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Apesar da vitória no Ibope, desprezo pelo jornalismo é uma derrota do SBT

Mauricio Stycer

18/04/2016 07h19

A decisão de Silvio Santos de não mostrar a cobertura do impeachment durante a tarde e boa parte da noite de domingo (17) resultou em excelente resultado no Ibope. Depois de muito tempo em terceiro lugar, o SBT recuperou a vice-liderança enquanto todas as outras emissoras transmitiam ao vivo de Brasília.

Na média das 24 horas, a emissora registrou 6,7 pontos, contra 13 da Globo e 5,1 da Record. A emissora não registrava 6,7 de média nas 24 horas desde 05 de julho de 2015, quando marcou 6,9.

O sucesso da estratégia pode dar margem a uma interpretação equivocada – a de que a população não estava interessada no processo de impeachment. Não é isso que mostram os números. Verdade que o SBT ficou em segundo lugar com a sua programação normal, mas a soma da audiência de todas as emissoras que exibiram e debateram a votação é três vezes maior que a da emissora de Silvio Santos.

O desinteresse de Silvio Santos pelo jornalismo é notório e antigo. A história do SBT registra alguns investimentos nesta área, mas raramente houve uma política clara para este departamento.

Silvio Santos mostrou mais uma vez não estar preocupado com o prestígio do seu jornalismo. Construiu a sua emissora desse jeito e não dá sinal algum de que mudará de ponto de vista. Para ele, os números de audiência confirmam o seu ponto de vista.

Para os jornalistas da casa, porém, a sensação é de derrota. Como qualquer profissional, os do SBT sabiam que o domingo era um dia especial e histórico. Trabalhar e não ver o seu esforço na tela foi uma frustração enorme.

O jornalista Sergio Utsch, correspondente da emissora na Europa, expressou esta sensação no Twitter. Escrevi que o SBT não cobriu o impeachment por decisão de Silvio Santos. Ele me corrigiu e disse: "Com todo respeito, está cobrindo sim. Com um grande e aguerrido time. Não está transmitindo. É diferente."

Atualizado às 15h

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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