Monique Evans sobre transa com mulher: 'O que ela fazia em mim, eu imitava'
Resumo da notícia
- Apresentadora fala do relacionamento com a namorada e de como se surpreendeu ao se apaixonar por uma mulher
- Revela como foi embarcar nesse relacionamento e contar para a mãe e os filhos
- E diz que gostaria de voltar a trabalhar com televisão
Monique Evans foi um ícone de beleza dos anos 1980. Começou sua carreira nas passarelas na mesma época em que Xuxa e Luiza Brunet, tornou-se símbolo sexual, transgrediu regras com seu jeito espontâneo e humor debochado, fez uma linda história na televisão e superou duas grandes crises de depressão.
Mesmo longe da TV, a loira segue em alta e cercada por uma legião de admiradores. Em entrevista ao colunista Leo Dias, Monique, hoje com 63 anos e há quase 6 anos casada com a DJ Cacá Werneck, relembrou o espanto que sentiu ao se descobrir gay aos 57 anos.
"Já estava gostando dela. Aí eu falava: 'Mas estou ensapatando, será? Que coisa mais esquisita!'. Na minha cabeça, ficava pensando: 'Gente, dar um beijo em uma boca com batom? Como é isso? Gosto de homem. Como é que é gostar de uma mulher?'. Mas foi muito forte", contou a apresentadora, que falou também sobre a primeira vez que fez sexo com Cacá.
"Falei para ela: 'Você tem que ir devagarzinho, porque nunca fiz mulher. Nunca tive uma mulher na minha vida. Não sei fazer nada'. E a gente teve um tempinho para aprender certas coisas, digamos assim. O que ela fazia em mim, eu imitava e fazia nela."
Veja, abaixo, trechos da entrevista.
Leo Dias - Há um tempinho, você postou uma foto com a cabeça raspada. Aquela imagem não sai da minha cabeça. Aquilo na época chocou muito, né?
Monique Evans - A Cacá raspou agora, aí quis mostrar que já tinha raspado há muito tempo. E como nós ficamos parecidas, entendeu?
Só que a representatividade naquela sua época era outra.
Era bem diferente. Hoje em dia as pessoas são mais caretas do que naquela época. É impressionante, porque naquela época você saía na capa das revistas de peito de fora. Hoje em dia não pode mais sair na capa de revista, nem no Instagram, nem em lugar nenhum de peito de fora.
A Cacá, nas performances dela como DJ, muitas vezes está com os peitos estão de fora.
É, mas aí não pode mostrar no Instagram. Agora ela não faz mais, mas antigamente eu achava um absurdo o homem poder mostrar o peito e a mulher não. E no Instagram aqueles nudes todos masculinos e não pode mostrar um mamilo. E é só um mamilo, o peito pode. Não pode mostrar o mamilo.
São questionamentos que você faz?
Pois é, porque na minha época não tinha isso. E aparecia na televisão, na TV Globo, todo o mundo pelado de peito de fora. Não tinha esse tipo de problema e, hoje em dia, está todo o mundo mais careta. Hipocritamente careta, né? Porque as coisas que estão rolando por debaixo dos panos, vou te contar!
Com esse isolamento, como é que está a sua vida?
Sendo obrigada a ficar dentro de casa é diferente. A gente vê diferente o babado, entendeu? Estou fazendo a comida, estou lavando a louça, e a Cacá cuida da limpeza da casa. Nós temos três cachorros e é uma loucura para os cachorros comerem. É pior do que bebezinho, então a gente fica horas dando de comer para os cachorros. Eu vejo muito jornal, fico na GloboNews, porque sei de tudo.
Você não tem saído para nada?
Para nada! Afinal de contas, tenho 63 anos, estou no grupo de risco [risos].
Você se sente no grupo de risco?
Não, nem um pouco. Mas é legal ter 63 anos, porque você fura fila lá na hora de entrar no avião, tem preferencial. No banco você não fica esperando.
