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Zezeh Barbosa sobre racismo: 'Queriam que eu fizesse todas as empregadas'

Zezeh Barbosa lembrou trajetória para conseguir se consolidar como atriz   - Reprodução/GShow
Zezeh Barbosa lembrou trajetória para conseguir se consolidar como atriz Imagem: Reprodução/GShow

Colaboração para o UOL, em São Paulo

18/11/2020 12h05Atualizada em 18/11/2020 12h07

Zezeh Barbosa deu um depoimento sobre episódios racistas que sofreu no início de sua carreira.

Aos 57 anos, a atriz, que já deu vida a socialites na televisão em novelas como "Aquele Beijo", de 2011, contou que lutou para conseguir se desvencilhar de estereótipos preconceituosos no mundo artístico, lembrando que durante a faculdade na Escola de Artes Dramáticas da USP recebeu uma proposta para interpretar todas as empregadas domésticas em todos os espetáculos.

"Eu lembro que a primeira proposta do diretor da escola foi que eu fizesse todas as empregadas domésticas de todos os espetáculos. Fiz um espetáculo e acabei passando mal, porque eu acho que eu sempre tive noção de que somos iguais, e eu não vou fazer uma escola de teatro pra ser empregada doméstica o resto da minha vida", disse Zezeh no quadro dentro do "Encontro com Fátima Bernardes", explicando mais a fundo sua posição.

"É muito digno, é muito honesto, não nego nenhum tipo de trabalho, o que não pode é você exigir que o ator pela cor da sua pele só faça aquele tipo de papel. E acostumada a brigar pelas minhas coisas eu comecei a rejeitar esse tratamento e foi, graças a Deus, o que me levou a fazer maravilhosos papeis, independente do tamanho ou da participação que eu faço, eu adoro todo trabalho", detalhou Zezeh.

A atriz ainda falou de sua origem humilde, relatando que na época em que entrou na Escola de Artes Dramáticas, foi a primeira aluna negra em 22 anos.

"Eu sempre quis ser atriz, comecei a fazer cursos, estudar, com uns 9 anos de idade, e eu sofri muito preconceito sim. De uma família muito pobre, minha mãe parteira, meu pai serralheiro, 13 irmãos. E aí, com muito esforço e muita vontade, consegui entrar na Escola de Artes Dramáticas da Universidade de São Paulo. E lá, a escola é sensacional, mas também tinha 22 anos que não entrava nenhum aluno negro. E eu pra ganhar uma grana, pra poder comprar os livros, tirar xerox que eu precisava, fui trabalhar também na cantina, que eu ganhava um dinheirinho", contou.

Em seu depoimento às vésperas do feriado de Consciência Negra, comemorado no dia 20 de novembro, Zezeh destacou a importância da data, escolhida em homenagem à Zumbi dos Palmares, um dos maiores símbolos da luta contra a escravidão no Brasil.

"Eu queria também reforçar a importância do dia 20 de novembro, que é o Dia da Consciência Negra. Eu acho que é mais um marco pra gente sempre lembrar que somos todos iguais", definiu a atriz.