Nunca mais o Brasil terá um novo Gugu
O que se viu estes últimos dias, com a morte e o enterro de Gugu Liberato, o Brasil verá novamente pouquíssimas outras vezes. Comoção nacional, uma população inteira paralisada com a morte de uma pessoa que todo o país conhecia, isso, raramente voltará a acontecer. Os ídolos nacionais que mexem com toda a população estão deixando de existir. Conta-se nos dedos de uma mão quem causaria uma grande comoção ao morrer. E depois que esses poucos morrerem, provavelmente, não existirá mais alguém que atinja diferentes segmentos dentro do país.
A razão para esta conclusão é simples: o mundo está pulverizado. Na época de Gugu, o mundo era bem diferente. Havia poucas opções de entretenimento, no máximo, cinco, seis emissoras de TV aberta.
Gugu é da época em que Michael Jackson fez show para 500 mil pessoas em Berlim, que Whitney Houston teve o álbum mais vendido da história. O mundo era um só. Hoje, o mundo está dividido em bolhas. Temos mais de 150 canais a cabo. A internet criou ídolos que a grande maioria nem sabe quem é. Hoje está tudo muito mais descartável. O consumo é muito mais rápido e a retenção da informação, baixíssima.
As pessoas viraram mais individualistas e não se apegam a mais nada. O outro passou a ter menos valor.
Caso Gugu surgisse hoje, ele teria o público dele mas não alcançaria todo o país. Ele teria que concorrer com as plataformas de streaming. Ele teria o nicho dele é só. Uma bolha poderosa, mas não iria passar disso.
A Internet fez com que a fama mudasse. O que é ser famoso hoje é muito mais relativo do que no passado. Tem muito famoso por aí que você nunca ouviu falar. A questão é: ele não pertence à sua bolha. Entende?
Até o crime está pulverizado. A chance de surgir um novo Pablo Escobar é praticamente nula. O tamanho das organizações criminosas mudou. Uma pessoa controlar tudo, hoje em dia, não dá.
Por isso que num mundo com tantas bolhas, é quase impossível que surja um nome que circule por todas elas. Agora, pare e pense sobre a sua bolha.
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