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A Fazenda 11: 5 erros que a Record cometeu no caso da expulsão de Phellipe

Mauricio Stycer

30/09/2019 05h01

Na madrugada de sexta para sábado, em meio a uma discussão após uma festa em "A Fazenda 11", o ator Phellipe Haagensen beijou Hariany Almeida sem pedir permissão. Foi uma cena surpreendente e chocante, que causou enorme repercussão.

A situação exigia uma atitude rápida da Record, o que não ocorreu. Ao contrário, a emissora demorou a agir e cometeu uma série de erros em sequência.

Primeiro erro. Vinte horas depois do beijo sem permissão, no programa que foi ao ar na noite de sábado (28), a Record exibiu a cena, mas não tomou nenhuma decisão. Pior, o apresentador Marcos Mion anunciou, fazendo suspense, que uma solução para o caso só seria conhecida 24 horas depois:

"Eu avisei que essa Fazenda ia ser fogo no feno. Vocês viram tudo que aconteceu hoje no programa e também tudo que envolveu o Phelippe Haugensen. A Record analisou com critério todos os detalhes do que ocorreu e você vai saber qual será a decisão final desta história no programa de amanhã. Pois é. Não acaba por aí, não. Aguarde pra ver."

Sem pedir permissão, Phellipe deu um beijo em Hariany na "Fazenda"

Segundo erro. O golpe baixo incomodou até mesmo o apresentador, que correu ao Twitter ainda na noite de sábado para se eximir de qualquer responsabilidade pela apelação. Era melhor Mion não ter falado nada.

Disse ele: "Não adianta me cobrar uma atitude ou decisão do que deveria ou vai acontecer NO PROGRAMA. Como falei no áudio que a direção me pediu para gravar: a decisão da EMISSORA, dona do programa, será anunciada, por mim, no programa de amanhã. E eu ainda não sei qual é."

Terceiro erro: A Record perdeu o controle da situação e, sem reagir, viu a crise transbordar no Twitter, justamente a rede social que a emissora mais utiliza para promover o reality show. No meio da tarde de domingo (29), a Oi resolveu se manifestar. A empresa se deu conta que muitos de seus seguidores/clientes estavam furiosos porque ele não apenas patrocina "A Fazenda" como ainda conta com Marcos Mion como garoto-propaganda de uma campanha.

Uma resposta-padrão foi preparada e divulgada para uma centena de internautas. Dizia: "Oi repudia e se manifesta contra qualquer conduta que configure crime de natureza ou caracterize ofensa às mulheres. A Oi solicitou à emissora providências e que demande a apuração do caso às autoridades competentes para que sejam adotadas as medidas cabíveis."

O apresentador da "Fazenda 11", Marcos Mion

Quarto erro. À noite, ao entrar ao vivo com "A Fazenda", às 23h17, Marcos Mion informou: "Até o fim do programa você vai saber o que aconteceu com Phellipe". Por que fazer ainda mais suspense? O anúncio da expulsão do participante só foi feito às 23h54, quase 40 minutos depois de iniciado o programa.

O público, em protesto, substituiu a hashtag "A Fazenda 11" por "O Assédio 11" e a colocou entre os principais assuntos da noite no Twitter.

Quinto erro. Ao comunicar a expulsão, Mion leu um texto ambíguo, que não deixou claro se Phellipe desrespeitou alguma regra do programa. O apresentador deu a entender que a expulsão ocorreu porque o ator cometeu um crime. Podia ter sido bem mais claro nesta questão essencial. Quanto mais transparência melhor, e a Record optou por deixar algumas dúvidas no ar.

Disse Mion: "Beijo roubado ou forçado, encoxadas, mão boba, entre outros, são considerados crimes contra a dignidade sexual. Pelo regulamento do programa é proibida qualquer ação que coloque em risco a integridade física dos participantes. E a produção deve cumprir o regulamento, mas também deve cumprir as leis. Em razão da demonstração de inconformismo da Hariany, por sentir-se invadida pelo beijo, que de fato aconteceu e foi assumido textualmente pelo Phellipe, o departamento jurídico da Record TV decidiu que ele deve sair do programa. Diante destes fatos, a partir deste instante, Phelippe está expulso e não continua na nossa competição."

Enfim, na busca de Ibope para o reality, entendo que Record se submeteu a um desgaste desnecessário.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.