Xuxa volta a repaginar seu programa, mas segue sem ideias nem identidade
Mauricio Stycer
07/01/2012 19h59
Durou apenas oito meses o "TV Xuxa", lançado em abril de 2011 com a proposta de encontrar um novo público para aquela que um dia foi a "rainha dos baixinhos". Neste sábado, estreou "TV Xuxa Férias", radicalmente diferente do programa anterior, mas tão previsível e sem rumo quanto.
Sem alcançar a audiência esperada, a Globo optou por substituir o diretor do programa. Saiu Mariozinho Vaz, entrou Mario Meirelles, que prometeu: "O 'TV Xuxa' é um programa muito versátil. Vamos aproximar a rainha ainda mais de seus fãs".
Um novo cenário deixa a apresentadora cercada de fãs e próxima a uma banda de música, o que lembra um pouco tanto o "Esquenta" quanto o "Altas Horas". Mas Xuxa não é Regina Casé ou Serginho Groisman.
Como previu o colunista Flavio Ricco, ao noticiar a mudança na direção do programa, o problema de Xuxa é de outra ordem. Ela precisa de bons roteiristas, com mais criatividade, ousadia e imaginação.
O primeiro novo programa exibiu atrações mais batidas e previsíveis do que show de Roberto Carlos: número musical com Alexandre Pires, entrevista com a escritora Thalita Rebouças, reportagem sobre clones de Elvis Presley, homenagem aos atores Paulo Goulart e Nicete Bruno e, cereja do bolo, Roupa Nova cantando "Whisky a Go Go".
Além da pauta sonolenta, Xuxa padece de um problema mais grave: crise de identidade. Os gritinhos de "uhu!" e o jeito tatibitate de conversar sugerem se tratar de uma criança falando com outras crianças. Mas ela não é mais "rainha dos baixinhos"… É o quê então? Responder a esta questão, creio, é o maior desafio para a apresentadora e para a Globo.
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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Sobre o blog
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