Carnaval da Globo foi só elogios e falta de bom jornalismo

No Carnaval da Globo, em São Paulo, faltou transmissão. Teve sempre uma conversa agradável, troca de agrados e elogios, mas muita coisa não foi mostrada ou dita do que acontecia na avenida e fora dela.

Chico Pinheiro conhece tudo de Carnaval, circula bem no mundo do samba, mas está longe de ser um narrador com o aperfeiçoamento que a função exige. Com boa vontade, quase o tempo todo, ele não foi além de um preocupado mestre de cerimônias.

Aliás, a quantidade de elogios colocados fizeram lembrar meu início na Folha da Tarde, quando fui encarregado de cobrir a estreia de um pianista-cantor no bar do antigo hotel Comodoro, da Duque de Caxias. Naquele dia, lembro bem, o colunista da noite tinha um casamento. Todos os adjetivos, do lado positivo, foram calculadamente distribuídos no artigo de 20 linhas, a ponto de merecer uma conversa com o editor no dia seguinte.

Achava que "parabéns" seria o mínimo que ia ouvir. Só que o silêncio da sala não indicava boa coisa. Depois de alguns eternos segundos, entre trocas de olhares entre o jornal e o pobre coitado sentado na sua frente, ele apenas disse: já imaginou o dia que você assistir o Frank Sinatra?

É o caso do Chico, Monalisa e todos os outros. E o dia que assistirem coisa melhor? Quais novas palavras serão usadas?

A transmissão do Carnaval, antes de tudo, deve ser uma cobertura jornalística. Isenta. Por que tanta preocupação em não mostrar e identificar artistas de outras emissoras? No Carnaval, para a TV, tem que ser um vale tudo. Aliás, ou o operador de caracteres faltou ou esqueceram de escalar.

O movimento nos bastidores, camarotes e mesmo nas ruas, passaram despercebidos pela Globo. Aliás, sobre o camarote da Prefeitura de São Paulo, um dos mais animados e concorridos, faltou alguém dizer quem foram esses convidados? Quais os critérios para a escolha dessas pessoas? Só não precisa informar nas costas de quem ficou a conta, porque isto todo mundo já sabe. 

*Com colaboração de José Carlos Nery

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