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Apresentador que chamou Ludmilla de "macaca" é demitido pela Record

Do UOL, em São Paulo

18/01/2017 15h01

O apresentador Marcão do Povo, que chamou Ludmilla de "macaca", foi demitido pela Record. Em comunicado divulgado nesta quarta-feira (18), a emissora informa que rescindiu o contrato com o comunicador, que apresentava o "Balanço Geral DF" em Brasília, e repudia o comentário ofensivo à cantora.

"A Record TV vem a público lamentar os transtornos causados à cantora Ludmilla, sua família e seus fãs motivados por um comentário feito pelo apresentador Marcão no Balanço Geral DF. A emissora repudia qualquer ato dessa natureza e afirma que este tipo de conduta não está na linha editorial de nosso Jornalismo. Por este motivo, a Record TV Brasília optou por rescindir o contrato do apresentador Marcão", comunicou a emissora.

Dionísio Freitas substitui Marcão no "Balanço Geral DF", da Record Brasília - Reprodução/Record - Reprodução/Record
Dionísio Freitas substitui Marcão no "Balanço Geral DF", da Record Brasília
Imagem: Reprodução/Record
Marcão do Povo (também conhecido como Marcão Chumbo Grosso) não apresentou o "Balanço Geral DF" nesta quarta e foi substituído por Dionísio Freitas. Diante da repercussão negativa do comentário ofensivo, ele também bloqueou seus perfis no Twitter e no Instagram. Ele chamou Ludmilla de "macaca" nos dias 9 e 17 de janeiro, no quadro "Hora da Venenosa", ao comentar uma notícia de que a cantora teria evitado fotos com fãs. "É uma coisa que não dá para entender. Era pobre e macaca, pobre, mas pobre mesmo. Sempre falo, eu era pobre e macaco também", disse, tentando suavizar a ofensa. "Hora da Venenosa", com Sabrinna Albert, não foi exibido no programa desta quarta.

Ludmilla disse no Instagram que a declaração do apresentador foi um "desrespeito absurdo, vergonhoso". Procurada pelo UOL, a assessoria da cantora informou que ela prestará queixa contra Marcão e "tomará todas as medidas legais cabíveis" por meio de seus advogados. A tag #ProcessaLudmilla foi o assunto mais comentado no Twitter nas últimas horas.

"Infelizmente, ainda existem pessoas que não compreendem que a discriminação racial é crime e alguns, ainda usam o espaço na mídia para noticiar mentiras ao meu respeito, ofender, menosprezar e propagar todo o seu ódio. Não deixaremos impune tais atos, trata-se de um desrespeito absurdo, vergonhoso. Fica evidente que esse cidadão Marcão não possui nenhum pudor ou constrangimento em ofender alguém em rede nacional. Como já foi dito por Paulo Autran, 'todo preconceito é feito da ignorância', visto que os racistas não possuem um conhecimento de moralidade, tratando sua própria cor de pele como superior e única. Isso tem que ser combatido e farei a minha parte, quantas vezes for necessário", escreveu Ludmilla.

Em maio, a cantora foi alvo de racismo nas redes sociais e prestou queixa na Delegacia de Repressão aos Crimes de Internet (DRCI). A polícia identificou o autor das ofensas e o indiciou pelo crime de injúria preconceituosa com a causa aumentada, em razão de ter sido cometido na internet.

Em nota, o apresentador negou ter sido racista e afirmou que "macaco" é um termo comum na região onde vive. "O termo 'macaco' é utilizado no Centro-Oeste sem teor pejorativo. Por exemplo: é bastante comum ver pessoas dizendo que 'fulano é macaco velho', pois já tem certa vivência em determinada coisa. É a mesma situação presente no vídeo, com a simples mudança do adjetivo que acompanha o termo. A acusação de racismo não procede".

Apresentador do "Balanço Geral DF" desde setembro de 2016, Marcão tem sido alvo de denúncias e investigações nos últimos anos, segundo o colunista Ricardo Feltrin, do UOL. Ex-deputado estadual por Tocantins ele foi condenado pela Justiça Eleitoral em 2010 e teve os direitos políticos cassados por três anos por abuso de poder econômico (mandou imprimir 55 mil jornais em Gurupi, cidade que até então tinha 52 mil habitantes).

Marcão também já foi investigado pelo Ministério Público Estadual depois de ser citado em uma investigação comandada pela 1ª Delegacia de Gurupi (TO), suspeito de ligações com a máfia dos caça-níqueis na região.