Silvio Santos elogia líder da Igreja Universal, mas não o dono da Record
Mauricio Stycer
30/07/2014 05h11
Silvio Santos dedicou dez minutos de seu programa, neste domingo (27), para elogiar Edir Macedo pela ideia "brilhante" de construir uma réplica do templo de Salomão em São Paulo. Depois de mostrar o convite recebido para a inauguração, enviado em nome de Senor Abravanel, o dono do SBT observou que o custo da obra, oficialmente de R$ 680 milhões, "não é importante". O que importa, ressaltou, é a ideia. "Não sei como ninguém pensou nisso em outra parte do mundo. Parabéns, Edir Macedo" (veja trechos no vídeo acima).
Questionado se é amigo do líder da Igreja Universal, Silvio Santos respondeu: "Não. Mas eu li os três livros sobre ele, a biografia e os dois últimos. Acho que o Edir fez uma bela obra. Ele ajudou mesmo, tirou muita gente do álcool e das drogas. Pode ter defeitos, mas as qualidades dele são mais importantes."
É interessante observar que os elogios de Silvio Santos são sempre ao líder da Universal, não ao dono da Record. Este ano, por exemplo, o dono do SBT reclamou publicamente de Macedo pela tentativa de contratação do ator Jean Paulo Campos, o Cirilo de "Carrossel". "Seu Edir, isso não é coisa que se faça", protestou Silvio em seu programa. Dias depois, ele conseguiu cancelar o negócio e manter o ator no elenco do SBT.
Os dois se conhecem desde 1989, pelo menos, quando Macedo comprou a Record, que tinha entre os seus sócios o dono do SBT. Como já detalhei no blog, as versões que ambos apresentam para o desenrolar do negócio são bem diferentes.
Em 2011, por exemplo, disse que o esforço da Record em superar um dia a Globo era ilusório. "Nós de televisão estamos vendo que por mais que a Record queira se aproximar da Globo, em todos esses anos ela não passou de onze pontos e ultimamente ela tem caído para dez, nove, oito pontos. O que significa que o público, dificilmente, vai deixar a Globo. A Globo é um muro", disse Silvio.
No ano seguinte, em maio, ao lançar a novela "Carrossel", que se revelou um grande sucesso, o dono do SBT previu: "Essa novela tem que dar 15. pontos A Record também não está indo lá essas coisas. Tá capengando (…) Se der 15 é um banho. A Record não vai dormir dez dias seguidos…". A novela foi, de fato, um sucesso, mas não alcançou o índice sonhado por Silvio Santos.
Nesses últimos anos, a diferença entre Record e SBT diminuiu e as duas emissoras têm disputado o segundo lugar ponto a ponto em todos os horários.
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.