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"Miele marcou época", diz Carlos Alberto de Nóbrega

Giselle de Almeida

Do UOL, no Rio

14/10/2015 15h33

O humorista Carlos Alberto de Nóbrega guarda na lembrança um momento especial da amizade de mais de 60 anos que mantinha com Miele, encontrado morto pela mulher, Anita, na manhã desta quarta-feira (14), no Rio. O ano era 1976, quando o showman apresentou o "Praça da Alegria", na Globo.

"No ano da morte do meu pai (o humorista Manuel de Nóbrega), pedi pro Boni fazer uma homenagem a ele, que sugeriu um bloco do 'Chico City' fazendo a 'Praça'. O Chico disse: 'Não, vamos fazer um programa inteiro'. Foi ao ar, o Roberto Marinho gostou e queria que continuasse. Pensei que eu fosse ficar no lugar, porque quando meu pai estava doente ou viajava eu já sentava no banco. Mas o Boni não queria nem eu nem ninguém que lembrasse fisicamente meu pai, pra mudar totalmente. Para meu susto, foi o Miele. Foi um gesto de carinho, ele fez com muita dedicação. Não era a história dele, não era o jeito dele de fazer humor, mas eu não esperava outra atitude dele", conta o apresentador do "A Praça é Nossa", no SBT.

Luis Carlos Miele na "Praça da Alegria", em 1977 - Reprodução/Globo - Reprodução/Globo
Miele na "Praça da Alegria", em 1977
Imagem: Reprodução/Globo

Além da trajetória profissional, Carlos Alberto lembra com saudade da personalidade do amigo, um amante de cachorros, que lhe deu uma vez um doberman - prontamente batizado como Bozó, personagem de Chico Anysio. 

"Miele marcou época, fez tudo que ele quis na vida, bebeu tudo que podia beber. Gozado é que ele me dizia que não gostava de beber, gostava mesmo era de ficar bêbado", recorda. 

Em entrevista recente ao UOL, Miele havia declarado que sentia saudade de estar diante das câmeras, fato lamentado por Carlos Alberto. 

"Fiquei muito triste, é mais um da minha faixa etária que vai. Estava comentando com minha mulher, dá um medo na gente, a gente fica com a ficha de espera na mão. É horrível. É mais um que a gente fica sabendo que queria trabalhar e não era procurado. Li uma entrevista em que ele falava que toda vez que tocava o telefone, ele já perguntava: 'A que horas e com que roupa tenho que ir?'. A televisão é cruel, te suga como se você fosse uma laranja até virar bagaço e depois te joga fora. É a vida. Mas ele deixou uma história de vida maravilhosa", afirma.