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Ricardo Feltrin

Plano de demissões da TV Brasil acaba hoje com baixa adesão

O (ótimo) desenho "O Show da Luna" faz parte da programação da TV Brasil  - Arte/UOL
O (ótimo) desenho "O Show da Luna" faz parte da programação da TV Brasil Imagem: Arte/UOL

Colunista do UOL

07/12/2018 07h20Atualizada em 10/12/2018 16h58

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Pouco mais de 100 funcionários da TV Brasil aderiram ao plano de demissão voluntária (PDV) que termina hoje (07).

Isso não representa nem 5% do quadro de funcionários da emissora pública no total --dos quais boa quantidade é de concursados.

Aliás, por mais incrível que pareça em se tratando de uma empresa pública, não há dados públicos sobre o número de funcionários só da TV Brasil (leia mais abaixo).

De qualquer forma o índice de adesão ao PDV é bem inferior às expectativas do próximo governo (Jair Bolsonaro), que ameaça extinguir --ou no mínimo reduzir em muito-- a TV Brasil. O presidente eleito a considera inútil e perdulária. Com certa razão.

A TV Brasil foi criada no final de 2007 pelo governo Lula, sob as mãos do então ministro das Comunicações, Franklin Martins. Por quase oito anos a emissora funcionou mais como um cabide de empregos e de militância política do que em produção de conteúdo.

Toda a EBC (Empresa Brasil de Comunicação), que inclui a TV Brasil, um site de notícias e produção para rádios tem cerca de 2.103 funcionários, segundo últimos dados. Há estimativas que só na TV Brasil trabalhem de 1700 a quase 2.000 pessoas.

Para efeitos de comparação, isso é perto dos quadros totais do SBT no país, uma emissora comercial que produz uma quantidade infinitamente maior de conteúdo próprio do que a TV Brasil.

Os funcionários da TV pública que não aderirem ao PDV podem ser transferidos a outros setores públicos federais; ou até demitidos posteriormente, dependendo das mudanças que o governo Bolsonaro possa vir a propor na legislação.

O Sindicato dos Jornalistas tem orientado que todos rejeitem o PDV.  Sindicalistas não acreditam que o governo vá fechar a emissora.

Quem aderir ao PDV recebe dois anos de salários, entre outros benefícios trabalhistas,

UM TRAÇO NA HISTÓRIA

Desde o dia de sua fundação, em 2007, e por oito anos seguintes, a TV Brasil apenas inchou em número de funcionários e não produziu basicamente nada de relevante para a TV brasileira. Foram caros anos de traço de audiência.

Nos últimos dois anos, porém, sob novo comando, a TV Brasil mudou sua programação bastante: extinguiu programas, enxugou custos, montou uma nova grade, ampliou parcerias e, como resultado, chegou a reagir no ibope.

Sua audiência ainda é pequena, mas tem crescido de forma consistente. Hoje registra cerca de 0,4 ponto no ibope nacional. É pouco, claro, mas está aos poucos deixando de ser a "TV Traço" --seu apelido jocoso.

Mas, a reação talvez tenha chegado tarde demais.

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Errata: este conteúdo foi atualizado
Uma versão anterior deste texto identificava erroneamente a EBC como Empresa Brasileira de Comunicação, em vez de Empresa Brasil de Comunicação. A informação foi corrigida.