Agora, fora este momento de pandemia, como está a sua vida? Casada, né?
Há 6 anos quase. Lembro no início que muita gente via como: "Ah, é moda! É loucura! Não vai durar!". Mas você sabe que não senti isso? Porque, na minha cabeça, tive que me encarar primeiro, para aceitar. Eu já estava gostando, já estava pensando nela, pensando em ligar para ela. Aí eu falava: "Mas estou ensapatando, será? Que coisa mais esquisita!". Falava: "Não, não é possível gente!". E aí estava aquela mulher linda lá, me esperando sair do médico, sair do boxe, ia malhar comigo. Quando ela falou a frase: "Olha, posso te fazer mais feliz do que muitos homens", falei assim: "Ai meu Deus, olha que posso me apaixonar!''. Foi o momento. Falei: "Você tem que ir devagarzinho, porque nunca fiz mulher. Nunca tive uma mulher na minha vida. Não sei fazer nada". A gente teve um tempinho para aprender certas coisas, digamos assim.
Você acha que o único problema foi com você mesma? A sua mãe, a sua filha, o seu filho, todo o mundo encarou de uma maneira normal?
Normalíssimo. Primeiro contei para uma prima minha, depois contei para a mulher do meu filho, a minha nora. Aí falei: "Você acha que ele vai achar estranho?". E ela: "Claro que não. Ele quer a sua felicidade". Menino, no dia seguinte recebi um e-mail dele, a coisa mais linda que você pode imaginar. Com a Bárbara já foi diferente, porque a imprensa começou a questionar, e ela ficou atenta. Quando fui contar, ela falou: "Ah já sei, você está com aquela sua namoradinha, já vi vocês nas fotos!". Ela já imaginava. Ela não é nada de boa. A Cacá põe os peitos de fora, e ela reclama. É caretérrima! Agora então que vai casar, é tudo tão caretinha, tão certinho, você não está entendendo [risos]!
Quer dizer, ela ficou careta e você ficou moderna?
É, sempre fui moderna, né? E ela teve aquela fase de sair, de tudo. Mas, na verdade, a Bárbara nasceu para ser mãe, para ter família. É o sonho dela. Ela não vê a hora de engravidar.
O que morar, viver e se relacionar com uma mulher mudou na sua cabeça?
Ah, mudou muito. Por exemplo, ela me ouve mais. Ela me dá mais chance de conversar. É mais companheira, é muito diferente de homem, cara. A cabeça é outra, entendeu? A cabeça de mulher é outra coisa.
Você acha que ela é muito mais presente na sua vida do que se fosse um homem?
Total, a gente fica [junto] 24 horas, mesmo sem ser na quarentena.
É por isso que você acha que os relacionamentos entre duas mulheres duram bem mais do que entre dois homens?
Com certeza! A mulher é muito mais carinhosa, tem mais cuidado, sabe? É mais romântica. Tem essas coisas todas.
E qual era o seu preconceito em admitir? Do que você tinha medo?
Não, nunca me preocupei com esse negócio de imagem com os outros. Mas, na minha cabeça, ficava pensando: "Gente, dar um beijo em uma boca com batom? Como é isso?". O resto das coisas eu não imaginava, sabe, Leo? Não tinha ideia como é que era a parada. Aí eu falava: "Mas gosto de homem. Como é que é gostar de mulher?". Mas foi uma coisa muito forte.
Sei que o seu relacionamento é estável, é forte, não estou querendo tratar realmente dessa possibilidade. Mas vamos supor que daqui a um tempo vocês se separem. Você acha que você vai voltar a se relacionar com homem ou com mulher?
Antes dela eu já estava havia quatro anos sem ninguém, porque tinha desistido dos homens, entendeu? Porque homem me perturbava, pensava diferente do que eu. Então, estava sem dar beijo na boca, sem fazer nada. Quando encontrei a Cacá, mudei. Foi uma coisa completamente nova em todos os sentidos. Agora, não olho para outra mulher. Como também não olho para outro homem, entendeu? Sempre fui megafiel.
