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Há dois meses no ar, “Vídeo Show” noturno de Adnet não disse a que veio

Mauricio Stycer

21/10/2016 00h52


Exibidos nove episódios, um deles de "melhores momentos", "Adnight" segue como a maior incógnita da televisão em 2016. Que programa é esse? Nem Marcelo Adnet nem a Globo parecem saber. Ou, se sabem, ainda não contaram para o público.

Quando começaram as primeiras conversas sobre um programa para Marcelo Adnet na Globo, em meados de 2015, falou-se em um talk show.

Em janeiro de 2016, em entrevista à "Folha", Adnet disse: "É um talk show, tem algumas características comuns a esse gênero (banda, cenário, sofá, um convidado). Mas tem também um pouco da minha cara, meus gostos pessoais".

Meses depois, o programa havia mudado para um "late show", denominação usada para chamar, nos EUA, os programas de entrevistas que vão ao ar no final da noite. "Não tem o momento 'vamos sentar e conversar'. Essa não é a minha principal característica, não sou um entrevistador", explicou.

"É um programa que desconstrói positivamente o convidado, busca uma humanização para além da figura pública", acrescentou.

No final de agosto, ao estrear, "Adnight" deu a impressão de ser um "Video Show" noturno, uma variação do programa que Zeca Camargo apresentou entre 2013 e 2015, sempre recebendo um artista da Globo em um auditório, propondo testes e brincadeiras.

Em pouco mais de dois meses, Adnet recebeu, até agora, os seguintes convidados, todos do cast da emissora: Galvão Bueno, Cauã Reymond, Mariana Ximenes, Alexandre Nero, Bruna Marquezine, Mateus Solano, Leandro Hassum e Deborah Secco.

Como prometido, as brincadeiras são personalizadas, criadas em função de cada artista. Mas e daí? A proposta de "desconstruir positivamente" os convidados fracassou diante de programas roteirizados nos mínimos detalhes, sem espaço para improvisações ou surpresas.

Adnet parece perdido no palco, preso a um texto muito ensaiado e sem espaço para mostrar as suas qualidades. Não que "Adnight" seja chato ou incômodo. É apenas sem propósito, desnecessário.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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