Só decepção! É impossível torcer pelos personagens de Amor de Mãe
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Amor de Mãe é uma das melhores novelas das 21 horas dos últimos tempos. Oferece ao povo brasileiro tramas interessantes e personagens tridimensionais, pelo menos no limite das 3 dimensões possíveis dentro de um folhetim.
A proposta da autora Manuela Dias foi, desde o começo, mostrar que o mundo não pode ser observado pelo filtro do Tonho da Lua, em que alguém só pode ser bom ou mau. Vem daí aquele papo de que a novela não tem vilões, que a grande vilã é a vida. Com isso, todos os personagens são vacilões em potencial.
Para ter uma ideia, a mais boazinha em Amor de Mãe matou o marido sem querer e também levou para a cadeia um celular escondido dentro de um bolo de brigadeiro. Uma fofa.
Como todo mundo tem desvios acentuados de caráter, o telespectador mais acostumado a uma moral de fácil fruição pode acabar apartado da formidável trama. E isso é repetir o erro de A Regra do Jogo, primeira novela de João Emanuel Carneiro pós-Avenida Brasil.
"Na Favorita, era muito claro que havia uma boa e uma má. Aqui é justamente 50 Tons de Cinza. É justamente: como condenar? Quem ainda é passível de salvação e quem não é? Quem vai direto para o inferno?", disse o autor em entrevista ao Estadão na época do lançamento da novela.
Viu como os questionamentos servem direitinho para Amor de Mãe? Sem o viés politizado daquela trama, pois a atual é mais sentimental, tudo o que temos são interrogações. É para detestar ou amar Tufão Stark (Murilo Benício)? Podemos confiar em Sandrinho Malvadeza (Humberto Carrão)? É saudável odiar pai e mãe daquela youtuber xarope, que também é intragável por seus próprios méritos?
Vai se dar bem quem preferir curtir o espetáculo em vez de montar torcida organizada por esse ou aquele personagem. Ou aproveitar o ensejo para exercitar o amor de mãe, incondicional, para aquela cambada de degenerados. Por mim, tudo bem.
Voltamos a qualquer momento com novas informações.
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