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'Rodrigos' inspirados em 'capitão' de Tarcísio Meira lamentam morte

Tarcísio Meira interpreta o capitão Rodrigo em "O Tempo e o Vento" - TV GLOBO/Jorge Baumann
Tarcísio Meira interpreta o capitão Rodrigo em "O Tempo e o Vento" Imagem: TV GLOBO/Jorge Baumann

12/08/2021 18h54

No tempo em que a televisão era a grande protagonista nos lares brasileiros, atores e personagens marcantes inspiravam o público muito além da telinha. E Tarcísio Meira, que morreu hoje aos 85 anos em decorrência da covid-19, definitivamente foi um deles.

A também atriz Glória Menezes, mulher do artista, segue se recuperando da doença. Na comoção que tomou conta das redes sociais, pessoas que foram batizadas em homenagem ao trabalho do ator lembraram a conexão que terão para sempre com o artista.

"Hoje uma parte da minha história se vai", disse um dos vários "Rodrigos" que relataram o tributo que carregam no nome.

O Rodrigo a que todos se referem é o Capitão Rodrigo, personagem vivido por Meira na minissérie "O Tempo e o Vento", de 1985, na TV Globo.

A exibição coincide com o período de maior popularização deste nome para os meninos brasileiros, segundo dados do IBGE.

Na década de 1960, apenas 5,4 mil brasileiros foram registrados como "Rodrigo". O número pula para 78 mil na década de 1970 e explode para 250 mil "Rodrigos" nascidos nos anos 1980. Nos anos 1990 e 2000, o número começa a cair, mostra o IBGE.

Segundo o censo de 2010, o Brasil tinha 601.650 "Rodrigos". Ou seja, cerca de 41% dos homens com esse nome nasceram na década de 1980.

Um desses "Rodrigos" nascidos nos anos 1980 é o advogado catarinense Rodrigo Sartoti, de 32 anos. O nome foi escolhido pelo avô, inspirado na minissérie global.

"Assim que soube da morte, lembrei na hora da história que minha família sempre contou sobre a origem do meu nome. Fiquei emocionado e fico muito feliz em saber que meu nome é uma referência a um personagem tão importante, que o Brasil inteiro conheceu mais a partir do Tarcísio Meira", contou Sartoti à BBC News Brasil.

'Um Certo Capitão Rodrigo'

A minissérie da Globo foi baseada em "O Continente", primeira parte da trilogia "O Tempo e o Vento", publicada em 1949 pelo escritor gaúcho Érico Veríssimo.

Um dos capítulos da obra se chama "Um Certo Capitão Rodrigo" e conta a história da formação do gaúcho no século XIX. O personagem vive um amor proibido com Bibiana (Louise Cardoso), da família Cambará, e se engaja na Guerra dos Farrapos (1835 - 45), a revolução republicana contra o governo imperial do Brasil na então província do Rio Grande do Sul.

O personagem de Meira fez tanto sucesso que a própria Editora Globo publicou separado um livro com a parte de "Um Certo Capitão Rodrigo".

Hoje fã da obra de Veríssimo, Rodrigo Sartoti conta que foi justamente a homenagem ao personagem vivido por Tarcísio Meira que o fez se aproximar da literatura.

"Quando conheci a história da origem do meu nome, fui ler 'O Tempo e o Vento' para tentar compreender quem era o Capitão Rodrigo e me encantei com a obra", diz.

Outro Rodrigo, com sobrenome Nascentes, usou as redes sociais para dizer que o ator influenciou uma geração inteira: "No colégio, nunca foi (sic) o único Rodrigo da turma. Na firma, só no meu atual time tem três. Descanse em paz, Tarcísio Meira, o eterno Capitão Rodrigo", homenageou.

A minissérie da Globo também contava com a presença de Paulo José, ator que morreu na quarta-feira, vítima de uma pneumonia.

Outras homenagens

Além do popular Rodrigo, nomes como o próprio Tarcísio e Renato também aparecem como homenagem ao ator.

O Renato marcante da teledramaturgia foi o Villar, da novela "Roda de Fogo" (1986), também da TV Globo.

A gerente de marketing Cristina Holanda, de São Paulo, contou que o nome de seu irmão, já falecido, foi uma escolha do pai, inspirado no personagem.

"Meu pai pegou toda a fase das novelas do Tarcísio, dava uma imitada no visual. Lembro do personagem forte que era, passava poder", relata. A preferência da mãe era pelo nome Josemar, mas o nome do personagem de Meira falou mais alto. Renato Holanda, nascido em 1986, faleceu em 2019.

A exibição da novela coincide também com o período de maior popularização do nome Renato no Brasil. Foram cerca de 104 mil registros na década de 1980, contra 66 mil dos anos 1970 e 61 mil dos anos 1990.

O mesmo acontece com "Tarcísio". O nome foi mais popular nos anos 1980 (com 6,6 mil registros) e anos 1990 (com 6,5 mil).

Hoje, famosos também usaram as redes sociais para lamentar a morte de um dos principais atores do país.