A Cacá te conheceu como?
Ela me conhecia pela internet, falava: 'Werneck', e eu achava que era a Tatá. Quando fui entrar para responder, vi uma mulher com o abdome incrível e falei: "Espera aí, essa não é a Tatá Werneck. Que mulher é essa?". Comecei a conversar com ela, a gente viu que as duas tinham depressão e ficou amiga por isso. Da segunda vez que me internei, ela disse para um amigo meu que ia me visitar na clínica. Ela apareceu lá. Quando ela apareceu, estava de saltinho. Leo, ela não usa isso. Ela estava de saltinho, com um jeans todo justinho. Ela estava a coisa mais linda. Parou a clínica toda.
Mas, naquele momento, você nem desconfiava que ela estava interessada?
Não, nem ela também desconfiava. Ela achava que estava me ajudando. Só quando a gente deu o primeiro abraço. Quando bateu aquele peito com peito na hora do abraço, deu um "tchum", menino, que não entendi. Falei: "Ensapatei, meu Deus do céu!".
Você sabe quando foi o primeiro beijo?
Depois que ela falou que queria ficar comigo mesmo e falou que ela ia ser melhor do que qualquer homem. "Posso te fazer mais feliz do que qualquer homem", foi essa a frase. O beijo foi depois disso.
E ela estava certa, Monique?
Total. Até que a gente deu um selinho, as duas ficaram nas nuvens. Quando rolou beijo mesmo, a gente falou: "Ui, meu Deus do céu!, o babado vai ser bom". E depois do primeiro beijo foi rápido lá o babado.
Mas do beijo para o babado tem gente que trava um pouco, né?
Pois é, mas aí eu imitava tudo o que ela fazia. O que ela fazia em mim, eu imitava e fazia nela.
"De Noite na Cama" (Shoptime, 1998-2000) é um clássico da televisão brasileira. Você concorda?
É um clássico. Não importa a idade, todo o mundo pergunta desse programa e quer que volte, é impressionante. A gente passava o Jô [Soares], tinha mais audiência do que ele.
A questão é: você soube fazer dinheiro nessa época?
Não, porque não ganhava muito, Leo. Você sabe como é o babado. O dinheiro que ganhei comprei uma casa em Alphaville, que está lá, está para alugar. Inclusive, se alguém quiser alugar, por favor [risos]. Porque estou ferrada!
O que você quer para a sua vida?
Queria voltar a trabalhar, porque sinto falta de criar, sinto falta de sair para fazer uma coisa e voltar feliz de ter feito bem, sabe? Porque sei que faço bem, sei que as minhas audiências eram altíssimas.
Me lembro que no "TV Fama", na hora em que você entrava no ar, a audiência subia de 3 a 5 pontos. Era uma coisa absurda. Arrependimentos, você tem algum?
Não tenho muito, não. Acho só que hoje em dia sou uma pessoa muito mais calma e mais ponderada. Penso mais antes de fazer as coisas. Eu não tinha filtro quando jovem, falava o que pensava. Agora pondero mais, sou mais calma. Acho que, naquela época, se tivesse essa cabeça que tenho hoje, teria conseguido muito mais coisas.
Defina-se. Quem é Monique Evans?
Então, comecei com 14 anos como modelo. Fui capa de quase 60 revistas de moda, fazia topless em Ipanema quando ninguém fazia.
Era uma mulher transgressora, sem preconceitos.
É, mas, ao mesmo tempo, nunca me vendi. E não é só sexualmente falando. Se eu não acreditava na coisa, eu não ia, entendeu? Não faria um comercial de cigarro, já que sou contra quem fuma. Uma pessoa muito CDF, que fazia tudo muito perfeitinho e não gostava de designar coisa para as outras pessoas fazerem.
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