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Até autores de programas têm preconceito contra a televisão

Mauricio Stycer

06/05/2011 10h27

Escrever sobre televisão é um ofício que tem a idade da própria televisão. Os jornais e as revistas sempre trouxeram informações, análises e críticas sobre a programação.

O livro "História da Televisão no Brasil" mostra, por exemplo, que o baixo nível da programação é um tema de reflexão da imprensa, da universidade e da sociedade desde a década de 60.

Não é pequena, porém, a resistência a quem se dedica a este assunto. Além da reclamação que afeta qualquer crítico ("quem sabe, faz; quem não sabe, critica"), há uma questão bem específica, que diz respeito ao preconceito contra a própria televisão.

Comecei a escrever regularmente sobre o assunto há cerca de três anos e a "ofensa" que mais ouço é essa: "Tenho pena do Mauricio que ganha a vida cobrindo televisão."  Coloquei a palavra "ofensa" entre aspas porque esse tipo de comentário diz mais sobre o preconceito de quem escreve do que sobre mim.

Há algumas semanas recebi e-mail do autor de um programa que critiquei. Ele tinha razões para estar chateado, já que classifiquei sua criação como "constrangedora".  A sua resposta, porém, me surpreendeu. Disse ele: "Constrangedor é um homem de 50 anos ganhar a vida comentando programas  de TV."

Em outras palavras, para este criador, que ganha a vida escrevendo para a televisão, a crítica é um trabalho menor, desimportante, que deve ser exercido por pessoas mais jovens, inexperientes. Pela primeira vez foi possível ver claramente que o preconceito contra a televisão não é apenas de quem a assiste, mas também de quem a produz.

Em tempo: Tenho escrito sobre televisão aqui no blog, mas também no site do UOL Televisão. É possível acessar estes textos clicando na barra lateral direita do blog, em UOL Televisão Crítica. Vai aparecer sempre o texto mais recente e, no pé, um índice com outras críticas. O último foi publicado nesta quinta-feira, uma crítica aos primeiros capítulos da nova novela da Record (foto), intitulado "Vidas em Jogo" estreia como filme de ação e prossegue como melodrama.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.