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Estudo mostra que consumidor de música muda radicalmente com a quarentena

Live de César Menotti e Fabiano - Reprodução/Youtube
Live de César Menotti e Fabiano Imagem: Reprodução/Youtube

Colunista do UOL

11/05/2020 19h46

Os empresários da música estão em polvorosa. A audiência das lives está trazendo uma leitura completamente diferente da que eles tinham sobre o público consumidor de música no Brasil. Essa quarentena mudou completamente o cenário musical brasileiro. Foram muitas as conclusões de um estudo recente feito pelas maiores gravadoras do Brasil. E a Coluna do Leo Dias vai tentar trazer aqui as principais análises. Vamos lá:

O streaming desabou. O consumo de música através do Spotify caiu absurdamente. As lives transformaram de forma significativa a maneira de se consumir música. O consumidor se mostrou mais saudosista durante a pandemia. Ele não está muito interessado em saber qual é a o hit do momento, mas sim a música que marcou a sua vida.

Matheus e Kauan, por exemplo, são uma potência no streaming, mas as lives da dupla não tiveram a mesma força. Mas, por exemplo, César Menotti e Fabiano, uma dupla mais "tradicional", tiveram números surpreendentes. No Spotify, eles não passam de 1 milhão por mês, mas a live chegou a incríveis 700 mil simultâneos e 4 milhões ao todo. A explicação é o saudosismo que a dupla representa: eles cantaram seus grandes sucessos e modas sertanejas de muitos anos atrás.

Nas lives de samba e pagode o movimento saudosista é mais gritante ainda. Dilsinho e Ferrugem dominam hoje em dia as plataformas de streaming. No entanto, nas lives os números de ambos foram bem abaixo do esperado. Eles chegaram a 400 / 500 mil simultâneos, enquanto Thiaguinho chegou a 1 milhão, Sorriso Maroto bateu 1,5 milhão, Raça Negra 1,6 milhão. A live de Belo chegou a quase 10 milhões de visualizações e seu canal, no Youtube, ganhou mais de 200 mil inscritos. Estar bombando no Spotify não significa o mesmo no Youtube.

Além desse movimento saudosista há uma outra conclusão. Têm certos tipos de música que o consumidor gosta de ouvir na rua, não dentro de casa. Neste caso, o funk foi drasticamente atingido. O segundo ritmo mais popular no Spotify decepcionou nas lives. Foi uma tragédia. Hoje, com a pandemia, o rap já ultrapassou o funk em relevância. O funk 150 bpm, então, nem se fala. As lives de funk mais "retrô", com músicas mais clássicas do ritmo, têm sido mais bem sucedidas que as "modernas".

Apesar da queda do Spotify, o faturamento dos cantores com a plataforma não caiu, isso por que o número de assinantes continua o mesmo e a renda dali vem dos consumidores chamados "premium". E nesta faixa, não houve grande alteração.

O que se percebeu também é que não basta ter uma boa música para a audiência de uma live bombar. Tem algo meio que inexplicável chamado carisma.

Os cantores que sabem se comunicar melhor com seu público, sempre tem melhores resultados que os demais. Não basta cantar, tem que interagir. Jorge, da dupla com Mateus, é sempre citado como exemplo de grande comunicador. Ele fala a língua do povo como poucos e sua simplicidade é absolutamente cativante.

Ao longo da semana, a Coluna do Leo Dias vai publicar mais reportagens sobre este longo estudo feito pelas gravadoras, que mostra ainda uma ascensão meteórica do Tik Tok, crescimento da audiência da TV, graças ao jornalismo e ao hábito da população, crescimento do Youtube e uma mudança significativa na maneira de consumir do brasileiro.

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