Em semana de protestos ao vivo, sobrou de novo para as TVs Brasil e Globo
Quem sabe faz ao vivo, ensinou Faustão. E, de fato, não há nada mais difícil e arriscado do que aparecer ao vivo na televisão. Não dá para refazer o que saiu errado nem ignorar o imprevisto e o acidente. É preciso jogo de cintura, capacidade de improvisação e bom senso.
Em tempos turbulentos, de muita polarização política e bate-boca nas redes sociais, os riscos de quem faz TV ao vivo aumentaram muito. E duas emissoras, em particular, têm sofrido as consequências deste clima mais pesado: as TVs Brasil e Globo.
A primeira, uma emissora pública, vinculada à EBC (Empresa Brasil de Comunicação), tem sido alvo, desde o ano passado, de protestos contra o governo. Gritos de "fora Temer" já apareceram em diferentes transmissões e até durante uma partida de futebol a emissora deixou escapar um protesto.
Nesta quinta-feira (23), o ator Pedro Cardoso foi além e fez um protesto contra o próprio presidente da EBC, Laerte Rímoli, enquanto participava do "Sem Censura". Por quase dois minutos, o ator fez duras críticas a Rímoli e ao governo, sem ser interrompido. Educadamente, a apresentadora Katy Navarro esperou que ele terminasse e disse que respeitava a sua opinião.
Já a Globo, por ser líder de mercado, atrai descontentamentos maiores que as suas concorrentes. E os motivos dos protestos são variados – desde críticas à cobertura política até a forma como se posiciona contra a intolerância em matéria sexual, por exemplo.
No "Jornal Hoje" desde sábado (25), mais uma vez, uma pessoa interferiu em uma entrada ao vivo de um repórter. Bruno Tavares falava sobre o estado de saúde do presidente Michel Temer, internado no Hospital Sírio Libanês, quando foi interrompido por um homem aos gritos de "Globo lixo!".
O âncora Fábio William tentou contornar o inconveniente, mas não se expressou muito bem: "Tivemos um problema. Você vê que nem todo mundo é capaz de compreender como as coisas devem ser e que existem outras maneiras de mostrar a própria opinião".
Do jeito que estão as coisas, prevejo que este tipo de situação deve ocorrer com ainda maior frequência em 2018, ano de eleições no país.
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