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Marca de moda vende máscaras a R$147,00 e passa vergonha em plena pandemia

Marca de moda carioca vende máscaras a R$147,00 - Reprodução
Marca de moda carioca vende máscaras a R$147,00 Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

06/05/2020 12h30

Desde ontem, a Coluna do Leo Dias vem recebendo inúmeras mensagens com a 'nova promoção' de uma marca de roupas da elite carioca, a Osklen. Eles resolveram vender um kit com duas máscaras de proteção, em plena pandemia, pelo valor de R$ 147,00, em uma campanha chamada "Respect & Breathe" (Respeitar e respirar). Em troca, para cada kit vendido até o fim de maio, doariam uma cesta básica para a comunidade do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, no valor de R$70,00.

Pra quem não sabe, a Osklen, fundada por Oskar Metsavaht, representa bem a elite carioca. É uma loja de moda praia, de chinelinhos e camisetas regatas, só que com preços exorbitantes.

Veja bem, no comércio da vida real, uma máscara é vendida na mãos de costureiras, pelo valor de R$5 a R$10,00, no máximo. Já uma cesta básica custa em média R$60,00. A cesta mais cara, com itens considerados de luxo como azeite e azeitonas, chega em média a R$100,00.

Como é que uma empresa lança uma campanha - a chama de solidária - e quer vender máscaras de proteção, em plena pandemia, pelo valor de R$ 147,00?

É claro que a ação recebeu uma enxurrada de críticas e a Osklen tirou a campanha de seu site menos de 24 horas depois do lançamento.

As críticas dobraram quando a marca, ao ver seu nome circulando negativamente, tentou justificar o valor das máscaras, que, segundo eles, foi feita por "brava costureiras" durante o período de isolamento.

"Não abrimos nossos números, mas dada a curiosidade gerada pela nossa iniciativa, resolvemos compartilhar com vocês o fato de que com o pack vendido a R$ 147, a empresa terá menos de 7% de lucro, exatamente R$ 11", explicou a empresa, nas redes sociais ao divulgar uma imagem, dando a entender que quem pagaria pela cesta básica era o consumidor e não se tratava, na verdade, de nenhuma ação solidária por parte da empresa.

Campanha e justificativa foram retiradas do site da Osklen. Além disso, os comentários foram bloqueados no Instagram da marca. Procurada pela Coluna do Leo Dias, a assessoria de imprensa da marca não retornou nosso contato até a publicação desta nota. O espaço segue aberto na coluna.

A Osklen se pronunciou sobre o assunto para a Coluna e defendeu que a ideia da comercialização das máscaras aconteceu após a marca doar EPIs hospitalares e consumidores pedirem o item através das redes sociais. Porém, após as críticas públicas nas redes sociais na última terça-feira (05), desistiram da campanha e comercialização das máscaras por R$ 147.

Leia a nota da marca Osklen na íntegra:

"A Osklen entende que máscara é um produto para a defesa da saúde das pessoas. Por isso, no mês passado, a fábrica da marca foi remodelada para produzir 50 mil máscaras hospitalares que estão sendo doadas para profissionais de saúde. Ao saberem dessa ação, consumidores nos procuraram pedindo para que produzíssemos máscaras de tecido, produto que não faz parte do portfólio da marca. Criamos então o projeto máscaras, pensado com uma margem de retorno que apenas viabilizaria a operação, além de proporcionar a realização de mais uma ação social de doação de cestas básicas. No lançamento, realizado ontem (5 de maio), ouvimos a opinião pública. Decidimos então suspender a venda do pack e entendemos que é um momento de repensar o projeto. Independente disso, continuaremos com nossa ação social iniciada em abril de produzir e doar 50 mil máscaras hospitalares para profissionais de saúde".

*Com colaboração de Lucas Pasin

Blog do Leo Dias