Governo critica o texto de “Malhação” e eleva classificação indicativa
Mauricio Stycer
20/04/2018 10h40
Em despacho publicado nesta sexta-feira (20) no "Diário Oficial", o Ministério da Justiça determina que a Globo altere a classificação indicativa de "Malhação", hoje "não recomendada para menores de 10 anos" e informe que a novela não deve ser vista por menores de 12 anos.
Segundo o governo, temas como "consumo de drogas ilícitas, assédio sexual, ato violento e linguagem de conteúdo sexual" são incompatíveis com a autoclassificação sugerida pela Globo.
O que chama a atenção no despacho de Geraldo Luiz Nugoli Costa é o tom crítico, dirigido à emissora. O diretor do departamento de Políticas de Justiça observa que "os contrapontos apresentados na trama não foram suficientes para atenuar o impacto imagético e contextual das tendências apresentadas, para que estas se amoldassem à autoclassificação sugerida".
Ele reclama que "a emissora foi notificada mais de uma vez a respeito da incompatibilidade do conteúdo exibido com a faixa etária pretendida." Mas "os ajustes realizados pela emissora não foram suficientes para sustentar a classificação da novela como não recomendado para menores de dez anos".
Esta é a segunda interferência recente do Ministério em novelas da Globo. Em março, sob o argumento de que "Deus Salve o Rei" exibe cenas de "violência e conteúdo sexual", o governo determinou que a trama das 19h sofresse a mesma reclassificação agora determinada à "Malhação", passando de não indicada para menores de 10 anos para 12 anos.
Globo discorda da decisão
Questionada pelo blog, a Globo confirmou que vai reclassificar a novela, mas deixou registrado que não concorda com a decisão. "No nosso entender, a obra é apropriada para crianças menores de 12 anos, o que pode ser verificado pelos próprios pais ao assistir à 'Malhação Vidas Brasileiras', mas, como manda a lei, exibiremos a classificação do Ministério da Justiça", diz a nota enviada ao blog pela Comunicação da emissora.
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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