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Elenco questiona falta de negros em "Segundo Sol" e Globo promete “evoluir”

Mauricio Stycer

03/05/2018 16h45


As críticas à falta de personagens e atores negros em "Segundo Sol" levaram um grupo de atores da próxima novela das 21h da Globo a procurar a direção da emissora. Na reunião com a diretora de Desenvolvimento e Acompanhamento Artístico, Monica Albuquerque, eles ouviram que, de fato, há um problema a ser resolvido.

"Foi colocado que, de fato, ainda temos uma representatividade menor do que gostaríamos e vamos trabalhar para evoluir com essa questão", informou a emissora em nota na qual descreve o encontro.

Ao reconhecer a "representatividade menor do que gostaríamos", a Globo adota uma posição mais flexível do que a exibida no início desta semana, quando, em resposta a um questionamento meu, afirmou: "A Globo não pauta as escalações de suas obras por cor de pele, mas pela adequação ao perfil do personagem, talento e disponibilidade do elenco".

O novo posicionamento foi divulgado nesta quinta-feira (04) em uma resposta ao colunista Leo Dias, que havia divulgado a informação de que os atores da novela receberam um email com instruções sobre como responder a perguntas sobre o assunto. A Globo negou a existência deste email, mas confirmou a realização da reunião com Monica Albuquerque. "Conversas como as que aconteceram ontem (03) são comuns e, inclusive, encorajadas numa empresa que preza a transparência e o diálogo com seus colaboradores", diz a emissora.

De autoria de João Emanuel Carneiro, "Segundo Sol" tem estreia prevista para 14 de maio. Os protagonistas da trama são vividos pelos atores Emílio Dantas, Vladimir Brichta, Giovanna Antonelli e Adriana Esteves. Uma lista com 26 atores divulgada pela Globo indica que apenas três são negros.

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Abaixo, os trechos principais da nova nota da Globo sobre o assunto:

"(…) Na época da escalação de Segundo Sol discutiram-se nomes como o de Taís Araújo, que não poderia pois está em Mister Brau, e de Camila Pitanga, que não se sente pronta para voltar às novelas, depois do acidente que causou a morte de Domingos Montagner no final de Velho Chico. (…) Um grupo de atores de Segundo Sol procurou a diretora da DAA (Desenvolvimento e Acompanhamento Artístico), Monica Albuquerque, para conhecer o posicionamento da empresa sobre os comentários críticos à escalação da novela que circularam nas redes sociais no fim de semana. Ouviram da Globo o que ela já havia esclarecido à imprensa. Que uma história como a de Segundo Sol, também pelo fato de se passar na Bahia, nos traz muitas oportunidades e, sem dúvida, reflexões sobre diversidade na sociedade, que serão abordadas ao longo da novela, que está estruturada em duas fases. Que as manifestações críticas que vimos até agora estão baseadas sobretudo na divulgação da primeira fase da novela, que se concentra na trama que vai desencadear as demais. Que estamos atentos, ouvindo e acompanhando esses comentários, seguros de que ainda temos muita história pela frente. Foi colocado que, de fato, ainda temos uma representatividade menor do que gostaríamos e vamos trabalhar para evoluir com essa questão. É importante esclarecer que conversas como as que aconteceram ontem são comuns e, inclusive, encorajadas numa empresa que preza a transparência e o diálogo com seus colaboradores."


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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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