BBB19 opôs esquerda a “procissão de débeis mentais”, diz o ex-BBB Adrilles
Mauricio Stycer
31/07/2019 19h27
Convidado do programa "Morning Show" na rádio Joven Pan, o poeta Adrilles Jorge, ex-participante do "BBB15", falou de sua amizade com Pedro Bial, explicou por que aprecia o reality show da Globo e fez considerações críticas sobre a mais recente edição, a 19ª, comandada por Tiago Leifert.
O apresentador Edgard Piccoli lembrou os elogios de Bial a Adrilles, feitos em uma entrevista em 2018: "Um poeta de grande valor, cultíssimo, até hoje a gente fala". E quis saber da amizade entre eles: "A gente se viu duas ou três vezes, ele me pagou jantares caríssimos, nababescos, afetivos", contou o poeta. "Ele é um homem de uma generosidade ímpar. A gente se fala toda semana por Whatsapp", revelou. "A gente é amiguinho virtual. E ele vai escrever a orelha do meu próximo livro", adiantou.
"Sempre tive o maior carinho pelo BBB. É o programa da televisão brasileira que desnuda o caráter das pessoas", disse. E, citando Freud, observou: "É um palimpsesto. Tem várias camadas. Apesar desta aparência jovem, que usa para ser vender, é um programa que a pessoa revela o próprio caráter, não só para os outros como para si", teorizou.
Adrilles, porém, avalia que a mais recente edição perdeu o rumo. "O que me entristece é que o programa progressivamente se transformou numa plataforma de propaganda política. Metade da edição passada foi de ativistas políticos. Não tinha ativista de direita. Tinha feministas, movimento negro", disse.
"São todos de política identitária absolutamente legítimas. Mas o que se esperava, já que você queria fazer uma polarização política a reboque do Bolsonaro? Esperava-se que viessem ativistas conservadores, como o nosso querido Caio Coppola". Ao que o comentarista do "Morning Show" replicou, sorrindo: "Eu aceitaria".
"A outra metade do elenco do BBB19, como dizer de uma forma politicamente correta?, foi uma procissão de débeis mentais", prosseguiu Adrilles. "Não havia antagonismo", lamentou.
Na visão de Adrilles, "a produção toda do BBB, a produção toda da Globo, é de esquerda. E o elenco do BBB foi um reflexo disso", afirmou. Insistindo no tema, em outro momento, disse que o entretenimento da Globo não é pluralista. "É todo tomado por uma visão de mundo", acusou.
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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