A atriz Yoná Magalhães morreu às 10h05 da manhã desta terça-feira (20) na Casa de Saúde São José, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Segundo a instituição, Yoná deu entrada no pronto-atendimento de cardiologia no dia 18 de setembro e foi submetida a uma cirurgia para corrigir uma insuficiência cardíaca. Após o procedimento, ela foi internada na UTI, mas apresentou complicações pós-operatórias que resultaram na morte.
Ela deixa o filho Marcos Mendes, de seu casamento com o produtor Luis Augusto Mendes. O velório da atriz está marcado para a manhã desta quarta-feira, no Memorial do Carmo. A cerimônia de cremação será às 13h30, no mesmo local.
Yoná foi a mocinha pioneira na teledramaturgia da TV Globo. Participou de dezenas de novelas, na Globo, na Bandeirantes e na Tupi, além de filmes como "Deus e o Diabo na Terra do Sol" (1964), de Glauber Rocha.
Em depoimento ao UOL em 2014, 50 anos depois do lançamento de "Deus e o Diabo", Yoná Magalhães contou que o então marido, Luiz Augusto, foi quem convenceu Glauber a chamá-la para o papel de Rosa, uma personagem sofrida que lhe proporcionou umas das atuações mais importantes de sua carreira.
"Creio que Glauber teria outra atriz em mente, porém se viu levado a me aceitar, cofiando mais em sua habilidade como diretor do que em meu talento. E ele estava certo: criou a Rosa e conseguiu fazer com que uma atriz iniciante, apesar de já ser profissional, realizasse uma grande performance", disse a atriz.
Yoná fez parte do elenco das novelas "Paraíso Tropical", "Senhora do Destino", "As Filhas da Mãe", "A Próxima Vítima", "Meu Bem, Meu Mal", "Tieta" e "Roque Santeiro" e das séries "Tapas & Beijos", "Carga Pesada", "Engraçadinha" e "Grande Sertão: Veredas". Seu último trabalho na TV foi em "Sangue Bom", em 2013.
Artistas que conviveram e atuaram com Yoná lamentaram a sua morte. "Eu estou muito emocionado, acho que é uma perda tremenda, porque além de ser uma excepcional atriz, ela foi uma pioneira. Lamentavelmente, agora, nós perdemos a grandiosa Yoná Magalhães. Tudo que Yoná tocou, tudo foi excepcional, é terrível, uma pessoa excepcional, uma amiga leal, generosa, muito dedicada, sempre presente, sempre disposta a ajudar", disse Juca de Oliveira à GloboNews.
Novelas e "Playboy"
Nascida em Lins de Vasconcelos, no subúrbio do Rio de Janeiro, em 7 de agosto de 1935, Yoná Magalhães Gonçalves contava que entrou para a vida artística por acaso, para ajudar a família quando o pai ficou desempregado.
Depois de pequenos papéis na década de 1950, conseguiu um contrato com a Rádio Tupi. Em seguida, participou de novelas e do Grande Teatro da TV Tupi, além de excursionar pelo país com as peças "O Amor é Rosa Bombom" e "Society em Baby-Doll", em 1962.
Contratada em 1965 pela TV Globo, Yoná fez parte do primeiro elenco da emissora, protagonizando a novela "Eu Compro Esta Mulher" (1966), de Glória Magadan, como par romântico Carlos Alberto. “Trabalhou ainda em outras novelas da mesma autora, como "O Sheik de Agadir", "A Sombra de Rebecca", "O Homem Proibido", "A Gata de Vison", e "A Ponte dos Suspiros".
Em 1971, Yoná e Carlos Alberto se transferiram para Tupi, onde atuaram em "Simplesmente Maria", de Walter Avancini. De volta à Globo no ano seguinte, fez "Uma Rosa com Amor", "O Semideus", "Espelho Mágico" e "Sinal de Alerta". Em São Paulo, nos anos 80, fez "Cavalo Amarelo", "Os Imigrantes", "Maçã do Amor" na Bandeirantes e retornou à Globo para viver a americanófila Maria das Graças em "Amor com Amor se Paga", em 1984.
Em entrevista ao Canal Viva em 2013 (veja o vídeo abaixo), Yoná lembrou momentos da carreira e uma curiosidade sobre "Uma Rosa com Amor", em que disputava com Marília Pêra as atenções de Paulo Goulart: "O Daniel Filho era implicante comigo. Na época de 'Uma Rosa com Amor', ele disse que me queria loira, pedi para continuar morena, mas ele quis, dizia: a Naira é loira, loira. Eu tive que fazer. E vendo as fotos hoje acho bonita. O Daniel tinha um décimo de razão, tinha que pintar para ficar mais bonita", contou Yoná.
Em 1985, fez parte do elenco de uma das novelas de maior sucesso da história da TV Globo, "Roque Santeiro", de Dias Gomes e Aguinaldo Silva, como Matiles, a dona da boate onde trabalhavam as dançarinas Ninon (Cláudia Raia) e Rosaly (Isis de Oliveira). O sucesso da personagem rendeu um convite para estampar a capa da "Playboy", aos 50 anos.
Na década de 1990, fez quatro novelas de Walther Negrão: "Despedida de Solteiro", "Anjo de Mim", "Era uma Vez..." e "Vila Madalena". Em "Senhora do Destino", de 2004, interpretou Flaviana, sogra do inesquecível Giovanni Improtta, vivido por José Wilker. Depois vieram ainda "Paraíso Tropical", "Negócio da China", "Cama de Gato" e "Sangue Bom".
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