Globo diz que ministro Mandetta critica a imprensa para agradar Bolsonaro
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No segundo editorial lido esta semana no "Jornal Nacional", a Globo comentou neste sábado (28) o ataque à imprensa feito pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante entrevista esta tarde.
O ministro disse que, "às vezes, os meios de comunicação são sórdidos, porque eles só vendem se a matéria for ruim." Mandetta recomendou, ainda: "Desliguem um pouco a televisão. Às vezes ela é tóxica demais".
E acrescentou: "Nunca vai ter que as pessoas estão sorrindo na rua. Senão, ninguém compra o jornal. Todo mundo tem que se preparar, inclusive a imprensa. Se não for assim, vai trazer mais estresse à população".
Na bancada do JN, Ana Paula Araújo disse: "O ministro da Saúde encontrou uma outra maneira de agradar o presidente: criticou o trabalho da imprensa, afirmando que os meios de comunicação são sórdidos porque, na visão dele, só vendem se a matéria for ruim".
E acrescentou: "Na pandemia de um vírus letal, contra o qual não há medicamento ou vacina, é estarrecedor que ele não reconheça o nosso trabalho, o trabalho de todos os colegas jornalistas daqui da Globo, mas também de todos os veículos. É um remédio poderoso, dar informação para que o povo possa se proteger."
E concluiu: "Há muitos trabalhos essenciais: o dos médicos e enfermeiros em primeiro lugar. Mas nós jornalistas estamos nas redações e nas ruas arriscando a nossa saúde para cumprir a nossa missão. E fazemos isso com orgulho."
Na segunda-feira (23), William Bonner e Renata Vasconcellos leram um editorial no qual falaram da gravidade da epidemia de coronavírus, mas pediram calma aos espectadores. "Claro que a gente também tem medo de adoecer. Aqui não tem super-herói. Nem entre nós, jornalistas, nem entre os colegas das outras categorias que trabalham com a gente. Não têm", disse o apresentador.
A Associação Nacional de Jornais também lamentou o comentário do ministro da Saúde. Segundo a nota da ANJ, divulgada neste sábado, Mandetta "desconsiderou a dedicação de toda a imprensa em levar orientações e informações corretas, combatendo as desinformações, muitas vezes em cooperação estreita com o Ministério da Saúde".
Veja abaixo o texto lido por Ana Paula Araújo:
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