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Líder no Ibope na estreia, Maisa indica ao SBT caminho para os novos tempos

Mauricio Stycer

16/03/2019 15h28

No final de agosto de 2018, Maisa esteve na sede da Globo, em São Paulo, para gravar uma participação no "Conversa com Bial". Para promover a visita, a emissora produziu uma chamada especial, na qual ela tenta passar por uma catraca, mas é barrada e ouve a voz de Silvio Santos: "O que você está fazendo aí? Não vai entrar, eu não vou deixar".

Muito mais do que as suas declarações no talk show de Bial, foi este vídeo de 40 segundos, muito bem-humorado, que chamou a atenção. Com a chamada, divulgada com antecedência incomum, a Globo mostrou algo que o SBT já sabia, mas talvez preferisse não admitir em público: Maisa é tudo que a TV aberta precisa para se mostrar à altura dos tempos velozes que correm.

Confinar a adolescente mais seguida no mundo no Instagram ao mundo digital seria um equívoco. Porque Maisa não é um fenômeno nascido nas redes sociais, mas alguém que praticamente nasceu na televisão e ali mostrou do que é capaz.

A estreia do "Programa da Maisa" indica que o SBT se rendeu ao óbvio. Era um desperdício deixá-la fazendo figuração nos programas da casa, dando respostas engraçadas ou desaforadas ao Patrão. A estreia foi além das melhores expectativas.

Desde o primeiro minuto, a atração disputou a liderança no Ibope, marcando ao final média de 9,5 pontos contra 9,2 da Globo e 6,6 da Record. Esta vitória por pequena margem, segundo dados prévios, foi confirmada nesta segunda-feira (18), quando o instituto divulgou os números consolidados. Antes da estreia, a direção do SBT mencionava uma expectativa de 8 pontos.

Com um cenário colorido e bonito, a ajuda de Oscar Filho (como seu "unicórnio") e uma plateia repleta de adolescentes, Maisa entrevistou Fernanda Souza e Matheus Ceará. Houve quem lembrasse de Hebe Camargo e do "Programa Livre", comandado por Serginho Groisman.

Por ser uma estreia, Maisa se mostrou tensa em alguns momentos, sem conseguir prestar muita atenção no que os convidados falavam. Fazia perguntas, mas raramente aproveitava algo que eles diziam para desenvolver a conversa. Nada que não se resolva com o tempo.

O horário escolhido, às 14h15, indica o público-alvo: a família. "É um talk show apresentado por uma menina de 16 anos, mas é para toda família. Vai ter linguagem de internet, com apelo juvenil, mas não é para jovens", prometeu Fernando Pelegio, diretor de planejamento artístico e criação.

E, de fato, foi isto que vimos. Descontada a abertura um pouco longa, na qual Oscar Filho leva Maisa para o SBT como se fosse um motorista de Uber, foi um programa leve, bem-humorado, ágil, com inúmeros quadros divertidos, muitas referências ao mundo digital, mas também à velha TV, totalmente centrado na presença iluminada da apresentadora.

Em meio a Silvio Santos, Raul Gil e Ratinho, e mesmo Eliana e Portiolli, Maísa representa um aceno da emissora para o novo. Assim como Danilo Gentili, ainda que com perfis e alvos muito diferentes, a nova apresentadora ajuda o SBT a dizer que não está parado no tempo. E, tudo indica, lucrando com isso. Nos créditos de abertura, a emissora festejou o apoio de três marcas patrocinadoras.

Ao final do programa, foi inserida esta mensagem da apresentadora:

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.