu não pensei em fazer uma coisa bonita, mas sim uma coisa simpática, que demonstrasse 'calor humano', 'sentimento'", afirmou Pessini em maio deste ano no programa "The Noite". 
 
Ele não se incomodava com as imitações de Fofão. Parte da infância de uma geração, o boneco foi alvo de uma polêmica neste ano - quando a Carreta Furacão decidiu ir a uma manifestação em favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Mas o criador proibiu o Fofão genérico de participar do protesto.
 
"Eu não autorizo, é um direito meu. Eu faço questão de proteger meus personagens. O Fofão, por exemplo, gera empregos. As crianças conhecem pela internet e gostam. Os adultos se emocionam quando o encontram. Quero preservar essa imagem", explicou.
 
 
Últimos trabalhos
 
Uma das últimas aparições de Pessini na TV foi no "Programa Silvio Santos", do SBT, em fevereiro. Ele compareceu à atração vestido como Fofão. Em nota oficial, a emissora lamentou a morte do ator: "A diretoria e funcionários do SBT deixam seus sentimentos a família". 
 
Em maio de 2015, Pessini fez sua última participação especial no humorístico "A Praça É Nossa", como o personagem Clô.
 
Em 2014, ele atuou na minissérie "Amores Roubados", da Globo, como o padre José. Nos últimos anos, Pessini também apresentava o show "Eles sou Eu", em que relembrava seus principais personagens.