Polícia prende suspeitos de ataques racistas a Taís Araújo e Maju
A Polícia Civil prendeu nesta quarta-feira (16) quatro administradores de um grupo que praticava crimes de racismo e ódio na Internet e foram responsáveis pelos ataques a atriz Tais Araújo. O grupo também participou dos ataques a jornalista Maria Júlia Coutinho e as atrizes Cris Vianna e Sheron Menezzes. O delegado Alessandro Thiers, da Delegacia de Repressão a Crimes de Internet (DRCI) destacou que a investigação da Polícia é referente ao caso da Tais Araújo e outras pessoas também podem ter feito ataques a esses outros casos.
William dos Santos foi preso em flagrante em Porto Alegre (RS). Com ele, a polícia encontrou material de pedofilia com imagens de crianças com idades que variam de 1 a 5 anos.
Com mandado de prisão, foram detidos Pedro Vitor Siqueira da Silva, de Sertãozinho (interior de São Paulo), Tiago Zanfolin Santos Silva, preso em Brumado (BA) e Francisco Pereira da Silva Junior, de Navegantes (SC). Além deles, Gabriel San Pietri já estava preso por pedofilia no Paraná.
"Existe essa rede de disseminação de preconceito. Identificamos os criminosos em seis estados. Essas pessoas receberam mandado de busca e apreensão. No primeiro momento, prendemos os cabeças do grupo. Eles tinham um código de ética, se a pessoa do grupo não concordasse com o que eles queriam ela sofria uma penalidade. Eles faziam diversos grupos para que, se a polícia descobrisse um, eles migraram para outro. A investigação vai prosseguir. A polícia está trabalhando e estudando as metodologias que são aplicadas. Eles tentavam burlar o trabalho da polícia ", informou o delegado à imprensa.
"Cada conduta vai gerar um tipo de pena. Temos pessoas que vão responder por racismo, pedofilia e organizações criminosas. Esse grupo gosta de atacar pessoas com notoriedade na mídia. Eles querem chamar a atenção, por isso faço questão de não divulgar o nome do grupo", disse o delegado.
Segundo a polícia, o único objetivo do grupo era espalhar preconceito na internet: "Não tem um perfil específico dos criminosos. São pessoas com a finalidade desse pensamento tosco de disseminar o racismo, o preconceito, ódio, a homofobia e intolerância religiosa. O grupo foi desarticulado. Outros membros estão sendo investigados. A maioria dos presos de hoje está se reservando ao direito de falar em juízo".
O delegado ressalta que Taís Araújo agiu corretamente ao denunciar as ofensas raciais e pede para outras pessoas vítimas agirem da mesma forma: "A Taís Araújo fez o certo ao procurar imediatamente uma delegacia assim que sofreu os ataques. É importante que qualquer pessoa que seja vítima desses criminosos procurem a polícia, que dará andamento as investigações. A internet fica como uma zona livre, mas tudo o que acontece lá deixa rastros".
Tiago Zanfolin Santos da Silva, de 26 anos, seria integrante de uma organização criminosa que age na internet e promove ataques contra artistas. Com ele, foi apreendido um notebook, uma CPU e um celular. Segundo a polícia, Tiago trabalha em uma empresa de informática e foi detido em casa sem resistir à prisão, que faz parte da Operação Cyberstalking organizada pela Delegacia de Polícia Civil de Repressão a Crimes de Internet [DRCI] do Rio de Janeiro.
Mais dois suspeitos que pertenceriam a organização foram presos em Itajaí [SC] e em Porto Alegre [RS], respectivamente. Com um deles, a polícia encontrou material pornográfico como várias fotos e vídeos de crianças.
Em nota, divulgada pela TV Globo a atriz se manifestou sobre as detenções: "A atriz disse que ficou feliz que a justiça tenha sido feita e espera que crimes desse tipo com qualquer mulher negra não fiquem impunes".
Procurada pela reportagem, a assessoria de Sheron Menezzes informou que a atriz não vai mais se pronunciar sobre o assunto: “Ela encerrou esse episódio”. Na época, ela deu entrevistas, desabafou nas redes sociais e fez a denúncia sobre os ataques racistas na web.
A polícia cumpre quatro mandados de prisão e onze de busca e apreensão nos estados da Bahia, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.
Ataques
Em julho de 2015, a jornalista Maria Julia Coutinho sofreu diversos ataques racistas após a página oficial do Jornal Nacional no Facebook ter publicado uma foto da jornalista falando sobre a previsão do tempo. "Só conseguiu emprego no 'Jornal Nacional' por causa das cotas. Preta imunda", dizia um dos comentários. "Não tenho TV colorida para ficar olhando essa preta não", escreveu outro internauta.
Em novembro, a atriz Taís Araújo fez um desabafo em suas redes sociais contando que também foi vítima de comentários racistas. "É muito chato, em 2015, ainda ter que falar sobre isso, mas não podemos nos calar: na última noite, recebi uma série de ataques racistas na minha página", escreveu ela.
Taís enviou os comentários para a Polícia Federal. Segundo a atriz, o ataque ocorreu no momento em que ela estava no palco do Teatro Faap, em São Paulo, encenando "O Topo da Montanha", texto em que Martin Luther King fala sobre afeto, tolerância e igualdade.
Pouco tempo depois, Cris Vianna e Sheron Menezes foram mais duas vítimas dos ataques racistas em suas redes sociais. Todas denunciaram os crimes à polícia.
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