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No “Jogo das 3 Pistas”, Silvio diz que Figueiredo “deu” o SBT para ele

Mauricio Stycer

24/12/2018 13h26

Silvio Santos entre Mama Bruschetta, apresentadora do "Fofocalizando", e a dançarina Rafinha Viscardi

Silvio Santos voltou a falar do general João Figueiredo (1918-1999) em seu programa dominical (23). A menção ocorreu durante o "Jogo das 3 Pistas" e lembrou a decisão do governo de conceder ao empresário os canais que formaram o SBT em 1981.

Mama Bruschetta, apresentadora do "Fofocalizando", e a dançarina Rafinha Viscardi foram as participantes do quadro. Não faziam a menor ideia do assunto levantado por Silvio.

A primeira pista era "general brasileiro" e Mamma Bruschetta chutou Osório Duque Estrada, um poeta que fez fama no início do século 20. A segunda dica já diminuía o número de opções: "Foi presidente". Rafinha Viscardi chutou "Jânio Quadros", que foi presidente por sete meses em 1961, mas também não era militar.

A dica final facilitava bastante as coisas: "Deu a televisão para Silvio Santos". Mamma Bruschetta respondeu de primeira: "Garrastazu Médici". Errado. Em 1971, Silvio pediu a concessão da TV Excelsior, que havia fechado, mas o general Médici, então presidente, escolheu o "Jornal do Brasil", que também desejava uma televisão (e, apesar de ganhar o direito, nunca conseguiu viabilizar o seu canal de TV).

Silvio, então, perguntou ao auditório. E, diferentemente do que costuma ocorrer, houve um silêncio geral. "Ninguém sabe os nomes dos generais", observou o apresentador. Apenas uma senhora se levantou e, timidamente, respondeu: "General Figueiredo". Ganhou R$ 50 pelo acerto. "Essa aí sabe tudo", disse Silvio, sem comentar nada.

Na realidade, a pergunta comportava duas respostas corretas. Em outubro de 1975, o general Ernesto Geisel, então presidente do país, concedeu a Silvio Santos o canal 11, do Rio, que foi inaugurado em maio do ano seguinte, batizado como TVS. E agosto de 1981, o general João Figueiredo, último presidente do regime militar, concedeu a Silvio os canais que formaram o SBT.

A gratidão de Silvio a Figueiredo é notória. Em 2017, por exemplo, disse: "Sou muito grato a ele. Se não fosse ele, eu estava vendendo caneta na praça da Sé". Exagero, claro, mas dá uma ideia de como ele enxerga a concessão que resultou no SBT.

O aspecto curioso da pista dada no programa deste domingo é tratar uma concessão que foi disputada ferozmente por vários grupos empresariais como algo que Figueiredo "deu" a Silvio. É uma visão que reforça a versão de que a decisão foi influenciada, entre outros motivos, pela simpatia que o presidente e sua mulher, Dulce, tinham pelo empresário.

Em novembro de 2018, pouco depois das eleições presidenciais, Silvio mandou o SBT exibir uma série de mensagens patrióticas divulgadas originalmente durante a ditadura. Uma delas em especial, "Brasil: ame-o ou deixe-o", causou revolta e crítica, levando o empresário a mandar que fosse retirada do ar.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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