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Marcão pede desculpas a Ludmilla, mas se defende: "Não cometi ato racista"

Do UOL, em São Paulo

19/01/2017 12h34Atualizada em 19/01/2017 20h30

O apresentador Marcão do Povo, que teve seu contrato rescindido com a Record após ter ofendido a cantora Ludmilla, se defendeu da acusação de que foi racista ao chamá-la de "pobre macaca" durante o quadro "Hora da Venenosa" no programa "Balanço Geral DF".

"Eu disse, 'a Ludmilla que já foi pobre macaco, assim como eu, não quer atender os seus fãs'. A expressão 'pobre macaco' quer dizer pessoas que eram pobres e conseguiram subir na vida. Ela era pobre, subiu na vida, e hoje não dá valor para os seus fãs", explicou ele em entrevista para o programa "Timeline", da Rádio Gaúcha, nesta quinta-feira (19).

Marcão disse ter sido vítima de uma distorção de sua fala: "Se eu tivesse citado uma pessoa branca não tinha dado nada disso. O problema é que as pessoas editaram o vídeo para denegrir a minha imagem".

"Em nenhum momento algum cometi um ato racista. Até porque a minha filha é fã da Ludmilla. Eu dancei no aniversário da minha filha a música da Ludmilla. Eu não tenho nada contra a Ludmilla. É uma expressão regional, utilizada no Brasil inteiro", afirmou ele.

O apresentado declarou que vem recebendo apoio nas redes sociais, disse que é uma pessoa íntegra e pediu desculpas à cantora mesmo dizendo que em nenhum momento a ofendeu: "Eu peço perdão para a Ludmilla, eu peço perdão para os seus fãs e pessoas que se sentiram magoadas. Em nenhum momento eu cometi algum ato racista".

Em outro momento, ele disse que o programa já citou a cantora Ludmilla  em várias ocasiões. E aproveitou para criticá-la. "Ela está vivendo hoje de processos, e não de shows. Até porque a cantora está muito em baixa hoje no Brasil", disse ele, citando o episódio em que a funkeira disse que se chamava Kátia para não atender um fã e o suposto episódio que ela teria dito a um garçom que ela estava gripada para não atender seus admiradores.

Marcão ainda afirmou que até o momento não assinou a rescisão de seu contrato. Ele apresenta o programa desde setembro de 2016.

"Eu não assinei a rescisão contratual, até porque não houve um erro. Eu notifiquei a empresa que tenho interesse de continuar. Até porque não cometi nada de errado. Só tenho que agradecer a Record por tudo. É uma empresa maravilhosa", disse.

"Desrespeito absurdo"
 
Ludmilla disse no Instagram que a declaração do apresentador foi um "desrespeito absurdo, vergonhoso". Procurada pelo UOL, a assessoria da cantora informou que o advogado dela prestou queixa contra Marcão. A tag #ProcessaLudmilla foi o assunto mais comentado no Twitter. 
 
"Infelizmente, ainda existem pessoas que não compreendem que a discriminação racial é crime e alguns, ainda usam o espaço na mídia para noticiar mentiras ao meu respeito, ofender, menosprezar e propagar todo o seu ódio. Não deixaremos impune tais atos, trata-se de um desrespeito absurdo, vergonhoso. Fica evidente que esse cidadão Marcão não possui nenhum pudor ou constrangimento em ofender alguém em rede nacional. Como já foi dito por Paulo Autran, 'todo preconceito é feito da ignorância', visto que os racistas não possuem um conhecimento de moralidade, tratando sua própria cor de pele como superior e única. Isso tem que ser combatido e farei a minha parte, quantas vezes for necessário", escreveu Ludmilla. 
 
Em maio, a cantora foi alvo de racismo nas redes sociais e prestou queixa na Delegacia de Repressão aos Crimes de Internet (DRCI). A polícia identificou o autor das ofensas e o indiciou pelo crime de injúria preconceituosa com a causa aumentada, em razão de ter sido cometido na internet.