Topo

50 anos de carreira de Regina Duarte: relembre seus trabalhos na TV – Anos 90

Nilson Xavier

10/02/2012 07h00

Em "Rainha da Sucata"

Em 1990, Regina Duarte atuou em mais um grande sucesso de sua carreira. Em Rainha da Sucata – de Silvio de Abreu, com direção geral de Jorge Fernando – ela era a rica empresária Maria do Carmo Pereira, que se estabelecera com o negócio do pai que, de dono de um ferro velho, chegou a empresário do ramo de automóveis. Por sua origem humilde e jeitão despachado e cafona, Maria do Carmo ficou conhecida como Sucateira. Apaixonada desde os tempos de colégio por Edu (Tony Ramos), filho de milionários falidos, ela faz de tudo para aproximar-se do rapaz, que a despreza. E ainda tem que lidar com a arrogância da madrasta dele, a socialite Laurinha Figueroa (Glória Menezes), apaixonada pelo enteado. A situação piora com a derrocada econômica, causada por seu administrador mau caráter, Renato Maia (DanielFilho). E ainda perde o prédio na Avenida Paulista para sua vizinha, Dona Armênia (Aracy Balabanian), a legítima proprietária. Lá funcionava sua casa de shows, a Sucata. Maria do Carmo não hesita em recomeçar do zero, novamente juntando ferro-velho, como o pai fizera um dia.

Regina voltaria à TV em 1993, na série Retrato de Mulher – direção de Del Rangel com supervisão de texto de Walcyr Carrasco – onde interpretava uma personagem diferente a cada episódio mensal. O início dos episódios apresentava Regina em frente a um espelho, preparando-se para assumir a personagem e explicando brevemente a vida da mulher em questão. Cada episódio se intitulava "Era uma Vez…" e o nome da personagem que Regina ia interpretar. Assim, foi ao ar "Era uma Vez… Luciana", "Era uma Vez… Tereza", "Era uma Vez… Madalena", etc.

Na chamada da minissérie "Incidente em Antares"

Em 1994, Regina fez uma participação especialíssima na minissérie Incidente em Antares, escrita por Charles Peixoto e Nelson Nadotti a partir do romance de Érico Veríssimo, com direção geral de Paulo José. Ela era a telefonista Shirley, que passava o tempo todo ao telefone contando os últimos acontecimentos da cidade de Antares. Shirley funcionava como uma espécie de narradora da história e, a cada novo capítulo, relembrava o capítulo anterior.

Em sua participação no remake de "Irmãos Coragem"

Em comemoração aos trinta anos da Globo, a emissora produziu, em 1995, um remake da novela Irmãos Coragem, de Janete Clair, com direção geral de Luiz Fernando Carvalho e Reynaldo Boury. Regina havia atuado na primeira versão, em 1970, como Ritinha. Em 1995 ela retornou numa pequena participação que soou como uma homenagem. Regina aparece rapidamente numa cena com a filha Gabriela Duarte, a Ritinha desta nova versão.

Com José Mayer em "História de Amor"

Ainda em 1995, Regina Duarte estrelou História de Amor, de Manoel Carlos, em que viveu a primeira das três Helenas do autor que ela interpretou. A novela – com direção geral de Ricardo Waddington – foi um sucesso das seis da tarde, um folhetim leve e charmoso. Helena era uma mulher batalhadora que enfrentava a gravidez prematura da filha rebelde, Joice (Carla Marins). O ex-marido, Assunção (Nuno Leal Maia), pai de Joice, não se conformava com a situação. Solitária, Helena despertou o interesse do médico Carlos (José Mayer) e não resistiu a essa nova paixão. Mas Carlos já era comprometido e sofria com os ciúmes da possessiva noiva Paula (Carolina Ferraz). De casamento marcado com Paula e balançado por Helena, Carlos ainda era assediado pela ex-mulher Sheyla (Lília Cabral), que sonhava com uma reaproximação.

Com sua filha Gabriela Duarte em "Por Amor"

O trabalho seguinte de Regina foi interpretar outra das Helenas de Manoel Carlos: em Por Amor (1997-1998), com direção geral de Ricardo Waddington e Roberto Naar. Novamente a atriz voltava a contracenar com sua filha Gabriela, e nos papeis de mãe e filha, como já explicitava a bela abertura da novela. Helena se casou com Atílio (Antônio Fagundes), enquanto a filha Eduarda (Gabriela Duarte) se casou com Marcelo (Fábio Assunção). Mãe e filha engravidaram na mesma época e acabaram dando a luz no mesmo dia e horário, no mesmo hospital, aos cuidados do jovem médico César (Marcelo Serrado), eterno apaixonado por Eduarda. O filho de Helena nasceu saudável, mas Eduarda sofreu complicações no parto e seu filho morreu logo depois. Para complicar a situação da moça, ela nunca mais poderia ter filhos. Helena imaginou que seria um golpe duro demais para a filha e, desesperada, fez um pacto com o médico: trocou as crianças. Eduarda criou então o irmãozinho pensando ser ele seu próprio filho. A única pessoa que sabia desse segredo era César, que concordou com a troca pelo mesmo objetivo que a mãe: não fazer Eduarda sofrer. Mas o sofrimento maior era de Helena, que foi obrigada a tratar o filho como neto enquanto via seu relacionamento com Atílio desmoronar, apesar do grande amor que sentiam um pelo outro. Um folhetim dramático mas irresistível, Por Amor foi um dos maiores sucessos de Manoel Carlos – a troca de bebês da história mobilizou o país. A novela contou com a atuação de um excelente elenco, que tinha ainda Susana Vieira, Vivianne Pasmanter, Cássia Kiss, Carolina Ferraz e Paulo José em papeis marcantes.

Envelhecida para a minissérie "Chiquinha Gonzaga"

Regina Duarte encerrou a década de 1990 com um trabalho primoroso ao dar vida à compositora Chiquinha Gonzaga, na minissérie escrita por Lauro César Muniz e Marcílio Moraes, em 1999, com direção geral de Jayme Monjardim. Chiquinha escandalizou a sociedade carioca de sua época com seus ideais libertários, seus amores, sua arte e com a popularização do samba como música genuinamente brasileira. Entre a classe artística marginalizada, encontrou o apoio para compor e tornou-se a primeira compositora e maestrina do cenário brasileiro do final do século XIX. Gabriela Duarte viveu a personagem na fase jovem, enquanto Regina fez a Chiquinha madura e, com uma forte máscara de silicone, a Chiquinha velha.

Relembre a trajetória da atriz nos anos 60.

Relembre a trajetória da atriz nos anos 70.

Relembre a trajetória da atriz nos anos 80.

Relembre a trajetória da atriz nos anos 2000 em diante.

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

Blog do Nilson Xavier