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Nunca fiz personagem tão complexa, diz Deborah Evelyn sobre "Regra do Jogo"

Kiki (Deborah Evelyn) em estado psicológico de "pura tensão", segundo a atriz: intérprete gosta de cenas fortes - Reprodução/"A Regra do Jogo"/GShow
Kiki (Deborah Evelyn) em estado psicológico de "pura tensão", segundo a atriz: intérprete gosta de cenas fortes Imagem: Reprodução/"A Regra do Jogo"/GShow

Giselle de Almeida

Do UOL, no Rio

18/12/2015 18h43

Estado psicológico de pura tensão. É assim que Deborah Evelyn define a cena em que Kiki encara Romero (Alexandre Nero) e desabafa sobre os anos que passou em cativeiro a mando do próprio pai, Gibson (José de Abreu), em "A Regra do Jogo". Exibida na última quinta-feira (17), a sequência mostra bem o desafio que o papel representa para a intérprete, que entra na novela de João Emanuel Carneiro com a trama em plena ebulição.

"Foi bem forte mesmo e muito bem escrita. Como a gente estava num dia de muitas cenas seguidas, a vantagem é que a gente vai aquecendo. Tem dias que a gente grava 20, 30 cenas. Foi pesado, saí de lá bem cansada, é um desgaste emocional. Mas adoro isso", comemora a atriz, em entrevista ao UOL. "Quando João me apresentou a Kiki, fiquei encantada. Nunca fiz uma personagem tão complexa", diz.

O fato de ser familiarizada com o elenco do seu núcleo - José de Abreu, Renata Sorrah, Tony Ramos - e com a diretora Amora Mautner facilitou o processo. Antes mesmo de entrar em cena pela primeira vez, Deborah também estava inteirada da história porque lia todos os capítulos. No entanto, como todos os colegas, faz mistério sobre os próximos passos da personagem, de quem diz saber "algumas coisas". Mas que o espectador não estranhe se a personagem tomar certas atitudes aparentemente contraditórias.

"Acho que Kiki vai surpreender. Ela é muito complexa. Ela pode parecer frágil psicologicamente, mas ao mesmo tempo sobreviveu. Se eu contar qualquer coisa perde a graça, porque ela não é uma personagem previsível, não está no rol das mocinhas mas também não é uma vilã", analisa.

Durante a preparação para o trabalho, ela leu livros escritos por pessoas que ficaram sequestradas durante anos. "O que ela passou na vida, ficar dez anos num quartinho sem nem uma janela para entrar, sem ver a luz do sol, sem ter noção do tempo. Não dá pra imaginar! Uma das formas de tortura durante a ditadura era deixar os presos durante uma semana numa solitária. Isso praticamente já fazia a pessoa enlouquecer", conta.

Segundo a atriz, o público já se envolveu com a história da personagem e mostra compaixão por Kiki. "As pessoas ficam com pena, mandam fugir. É muito forte essa história, a Síndrome de Estocolmo nunca foi falada numa novela. O fato de o pai dela ser o sequestrador e de ela ter se apaixonado pelo carcereiro são muito contundentes", afirma.

A torcida da intérprete é para que a filha de Gibson consiga retomar a própria vida. "É muito difícil, não tem como passar por isso e sair igual à pessoa que entrou. Ela continua prisioneira, não consegue sair. O fato de ela dizer que é livre não quer dizer que ela acredita 100% nisso. Ela queria convencer o Romero, queria se convencer. Por isso ela é tão interessante. Sei lá se ela vai querer se vingar depois. Ela é uma vítima da situação e está lidando com isso da maneira que pode, tenta se proteger daquela situação de terror", afirma.