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50 anos de carreira de Regina Duarte: relembre seus trabalhos na TV – Anos 80

Nilson Xavier

09/02/2012 07h00

Com Francisco Cuoco em "Sétimo Sentido"

Em 1982, Regina Duarte voltava à TV, em uma novela de Janete Clair. Em Sétimo Sentido (direção de Roberto Talma, Jorge Fernando e Guel Arraes), a atriz viveu a paranormal Luana Camará, que retornava ao Brasil para reaver a fortuna deixada pelo seu falecido pai, que estava sob o poder da família Rivoredo. Algum tempo depois, cansada de lutar em vão contra os ambiciosos Rivoredo, Luana retorna ao Marrocos, onde vivia, deixando para trás o seu amor pelo jovem Rudi Rivoredo (Carlos Alberto Riccelli). Mas de repente, todos se veem à volta com uma mulher idêntica a Luana, mas de temperamento completamente diferente. Ela é a esfuziante atriz italiana Priscila Capricce, que enlouquece de paixão Tião Bento (Francisco Cuoco), o principal opositor de Luana.  Na verdade, Luana havia incorporado o espírito da falecida atriz. Regina Duarte voltava a contracenar com Francisco Cuoco, com quem atuara em Legião dos Esquecidos (1968-1969), na Exlcesior, e em Selva de Pedra (1972), na Globo.

Anúncio do seriado "Joana"

Em 1984, afastada da Globo, Regina protagonizou uma produção independente do diretor Guga de Oliveira (irmão do Boni): o seriado Joana, apresentado na Manchete e, no ano seguinte, no SBT. A proposta era muito parecida com a de Malu Mulher, da Globo: as protagonistas eram mulheres feministas e destemidas, com conflitos com as seus respectivos filhos e ex-maridos. A jornalista Joana Martins está em seu segundo casamento e tem de conciliar sua vida em família com seu trabalho na revista, onde segue uma linha de jornalismo investigativo, envolvendo-se em questões sociais, políticas e criminais.

Com Lima Duarte em "Roque Santeiro"

De volta a Globo, Regina foi chamada para viver a Viúva Porcina, na regravação de Roque Santeiro. A novela havia sido censurada em 1975, na noite de sua estreia, e, dez anos depois, pôde finalmente ser gravada. Betty Faria não aceitou fazer o papel de Porcina, como há dez anos, e coube a Regina substituí-la. A novela – um grande sucesso, escrita por Dias Gomes e Aguinaldo Silva, dirigida por Paulo Ubiratan, Gonzaga Blota, Marcos Paulo e Jayme Monjardim – marcou a história de nossa TV e a carreira de Regina Duarte, que brilhou na pele da espalhafatosa e fogosa viúva. De "Namoradinha do Brasil" a atriz tornou-se "Amante Nacional" – como se dizia na época. Porcina era o pivô de uma farsa institucionalizada por Sinhozinho Malta (Lima Duarte) para tirar proveito em cima da imagem de Roque Santeiro (José Wilker), a quem julgava morto. Para a amante, Sinhozinho criou a imagem da viúva de Roque, considerado santo pela população local. Mas Roque estava vivo e disposto a desfazer o seu mito, para o desespero de Sinhozinho. A situação se complica quando o "ex-morto" e sua "viúva" – a que era sem nunca ter sido – passam a ter um envolvimento amoroso. No final, ela tem que decidir se fica com Sinhozinho ou se embarca com Roque no avião – numa sequência rodada à la Casablanca, o filme – uma das mais marcantes da novela.

Com Glória Pires em "Vale Tudo"

Depois do grande sucesso de Roque Santeiro, Regina Duarte voltaria a TV em 1988, numa novela escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères: Vale Tudo, outro marco de nossa teledramaturgia. Ela era a simplória Raquel, uma mulher batalhadora que é enganada pela própria filha, Maria de Fátima (Glória Pires), que vendeu a casa em que viviam e fugiu com o dinheiro para o Rio de Janeiro. Raquel vai ao encalço da filha, mas só encontra seu desprezo. Disposta a esquecer Fátima, Raquel arregaça as mangas e recomeça do zero, vendendo sanduíches na praia. Seu negócio prospera até tornar-se proprietária de uma cadeia de restaurantes. Enquanto isso, Fátima usa dos métodos mais sórdidos para subir na vida. Casa-se com o ricaço Afonso (Cássio Gabus Mendes), filho da pérfida Odete Roitman (Beatriz Segall). Raquel, por sua vez, amava Ivan (Antônio Fagundes), mas eles acabaram se separando quando Ivan uniu-se à carente filha de Odete, Heleninha (Renata Sorrah), uma alcoólatra. Nesta novela – dirigida por Denis Carvalho e Ricardo Waddington – Regina dividiu os louros com outras grandes atrizes, como Glória Pires, Beatriz Segall e Renata Sorrah.

Vale destacar também duas participações marcantes de Regina em novelas dos anos 80. Em Guerra dos Sexos (1983), ela apareceu em alguns capítulos como Alma, uma das mulheres "do Bigode Preto", enviada de Otávio (Paulo Autran) para irritar e amedrontar Charlô (Fernanda Montenegro), enquanto ele estava desaparecido. Em Top Model (1989-1990), Regina apareceu como Florinda, mãe de um dos filhos de Gaspar (Nuno Leal Maia). No caso, Florinda era mãe de Olívia, vivida na novela por Gabriela Duarte, filha de Regina.

 

Relembre a trajetória da atriz nos anos 60.

Relembre a trajetória da atriz nos anos 70.

Relembre a trajetória da atriz nos anos 90.

Relembre a trajetória da atriz nos anos 2000 em diante.

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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