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Programa do SBT com famílias terá casal de mulheres, mas só uma será "mãe"

Simone Santos e Carol Campos com o menino Pedro em foto divulgada pelo programa "Acontece Lá em Casa" - Reprodução/Facebook/Acontece Lá em Casa
Simone Santos e Carol Campos com o menino Pedro em foto divulgada pelo programa "Acontece Lá em Casa" Imagem: Reprodução/Facebook/Acontece Lá em Casa

Paulo Pacheco

Do UOL, em São Paulo

22/07/2016 07h00

Nova aposta do SBT, "Acontece Lá em Casa" reunirá 13 famílias para uma espécie de "terapia de grupo". A atração, que começa em setembro, gerou polêmica antes mesmo da estreia. Uma das famílias é formada por um casal lésbico, porém apenas uma será a "mãe" no programa comandado pela psicóloga Elizabeth Monteiro e sua filha, a atriz e apresentadora Gabi Monteiro.

Carol Campos e Simone Santos moram juntas há dez anos. As duas são mães de Pedro, de 1 ano e 2 meses, gerado por meio de inseminação artificial. Carol decidiu se inscrever para "Acontece Lá em Casa" e foi selecionada para ser uma das 13 mães do programa. Já sua parceira aparecerá somente em fotos.

Para as apresentadoras do programa, a explicação para a ausência de Simone é simples. "Só ela [Carol] se inscreveu. Soubemos que era um casal homoafetivo depois que lemos a inscrição", justifica Gabi Monteiro. "Chegamos a pensar, mas a ideia não era trazer casais, e elas são um casal. Se eu abrisse [exceção], teria que abrir espaço para os maridos das outras participarem", complementa.

"Não estamos trazendo o casal, então trazemos a mãe biológica. Nem passou pela nossa cabeça colocar as duas porque seria outro formato, teria que incluir o casal. Penso que sairia um pouco do contexto", afirma Elizabeth Monteiro.

Carol Campos concorda com a decisão do programa de apresentar somente ela como mãe e diz que já sabia da restrição: "Ela [Simone] é menos faladora do que eu, não falaria em um programa, é mais tímida. Acho que nesse caso não fariam com duas da mesma família, a ideia não é essa. Quis me inscrever para pedir ajuda para uma questão mais minha, não da família".

Bastidor de gravação do programa "Acontece Lá em Casa", do SBT - Reprodução/Facebook/Acontece Lá em Casa - Reprodução/Facebook/Acontece Lá em Casa
Bastidor de gravação do programa "Acontece Lá em Casa", do SBT
Imagem: Reprodução/Facebook/Acontece Lá em Casa

Programa não é "Supernanny"

Em "Acontece Lá em Casa", mães com filhos de até oito anos se reúnem na casa de Gabi Monteiro e falam sobre seus problemas familiares em uma espécie de terapia de grupo. Das 13 edições, seis já estão prontas. O programa com a história do casal homoafetivo ainda será gravado.

"É uma sessão de psicodrama pedagógico. Como é na TV e não há tempo, não temos a proposta de uma terapia, mas uma proposta pedagógica de levar as mães olharem para dentro de si, sentirem o que elas estão sentindo e se colocarem no lugar das outras", explica Elizabeth Monteiro.

O formato foi criado por Gabi Monteiro e sua mãe baseado nos livros da psicóloga, especialista em conflitos familiares. O programa é visto como uma nova versão de "Supernanny", reality com famílias exibido entre 2006 e 2014 pelo SBT. As apresentadoras, no entanto, rejeitam a comparação.

"A ideia é trazer as outras pessoas através de cenas, e não de histórias reais como a Supernanny, que entra na casa e conhece pai e mãe", afirma Gabi Monteiro. "Não tem nada a ver com 'Supernanny'. É um formato totalmente diferente. Não tem receita. Não é dizer 'Faça isso, faça aquilo'. É dizer 'Pense', 'O que acha que deve fazer?', Por que seu filho está fazendo isso?' É muito mais profundo", completa Elizabeth.

A psicóloga Elizabeth Monteiro na Globo - Reprodução - Reprodução
A psicóloga Elizabeth Monteiro na Globo
Imagem: Reprodução
Diversidade

Mais de 1.000 mães se inscreveram pelo site do SBT. Gabi e Elizabeth se preocuparam em diversificar o perfil das participantes. Há por exemplo, uma mãe adotiva, uma divorciada, uma desempregada e outra que trabalha fora o dia inteiro. O casal homoafetivo foi exigência da psicóloga: "A preocupação delas é como tornar este mundo menos difícil para o filho. Como formar o filho para enfrentar este mundo tão preconceituoso".

O programa, feito em parceria com a produtora Sétima Arte, tem patrocínio do Brasilprev, plano de previdência do Banco do Brasil, e captou R$ 949.950,00 da Ancine (Agência Nacional de Cinema). Ocupará meia hora da programação do SBT nas manhãs de domingo. As apresentadoras também querem produzir temporadas com mães de adolescentes, pais e avós.